quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O BOTÃO DO DRAMA




O BOTÃO DO DRAMA
Por Patricia Dias



Elisa sentou-se confortavelmente para assistir a um filme com o esposo e a sogra.

Sabendo que o casal andava tenso e discutindo demais, a sábia senhora decidiu levar um filme evangélico, chamado A Prova de Fogo, para que o filho e a nora pudessem rever suas atitudes e elevar-se seguindo um caminho mais próximo a Deus.

O filme conta a história de um bombeiro que sofre uma crise em seu casamento e aceita o desafio proposto por seu pai, de salvar seu casamento, seguindo o livro-diário chamado O Desafio de Amar.

Durante o filme, Elisa olhava seu cabelo, que estava mais oleoso que de costume. Observava o filme e até compreendia ali uma lição, porém seu pensamento se fixava no shampoo novo, que estava causando toda aquela oleosidade.

Terminado o filme, a sogra pergunta ao casal o que acharam do filme. Debatem os pontos fortes, mas Elisa continua focada na necessidade de comprar um novo shampoo. E propõe a todos que a acompanhem até à loja mais próxima, para tal finalidade.

O marido, sabendo o que lhe reservava aquela saída, em pleno domingo a tarde, para comprar um shampoo, já fica mal humorado. Seguem todos no veículo da família, rumo ao shopping. No caminho, Elisa relata como esse shampoo, tão bem recomendado e caro, fez seu cabelo ficar tão sem vida e oleoso. Cansados do tema, o esposo e a sogra, apenas concordam.

Chegam ao shopping e Elisa entra na loja de cosméticos. Fica por horas lendo as embalagens, em busca do melhor shampoo para seu cabelo. Cansado, o esposo propõe a mãe que tomem um sorvete. Enquanto caminham pelo shopping, sentem-se aliviados da ausência de Elisa, com o tema cansativo do shampoo.

Quando Elisa retorna, com seu shampoo em mãos, retoma o assunto, mencionando alegremente que agora poderá ter seus cabelos novamente bonitos. Insiste que terminem logo o sorvete, para que possa ir para casa e usar seu novo Shampoo.

Estava instaurado o drama do Shampoo.

Juliana recebe o convite para o casamento de uma amiga. Desespera-se, pois não possui nenhum vestido apropriado para o evento. Quando chega em casa, desabafa com seu marido, Fabio, que precisam de roupas novas para o casamento. Fabio, que estava procurando economizar para a revisão do carro, fica contrariado e começa a discussão.

Juliana mostra o convite e Fabio percebe que o casamento é só dali a três meses.

Estava instaurado o drama da roupa de casamento.

Jonas estava noivo e se organizava para a mudança de casa. Em meio a tantas tarefas, esqueceu-se de comprar a mesa para seu computador. Liga para o irmão Danilo e pergunta se está usando a escrivaninha do quarto. O irmão, sem mais delongas, diz que usa de vez em quando, mas que Jonas poderia levar, sem problemas. Desligam o telefone.

Jonas pára, reflete e, com receio de ter sido invasivo, liga novamente para o irmão e desculpa-se, dizendo que considera melhor ir até a loja e comprar uma mesa nova. Danilo afirma que está tudo bem, que usa a mesa eventualmente, que o irmão pode levar. Jonas agradece e desliga o telefone.

A caminho de casa, a noiva lembra que tem uma mesa de computador a mais e que poderiam levar para a casa nova. Jonas liga para o irmão, agradece mais uma vez e diz que não precisará da escrivaninha. Chegam na casa da noiva e percebem que a mesa está com uma perna quebrada. Ligam, então, para Danilo perguntando se ele poderia ceder a escrivaninha.

O irmão de Jonas, aborrecido, responde que peguem a mesa de uma vez por todas e o deixem em paz!

Estava instaurado o drama da escrivaninha.

Raquel trabalhava há cinco anos na mesma empresa. Fazia muitos cursos de especialização e dedicava-se bastante ao trabalho. Gostava de chegar cedo e de sair um pouco depois do horário, para manter todas as atividades em ordem. Sentia prazer em ser organizada. Apesar de gostar desse trabalho, sentia-se triste por seu salário sofrer tão poucos reajustes. Decidida a vencer tal frustração, segue até sala de sua chefe, Denise, e pede para conversarem por um minuto.

Denise, que está com forte dor de cabeça, mantém a expressão séria e uma das mãos apoiando a cabeça. Raquel estremece, acreditando que, com isso, a chefe enviou uma mensagem de que não gosta dela e não aprecia a conversa. Raquel inventa uma desculpa e fala de outro assunto pertinente ao trabalho, saindo rapidamente da sala de Denise, que a observa sair, enquanto pensa como Raquel é boa profissional e como merece uma promoção.

Raquel volta para sua mesa muito chateada e decide, naquele momento, escrever sua carta de demissão, pois está cansada de não ser reconhecida.

Estava instaurado o drama do aumento.

Paulo estava cansado de namoros eventuais. Observa as moças ao redor e pensa como seria bom ter uma namorada sempre ao seu lado, para ter carinho e atenção, sem ter que sair em baladas para encontrar companhia.

Durante o almoço, seu colega de trabalho reencontra uma amiga de faculdade. Apresenta para Paulo e aproveitam para desfrutar da refeição juntos. Paulo a observa interessado e o amigo não se faz de rogado, propondo que façam um passeio no fim-de-semana, juntamente com sua esposa. Todos aceitam prontamente. Passados os dias, se encontram e seguem para seu passeio.

Paulo aproveita todas as oportunidades para paquerar a moça e, no final do passeio, se oferece para levá-la em casa. Trocam beijos e Paulo descobre, a cada momento, como a moça é interessante e apaixonante. Na segunda-feira chega ao escritório e relata para o amigo o quanto a moça é adorável. Questionado se engataria um namoro, Paulo se melindra, sentindo-se pressionado a tomar uma decisão.

Avalia a possibilidade de perder sua liberdade e decide não mais ligar para a moça. Pensando que o rapaz não mais se interessa por ela, a moça decide seguir em frente. Dois meses depois conhece um rapaz e começa a namorar. Paulo a encontra, por um acaso, e observa que está de mãos dadas com outro. Fica muito chateado e pensa que não tem sorte no amor.

Está instaurado o drama do namoro.

Em alguns momentos de nossas vidas, apertamos o botão do drama sem sequer nos dar conta disso, transformando coisas que requerem pequenas atitudes práticas nossas, em verdadeiros eventos massacrantes.

Embora a tendência maior seja massacrar a nós mesmos, não raro incluímos um inocente nesse massacre, muitas vezes prejudicando um relacionamento.

Essas histórias são ficção.
Qualquer semelhança com a vida real, é mera coincidência.

Ou não?

Será que você é uma Elisa? Uma Juliana? Um Jonas? Uma Raquel? Um Paulo?

Será que está, agora mesmo, apertando o botão do drama?





Texto enviado por Patricia Dias
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