quinta-feira, 18 de julho de 2013

COMO É VISTO O TABAGISMO NO PLANO ESPIRITUAL


COMO É VISTO O TABAGISMO NO PLANO ESPIRITUAL


Capítulo 32 – Enfim, o Trabalho
Até um dia em que, mencionando-lhe estar atendendo aos "cianóides" mostrou-se muito curioso em conhecer esses enfermos, pois ouvira falar que nossa colônia os albergava em grande número. E não tardou para que, encontrando-o desocupado, convidasse-o para nos acompanhar em uma de nossas atividades corriqueiras, a fim de que pudesse se inteirar mais de perto de nossa rotina de trabalhos.
            Chamamos aqui de "cianóides", os suicidas assistidos em nossa colônia, motivados pelo vício do tabagismo. Em decorrência da forte cianose (*) que se lhes estampa na configuração perispiritual, emprestando-lhes o característico tom azulado, receberam essa denominação pelos nossos enfermeiros, frequentemente também chamados de "homens azuis", embora nossos superiores relutassem em adotar tais alcunhas como de uso oficial, sendo de fato cognominados suicidas tabagistas.
            Os fumantes inveterados da Terra desencarnam de fato como autocidas e são atendidos em nossa colônia, em enfermarias especiais, pois, frequentemente, são resgatados do Vale dos Suicidas, onde estagiam por tempo indeterminado, porém normalmente prolongado. Não há quem duvide de que o estranho hábito de aspirar inadequados gases tóxicos do tabaco promova graves males ao organismo físico, impondo-lhe patologias destrutivas e minando-lhe as forças vitais. As doenças decorrentes dotabagismo são já muito bem descritas pela medicina terrena, entretanto poucos se dão conta de que tal condição é capaz de atravessar o túmulo, acarretando sérios danos à vida do espírito na Erraticidade.
            Demandamos importante nosocômio de nossa cidade, como sempre acompanhado de Adelaide e agora de Alberto, que atendia à sua curiosidade em conhecer os estranhos "homens azuis". Adentrando a instituição, sempre repleta de trabalhadores e enfermos, dirigimo-nos para o seu subsolo, onde, em local isolado e pouco aprazível, localiza-se a "Câmara dos cianóides", Uma grande sala, hermeticamente fechada, permitindo reduzida renovação do ar ambiente, acomoda enorme número deles, trescalando forte e intolerável emanação recendente a tabaco. Necessita-se munir de suficiente autocontrole, pois aqueles que não se habituaram ao estranho vício experimentam fortes náuseas em contato com o ambiente. Adelaide já se achava parcialmente adaptada e eu, como ex-fumante, não encontrava grande dificuldade no local. Alberto, contudo, mesmo advertido do incômodo, exprimia sua natural repugnância, ensaiando náuseas incoercíveis. Máscaras especiais são usadas pelos que assistem estes doentes a fim de não se contaminarem com suas nocivas exalações, porém não são capazes de completo isolamento, exigindo-se força de vontade para a permanência no local.
            A necessidade de se manter indivíduos enfermos em tão inóspita atmosfera explica-se pelas exigências patológicas que seus vícios, arregimentados ao longo da vida, impõem às suas delicadas constituições psicossomáticas. Habituados à inalação constante dos venenosos insumos do tabaco, encontram como único e fugaz alívio a permanência em tão insalubre salão, impregnado dos eflúvios pestilentos emanados por eles mesmos, satisfazendo a doentia dependência arquivada no perispírito. Aí permanecem por tempo indeterminado, despendendo valiosas oportunidades da rica vida espiritual, agastados na vivência de aflitivas sensações, algemados às consequências da própria imprevidência. É lamentável e incompreensível a ignorância do homem moderno, deixar-se dominar desta forma por tão ignóbil vício, mesmo ciente dos grandes males que infringe à sua organização.
            Dirigindo meu olhar para o passado, envergonhava-me, perante Deus e a própria consciência, por ter sido um deles, entregando-me a tão aviltante e atoleimado prazer. A duras penas suplantara a triste condição e sentia-me compelido a colaborar com os inditosos irmãos da retaguarda, relembrando os benefícios recebidos no passado. Adelaide, por extremada abnegação, acompanhava-me diariamente no penoso labor, dominando com boa vontade o intenso mal-estar que o contato com o repugnante lugar lhe suscitava. Alberto titubeava, porém, não declinou da intenção inicial, dispondo-se a nos seguir.
            Nossa tarefa consistia em aplicar aos enfermos ali reunidos passes deevacuação miasmática, fazendo-os drenar os remanescentes vibratórios das toxinas do fumo ainda impregnadas no corpo perispiritual. Todos, desencarnados por patologias próprias do tabagismo, mal conseguem respirar e, hebetizados, não se dão conta da própria condição em que se encontram. Muitos suplicam por cigarros, em franco desespero, enquanto outros, em afligentes ataques de loucura, exigem por eles. Alguns logram, mediante automática e ingente operação ideoplástica que lhes rouba preciosas energias psíquicas, mentalizar cigarros, os quais imaginam tragar, desfrutando enganoso deleite. Todos vivenciam a ideia fixa de fumar como única solução para suas angústias, triste obsessão da qual demandam longo período para se desvencilhar, causando sérios prejuízos aos seus progressos espirituais.
            Possuídos de lastimável e imensa penúria orgânica, demandam largo período de recuperação nestas enfermarias especializadas. Os delicados tecidos pulmonares perispirituais, seriamente lesados pela intoxicação nicotínica, imprimem-lhes pesadas e aflitivas angústias respiratórias, dignas de pena para quem os assiste. Alguns mal conseguem conversar, dominados pela dispnéia e quando o fazem é para suplicar por cigarros, como se fosse tudo que precisam para se acalmar. Triste condição que nos leva a meditar no imenso disparate de tão nefasto vício ao qual o homem da Terra se atira com avidez, sem dar-se conta do tamanho malefício que se está infligindo. O perispírito é sobremodo sensível às substâncias nocivas e inadequadas que usamos em demasia quando na carne, fixando-as em forma de aguilhões vibratórios, exigindo-se árduos e prolongados tratamentos para bani-los, O corpo físico, confeccionado em adequada robustez, é capaz de maior resistência a este dardejamento químico aviltante, porém com a morte, os males que nos ocasionam, agravam-se, devido à tenuidade da tessitura psicossomática, ampliando-se seus assoberbados efeitos negativos, coagindo o incauto viciado a desequilíbrios e sofrimentos ainda maiores. Após longos, anos de permanência em tais enfermarias, todos ainda continuam registrando o dano nas malhas perispirituais, imprimindo-as depois no futuro corpo físico, ao reencarnarem, estabelecendo enfermidades de difícil remissão como a asma brônquica, as fibroses idiopáticas, os tumores, as pneumonias de repetição e outras patologias pulmonares crônicas.
            Decididamente, em sã consciência, não se pode compreender tamanha estultice do homem em se comprazer aspirando aos nocivos dejetos químicosda combustão do tabaco. Nossos dirigentes nos informam que o inadequado costume, aprendido dos indígenas americanos, somente se justifica como hábil mecanismo utilizado, em seus primórdios, pelos espíritos obsessores dos encarnados, interessados em lhes sugerirem hábitos nocivos com o firme propósito de lhes imporem prejuízos. Posteriormente, retornando à vida física, incorporaram o mesmo mal que imputavam às suas imprevidentes vítimas, perpetuando assim o desregramento que se transformou em crônico vício social.
            Embora a maioria dos tabagistas, após a morte física, encaminhe-se para o Vale dos Suicidas, muitos permanecem na crosta planetária, jungidos aos encarnados, aos quais se consorciam em doentio conúbio obsessivo a fim de continuar o sórdido prazer, induzindo a sua perpetuação, compondo assim outro lamentável panorama das tristes consequências de tão estranho costume.
            Observando a infausta condição destes enfermos, não podemos deixar de lançar um apelo àqueles que ainda residem na carne e que detêm a condição de abandonar desde já o inadequado hábito, evadindo-se a tempo dos implacáveis sofrimentos pós-morte. Não há esforço que não compense nosso bem-estar no Mundo Espiritual, permitindo-nos a aquisição de importantes acervos evolutivos, habilitando-nos a vivência no máximo equilíbrio possível. Contudo, sabemos que muitos não responderão a estes nossos ditames, e somente aqui os compreenderão, pois a vida na matéria nos inunda, por vezes, da ilusão de que importa apenas o presente, e as consequências de nossos atos no porvir não nos dizem respeito. Seguramente seus padecimentos serão motivos de imensos, porém tardios arrependimentos a se refletirem em futuras reencarnações.

(*) Termo comum de uso médico que designa a coloração azulada da pele, principalmente das extremidades, decorrente da presença de elevados teores de gases carbônicos no sangue.

Livro: Ícaro Redimido
Gilson Freire pelo Espírito Adamastor

Nenhum comentário: