sexta-feira, 7 de junho de 2013

SRI KRISHNA - BHAGAVAD-GITA X

SRI KRISHNA - BHAGAVAD-GITA X


Capítulo 16
Qualidades Transcendentais e Qualidades Demoníacas
daivi sampad vimoksaya
nibandhayasuri mata
ma sucah sampadam daivim
abhijato ‘si pandava
             (16.5)
    
           “As qualidades transcendentais conduzem à liberação e as qualidades demoníacas ao cativeiro. Não se preocupe porque você nasceu com qualidades transcendentais, ó filho de Pandu”. Foi assim que comecei a explicar a Arjuna que qualidades são transcendentais e quais são demoníacas. Estão entre as características transcendentais que mencionei: destemor (abhayam), purificação da existência (sattva-samsuddhih), cultivo de conhecimento (jnana-yoga), caridade (danam), controle da mente (damah), execução de sacrifícios (yajnah), austeridade (tapah), simplicidade (arjavam), não-violência (ahimsa), veracidade (satyam), liberdade da ira (akrodhah), renúncia (tyagah), tranquilidade (santih), não procurar por defeitos nos outros (daya bhutesv), estar livre da ganância (aloluptvam), gentileza (mardavam), modéstia (hrih), determinação (acapalam), clemência (ksama), limpeza (saucam) e liberdade da inveja (adrohah). Porém, orgulho (dambhah), arrogância (darpah), presunção (abhimanah), ira (krodhah) e rispidez (parusyam) são qualidades demoníacas. Quem cultiva as primeiras as desenvolve porque se estabelece no modo da bondade e, partindo deste modo, dá-se acesso a condições superiores que podem a libertar por completo do que conduz às demais pessoas ao mundo das expressões inferiores.
pravrttim ca nivrttim ca
jana na vidur asurah
na saucam napi cacaro
na satyam tesu vidyate
            (16.7)
                “As pessoas com qualidades demoníacas nunca sabem agir apropriadamente ou se não devem agir. Neles não há limpeza, comportamento apropriado e verdade”. Para eles o mundo é irreal e sem fundamento (asatyam apratistham te) e não existe um Controlador da manifestação cósmica (jagad ahur anisvaram), sendo a luxúria (kama) a causa de tudo. Ocupados em atividades dolorosas (ugra-karmanah), absortos em presunção, orgulho e falso prestígio (dambha-mana-madanvitah), enquanto tomados pela ilusão de coisas não permanentes (mohad grhitvasad-grahan), eles agitam ao mundo com suas atividades destrutivas. E porque estão submetidos à ilusão de suas presunçosas compreensões a respeito de si mesmos, não têm condições de perceber-se como entidades que precisam se direcionar ao que pode os proporcionar oportunidades construtivas. Na verdade, tais pessoas desencontradas nem ao menos conseguem desejar mudar o que em suas vidas as leva à tal estado deplorável, à miséria e à mais precária das condições. 
                Para suas confusas percepções, satisfazer aos sentidos é a meta da vida (kamopabhoga-parama), o que os faz prender-se a uma teia formada por centenas de desejos (asa-pasa-satair baddhah). Estes desejos assumem inúmeras conformações, e todas elas os fazem desejar ainda mais o que nunca poderá plenamente os satisfazer, esquecidos que estão de que a plenitude das percepções jamais encontrarão enquanto engolfados estiverem com as coisas da materialidade. Por desejarem aumentar ainda mais seus entrelaçamentos com as teias das construções mentais, tais demoníacas criaturas se afastam tanto quanto conseguem se afastar do que de fato poderia lhes garantir a obtenção do que lhes abasteceria de completa satisfação. Baseados em suas ganâncias, muitos deles acumulam ilegalmente a riquezas (anyayenartha-sancayan), e planejam ganhar sempre mais, a fim de acumular o que lhes parece ser fundamental para garantir aos seus desfrutes. Eles pensam:
asau maya hatah satrur
hanisye caparan api
isvaro ‘ham aham bhogi
siddho ‘ham balavan sukhi
                (16.14)
                “Este inimigo foi morto por mim, matarei também outros. Eu sou o senhor, eu sou o desfrutador. Eu sou perfeito, poderoso e feliz”. Assim acreditando em suas falsas presunções, tais seres acham que realizando sacrifícios e dando em caridade se regozijarão (yaksye dasyami modisya), libertando-se das reações de suas negativas ações. Matar para eles é espontaneamente necessário porque pensam serem aqueles que controlam a tudo o que faz às suas circunstâncias e, de fato, seus feitos são tão evidentes que desafortunadamente eles estão sempre causando para si mesmos o que compõe às suas vidas. Só que este controle lhes faz ainda mais desafortunados, pois, conforme o que desejam, semeiam ao que colhem. Eles realmente controlam ao que desejam e o que não desejam, e porque controlam obtém o que procuram. O que procuram e ganham está em conformidade com o que Eu pretendo que eles obtenham, já que buscam pelo que por reação acabarão recebendo. Porém, o que eles desta maneira obtém os torna ainda mais confusos, e confundidos pelo falso ego (ahankaram), blasfemam, invejosos (pradvisanto ‘bhyasuyakah) contra Mim.
tan aham dvisatah kruran
samsaresu naradhaman
ksipamy ajasram asubhan
asurisv eva yonisu
             (16.19)
                “Aqueles invejosos e maliciosos, os mais baixos da humanidade, Eu os lanço para sempre no oceano da existência material, através de inauspiciosos ventres demoníacos”,esta é a minha posição. Nascendo sucessivamente, em espécies demoníacas (asurim yonim), eles não conseguem Me alcançar (mam aprapyaiva), condenando-se a um abominável destino.  Porque assim o desejaram, eles acabam assumindo o lugar que lhes foi reservado, longe de Mim, a Pessoa Suprema que lhes foi objeto de repulsa e de aversão. Aversivos para com Aquele que os criou e sempre os sustentou, são mantidos sob o domínio dos meus potenciais, ausentes de quem Eu de fato sou. Por tempos incontáveis, tal destino lhes é assegurado, pois enquanto houver incompreensão das Verdadeiras Leis, deverá haver aprisionamento e inversão das condições daquelas almas que por livre escolha preferiram alhear-se das qualidades transcendentais que poderiam tê-las libertado.
A fim de evitar esta desastrosa condição, a pessoa deve abandonar a luxúria, a ira e a cobiça (kamah krodhas tatha lobhas), e executar atos que a levem ao Supremo Destino (param gatim). Tais atos são realizados sob a direção das qualidades transcendentais, as mesmas que fazem da alma um ser que realmente merece viver, porque está consciente do que lhe pode satisfazer. Nas escrituras se encontram as evidências do que são deveres e do que são atividades proibidas (tasmac chastram pramanam te karyakarya-vyavasthitau), e elas devem conduzir a ação da pessoa que se encontra neste mundo. Nas escrituras existem muitas descrições do que a pessoa humana precisa entender, para que se identifique com o que existe para que ela se faça amadurecer. As confusas contrariedades que são cultivadas por causa da ignorância e da ilusão têm que ser eliminadas, para que haja a perfeição. A perfeição precisa ser cultivada, para que haja o predomínio do que à alma satisfaz, porque a preenche de amor e de paz.
                                                               Sri Krishna (30/05/2013)
Conteúdo obtido por sintonização, através de Valéria Moraes Ornellas, Sacerdotisa da Ordem de Zadkiel e co-fundadora da Editora Sétimo Raio, Rio de Janeiro – RJ, e originalmente publicado em http://srikrishnaadishakti.blogspot.com.br. Este material faz parte dos recursos de apoio ao curso de Bhagavad-Gita, que será oferecido em breve pela Ordem de Zadkiel, na cidade do Rio de Janeiro. Se desejar divulgar este texto, favor citar devidamente a autoria e a fonte original da publicação.
Krishna e o Mestre Saint Germain
Ordem de Zadkiel

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