quinta-feira, 2 de abril de 2009

THE GIVING TREE

The Giving Tree‏



Houve em tempos uma velha árvore majestosa, cujos ramos se estendiam em direcção ao céu. Quando florescia, borboletas de todas as cores, formas e tamanhos vinham dançar em torno dela. Quando dava fruto, aves de terras distantes acercavam-se dela. Os seus ramos eram como braços estendidos ao vento, proporcionando um espectáculo de uma beleza sem par.
Havia um rapazinho que costumava ir brincar para baixo dela todos os dias. Então a árvore começou a sentir amor por aquele rapazinho que costumava ir brincar para junto dela. Os seus ramos eram elevados, mas ela inclinou-os e dobrou-os para que ele pudesse colher as suas flores e apanhar os seus frutos. A criança brincalhona aproximava-se, e a árvore vergava os seus ramos. Quando a criança colhia algumas flores, a árvore sentia-se imensamente feliz, e todo o seu ser se enchia com a alegria do amor.
O amor é feliz quando pode dar alguma coisa.
O rapaz foi crescendo. Por vezes dormia no regaço da árvore, outras, comia os seus frutos e, outras ainda, usava uma coroa feita com as flores da árvore e fazia de rei da selva. Ver o rapaz com uma coroa de flores a dançar por ali enchia a árvore de alegria. Ela abanava com amor; cantava embalada pela brisa. O rapaz cresceu mais ainda. Com o tempo, o rapaz foi sobrecarregado com outras obrigações. Chegaram as ambições: tinha exames para fazer e tinha amigos para conquistar, por isso deixou de aparecer com regularidade. Porém, a árvore continuava ansiosamente à espera que ele viesse. A árvore sentia-se triste quando o rapaz não aparecia.
O amor tem apenas uma tristeza: quando não pode partilhar; o amor fica triste quando não pode dar. O amor é feliz quando pode partilhar, quando pode dar-se totalmente.
O rapaz cresceu ainda mais, e os dias em que ia ter com a árvore eram raros.
Um dia, enquanto passava por ali, a árvore chamou-o:
- Ouve! - entoou a voz da árvore. - Ouve! Estou à tua espera, mas tu não vens. Espero por ti todos os dias.
O rapaz respondeu:
- Porque haveria de vir ter contigo? O que eu procuro é dinheiro.
A árvore, surpreendida, perguntou:
- Só vens se eu te der alguma coisa? Posso dar-te tudo o que tenho. Mas eu não tenho dinheiro. Isso é apenas uma invenção dos seres humanos. As árvores não têm essa doença; nós somos felizes. - afirmou a árvore.
O rapaz respondeu:
- Então, porque hei-de vir ter contigo? Tenho de ir para onde haja dinheiro.
A árvore reflectiu profundamente, depois apercebeu-se de qualquer coisa e disse:
- Faz uma coisa. Apanha todos os meus frutos e vende-os. Podes obter dinheiro desse modo.
O rapaz animou-se logo. Subiu à árvore e apanhou todos os frutos; mesmo os que não estavam maduros foram colhidos. Os ramos quebraram-se, as folhas caíram com aquele acto de violência. A árvore sentiu-se muito feliz, plena de alegria.
O rapaz nem olhou para trás para agradecer à árvore. Porém a árvore não reparou nisso. Já recebera o seu agradecimento quando o rapaz aceitara a oferta do seu amor apanhando e vendendo os seus frutos.
O rapaz não voltou senão daí a muito tempo.
Passaram vários anos. A árvore estava triste. Ansiava pelo regresso do rapaz - como uma mãe cujos seios se encontram cheios de leite mas que perdeu o filho que amamentava.
Ao fim de muitos anos, já adulto, o rapaz foi ter com a árvore.
A árvore disse:
- Vem ter comigo. Dá-me um abraço.
O homem retorquiu:
- Deixa-te de disparates. Isso eram coisas de garotos.
Porém a árvore não parava de o convidar:
- Vem balançar-te nos meus ramos. Vem dançar comigo.
O homem respondeu:
- Deixa-te de tretas! Quero construir uma casa. Podes dar-me uma casa?
A árvore exclamou:
- Uma casa? Eu vivo sem casa. Mas podes fazer uma coisa, podes cortar e levar os meus ramos - então talvez consigas construir uma casa.
Sem perder tempo, o homem foi buscar o machado e cortou todos os ramos da árvore. Agora a árvore era apenas um tronco nu, despido. Porém, era muito feliz. Amar é dar: o amor está sempre disposto a partilhar.
O homem nem sequer se preocupou em olhar para a árvore. Construiu a sua casa. E os dias transformaram-se em anos.
O tronco esperou e esperou. Queria chamá-lo, mas não tinha ramos nem folhas para entoar o chamamento. O vento soprava, mas ele não conseguia chamá-lo. Mesmo assim, a sua alma entoava apenas um grito: "Vem. Vem, meu amado. Vem."
Passou muito tempo e o homem entretanto envelheceu. Um dia, estava a passar por ali e dirigiu-se à árvore.
A árvore perguntou:
- Que mais posso fazer por ti? Vieste ao fim de muito, muito tempo.
O velho respondeu:
- O que podes fazer por mim? Quero ir até terras distantes para ganhar mais dinheiro. Preciso de um barco para viajar.
Muito contente, a árvore propôs:
- Corta o meu tronco e faz dele um barco. Seria muito feliz em transformar-me no teu barco e ajudar-te a ir até países distantes para ganhares dinheiro. Mas peço-te que te lembres de cuidar de ti e que regresses em breve. Estarei sempre à espera do teu regresso.
O homem trouxe uma serra, cortou o tronco, fez o barco e pôs-se a navegar.
Agora a árvore é apenas um pequeno toco de madeira. E espera pelo regresso do seu amado. Espera, espera, e volta a esperar; e sussurra: Como anseio por notícias dele! Agora que estou perto do fim da vida, ficaria contente se soubesse pelo menos alguma coisa. Então poderia morrer feliz. Mas ele não viria, mesmo que eu o chamasse. Já não tenho nada para lhe dar e ele só compreende a linguagem de receber.








As pessoas só compreendem a linguagem de receber; o amor é a linguagem da dádiva, toda a natureza é uma dádiva. O ser humano não pode imitar a natureza, embora seja este o ideal que perseguem, ser como a natureza, sem ego.

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