domingo, 10 de maio de 2009

CRIATIVIDADE

CRIATIVIDADE
:: Elisabeth Cavalcante ::



Um dos principais atributos do ser humano consciente é a criatividade.
O poder criativo está relacionado principalmente à energia da confiança, da auto-estima e do amor próprio.

Aqueles que não tiveram em sua infância um estímulo permanente para criar coisas novas, experimentar novos talentos e capacidades, crescerão, fatalmente, medrosos, inseguros e dispostos a ouvir sempre a orientação dos outros para seguir adiante na vida.

O medo de experimentar deriva da idéia de que não se dispõe de poder criativo, de capacidade para criar capaz de despertar interesse e admiração.

Todo ser humano carrega dentro de si a capacidade de criar, seja o que for.
O poder criativo é inerente a nós, embora para muitos a vida a princípio negue as oportunidades de descobrir esse poder em seu interior.

Mas mesmo que não tenhamos tido incentivos adequados em nossa formação, sempre é tempo de descobrirmos em nós a capacidade de criar novas circunstâncias em nossa vida.

O passo essencial é acreditar que sempre existe um talento oculto em nosso interior, que nada tem a ver com as expectativas que os outros colocam em nós. A criatividade só se manifesta quando nos dedicamos a algo que vem de encontro ao que nossa alma e nosso coração anseiam por realizar.

Quando prestamos atenção a esse anseio que habita dentro de nós e começamos a segui-lo, descobrimos finalmente nosso poder criador, que se manifesta sempre que realizamos algo em sintonia com o nosso ser interior. Alegria, paixão e entusiasmo são os termômetros que nos indicam se estamos no caminho certo.

Não se acomodar e estar sempre disposto a descobrir o que o faz verdadeiramente feliz é o caminho mais certo para despertar a poderosa chama da criatividade.

“A vida tem de ser descoberta, criada, realizada. Se você não a realiza, você permanece mais ou menos como uma máquina. Esse é um dos princípios básicos do sufismo: que o homem, como ele existe, é uma máquina.

A máquina tem se iludido acreditando que é consciente. A consciência é uma promessa, mas a pessoa tem de explorá-la. É uma tarefa. A consciência é uma possibilidade, mas você pode perdê-la. Não a tome por certa. Ainda não é uma realidade. Você é uma semente para ela, mas você tem de crescer para dentro dela.

Uma semente pode permanecer uma semente e pode nunca se tornar uma árvore, pode nunca se tornar capaz de desabrochar, pode nunca ser capaz de liberar sua fragrância ao mundo, pode nunca ser capaz de oferecer-se ao divino. Essa possibilidade também existe. E lembre-se sempre que muitos perdem; apenas poucos chegam.

Isto cria uma ansiedade - de que o homem é uma promessa, de que o homem é uma aventura, de que o homem ainda não é. Isso cria ansiedade no tipo errado de pessoa, mas cria alegria no tipo certo de pessoa.

A quem eu chamo tipo certo e a quem eu chamo tipo errado de pessoa? O covarde é o tipo errado. No covarde isso cria ansiedade. Diante da idéia de se lançar numa aventura, numa peregrinação ao desconhecido, o covarde se encolhe. Ele pára de respirar. Seu coração não bate mais. Ele se torna surdo como uma pedra a esse chamado, a esse desafio. Esse desafio se torna um inimigo. Ele se torna defensivo contra ele.

E ao corajoso eu chamo tipo certo de pessoa. Para ele, isso não é ansiedade, é excitação, é aventura. Deus o chamou. Ele começa a se mover, começa a procurar e a buscar. Se você procura, há uma possibilidade de encontrar; se você não procura, não há nenhuma possibilidade. Se você começa a se mover, então mais dia menos dia você alcança o oceano, como todos os rios o fazem.

Mas se você se tornou muito, muito medroso do movimento, do dinamismo, da vida, da mudança, então você se torna uma pequena lagoa. Pouco a pouco você morre. Você se torna cada vez mais sujo, tedioso, antiquado, estagnado. Então a sua vida também é doentia. Sua vida toda é uma patologia. E muitos - a maioria - vivem numa espécie de patologia.

Um pensador moderno, Lewis Yablonsky, cunhou a palavra certa para essa patologia - ele a chama de "robopatologia". Ao homem que sofre disso, ele chama "robopata". "Robô" quer dizer máquina, autômato; alguém que vive um tipo de vida mecânica, um tipo de vida repetitivo; alguém que não tem nenhuma aventura, alguém que simplesmente continua se arrastando. Ele satisfaz as exigências do dia-a-dia, mas nunca satisfaz a exigência eterna, o desafio eterno.

Ele irá ao escritório, à fábrica, ele virá para casa, cuidará dos filhos e da esposa, e fará mil e uma coisas - e as fará muito eficientemente - mas ele nunca estará vivo, você nunca encontrará vivacidade nele. Ele viverá como se já estivesse morto.

... Um robopata é uma pessoa cuja patologia implica comportamento e existência de robô. Ele é um homem apenas por causa do nome. Ele poderia ter sido um computador. Ele pode ser. Um robopata é um humano que funciona insensivelmente, mecanicamente - para resumir, de uma maneira morta.

... Os robopatas nunca estão interessados em coisas novas. Uma vez que tenham aprendido algumas coisas, eles continuam a se mover naquele círculo vicioso. Toda manhã é igual, toda noite é igual. Toda vez que eles comem, conversam ou fazem amor, é a mesma coisa. Eles, de modo algum, são necessários ali.

Eles não fazem nada através da consciência, eles continuam a fazer gestos vazios. Eis por que há tanto tédio na vida. Como você pode ser vibrante, repetindo o velho constantemente? Essa é a primeira característica - o sono.

A segunda característica é o sonhar - parte do sono. Um robopata sonha continuamente - não somente à noite, mas durante o dia também. Ele tem devaneios, fantasias. Mesmo quando está fazendo algo, no fundo ele está sonhando. Você pode encontrar isso a qualquer hora. Feche os olhos a qualquer momento, olhe para dentro e você encontrará um sonho se desenrolando. Ele está lá constantemente.

E a terceira característica é o ritualismo. Um robopata permanece em rituais, ele nunca faz nada através do coração. Ele dirá "oi" porque tem de dizê-lo ou porque ele tem dito sempre. Seu "oi" não terá, em si, nenhum coração.

Ele beijará e abraçará a mulher, mas será apenas a repetição de um gesto vazio. Não há nenhum beijo no seu beijo. Ele abraçará alguém, mas apenas sua pele e seus ossos tocarão - ele permanecerá distante como sempre. Ele não está lá. Você pode estar certo de uma coisa - ele não está lá.

Mas os robopatas são grandes ritualistas. Eles dependem do ritual. Eles fazem tudo como deveria ser feito. Um ritual, pela sua própria natureza, é não-criativo. Uma pessoa ritualística nunca é espontânea, ela não tem condições de ser espontânea.

... Só muito raramente, lá uma vez ou outra, é que uma pessoa cria algo - e nesses momentos, quando a criatividade está presente, há satisfação espiritual. Eis por que a criatividade traz tanta alegria. Uma pessoa criativa é uma pessoa feliz; uma pessoa não-criativa é uma pessoa miserável.

Muitas pessoas vêm a mim e me perguntam como ser feliz, onde encontrar a felicidade. Elas não podem encontrá-la, a menos que se tornem criativas. A felicidade não pode acontecer a elas, ela acontece apenas às almas criativas. Torne-se mais espontâneo. Abandone as repetições. Deixe cada manhã ser uma nova manhã e deixe cada experiência ser uma nova experiência. Não pense que tudo é velho”.
OSHO

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