ENTRA DEUS E O HOMEM
Normalmente a intermediação entre Deus e o homem é confundida com o sacerdócio. Mas, nem sempre o sacerdócio é necessariamente a intermediação espiritual. Isso acontece porque existem religiões que não aceitam esta intermediação, então o sacerdote é na verdade um propagador da religião em si, um divulgador e orientador, um doutrinador.
Em épocas de escolha de novo Papa (católico) esta questão de um homem supostamente “santo”, representante e intermediário entre o homem e Deus vêm à mente. Nesta rápida introdução já se perceberá que não é todo tipo de religião que tem um “papa” ou senhor supremo e autoridade terrena representante de Deus.
Entre Deus e o homem, historicamente se colocam as religiões e os religiosos. O conceito de “pessoa santa” ou intermediário ungido traz consigo a exigência da experimentação da teofania que significa a manifestação de Deus em algum lugar ou pessoa: “É uma revelação ou manifestação sensível da glória de Deus, ou através de um anjo, ou através de fenômenos impressionantes da natureza”[1]. Historicamente pode-se indicar como tendo vivido teofanias: Buda, Moisés, Maomé e outros. Uma das mais importantes teofanias conhecidas é a manifestação do Senhor a Moisés, quando o exortou a liderar a fuga do povo hebreu do Egito, conforme relatado em Êxodo 3.
Supondo-se que uma religião seja teísta (que acredita em um ou mais deuses), quanto à “característica divina” ela pode ser: monoteísta (acredita na existência de somente um Deus e ponto final, nada mais habita o “céu” junto com Ele), politeísta (acredita na existência de diversos deuses) ou mesmo henoteísta (acredita na existência de diversos deuses, mas com uma liderança suprema).
Quanto à concepção divina, a religião pode ser: panteísta (a natureza e Deus são a mesma coisa, tudo e todos compõem um Deus abrangente e imanente); panenteísta (o universo está contido em Deus ou nos deuses, mas o todo é maior do que as partes); pandeísta (Deus precede o Universo, sendo o seu criador e, ao mesmo tempo, é sua Totalidade); monista (unidade da realidade como um todo - não existem realidades separadas) e, finalmente, deísta (admite a existência de um Deus criador e a realidade de um mundo completamente regido pelas leis naturais sem interferência divina).
Observa-se que os deístas acreditam em um Deus que não interfere na vida humana. Estes não reconhecem pessoas ou livros “inspirados” por Deus, dogmas ou tradições. Eles abordam a questão divina com razão e lógica. Para eles Deus se manifesta através das leis da natureza. Sendo assim, para os deístas não existem sacerdotes ou rituais, nem anjos ou demônios, nem castigo nem prêmio. São nomes de destaque no deísmo: Aristóteles, Galileu Galilei, Isaac Newton, Thomas Hobbes, John Locke, Jean Jacques Rousseau e Voltaire.
No século XVI dentre outras reformas religiosas houve a Reforma Protestante, origem das igrejas evangélicas, levada a cabo pelo monge alemão Martinho Lutero. Esta reforma aconteceu em razão dos excessos cometidos pela autoridade católica e seu afastamento das origens. Questões de natureza sexual, financeira, política e de qualificação deixaram grande número de religiosos desgostosos. Lutero condenou o culto às imagens e revogou o celibato. João Calvino, na França, propôs que a salvação da alma ocorreria pelo trabalho justo e honesto e também defendeu a ideia da predestinação (existência do destino).
Como reação ao movimento protestante a Igreja Católica instituiu a catequização dos povos descobertos pelos jesuítas, a retomada da Santa Inquisição e a criação do índice de livros contrários a ela e proibidos de serem lidos.
A síntese das propostas de Lutero pode ser encontrada nas cinco “solas”: Sola Scriptura (a escritura sagrada é a única autoridade espiritual reconhecida) – nega que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação; Solo Christus (a vida e morte de Cristo é o único caminho para a salvação) – nega que esforços pessoais façam diferença; Sola Gratia (a salvação só acontece por graça divina) – o ser humano é um pecador decaído condenado;Sola Fide (fidelidade incondicional à Cristo) – nega qualquer mérito pessoal humano; Soli Deo Gloria (dedicar sua vida à glória de Deus por meio de Sua salvação) – nega a possibilidade de auto realização individual.
Citamos os principais conceitos religiosos conhecidos tanto para conhecimento do leitor quanto para estimular uma profunda reflexão sobre o tema: o quê você concebe existir entre o homem e Deus? Qual dos caminhos assinalados lhe parece mais adequado para você e sua família? E, você acredita que possa existir um único e universal representante de Deus na Terra?
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