segunda-feira, 25 de maio de 2009

O LIVRO ( sem nome ) - SEGUNDA PARTE/CONTINUAÇÃO 10

O LIVRO ( sem nome ) -

SEGUNDA PARTE

/CONTINUAÇÃO 10



- Ganhei todas...viva! – disse Lúcia rindo. Não fique triste mimosa. Lembre-se do ditado: “Infeliz no jogo, feliz no Amor”.



- Ah, está bom então. Pensando assim justifica eu ter tanta sorte em jogo.



- Menos hoje não é minha linda?



- Sabe querida, em todas as situações de meu viver quando perco, e perco muito acredite, sempre penso assim: Perdi a batalha mas não a guerra. E continuo lutando.



- Bah...não é por acaso que teu nome é Walkyria. Mas vamos lá, continue contando sobre a batalha que empreendeu junto com o senhor João.



- Ah querida, não tem mais o que contar.



- Como não? Quando voltou para casa o Cezar não estava bem?



- Nada. Tudo igual. E me deu uma raiva tão grande que tomei a decisão: chega desse negócio de espiritualidade! Minha decisão durou pouco...na verdade não mais do que uma semana. As crises do Cezar se avolumavam, e racionalmente levei-o novamente ao neurologista. Este me olhou e disse:

- Walkyria, teu filho não tem nada clinicamente falando.

Quase voei na garganta dele...affMaria. Ainda bem que era meu amigo e atendeu meu pedido:

- Por favor, peça uma nova tomografia. Ele solicitou e lá fomos nós fazer a tal tomografia. Sabe qual foi o resultado?



- Nada!



- Exatamente esse : NADA. Tudo em ordem na desordem total que estava meu menino.



- E o que você fez então?



- Bom, era uma sexta feira. Sexta feira que antecedia a semana de carnaval. Minha sobrinha Bárbara, que morava no Rio de Janeiro veio nos visitar. Logo após o almoço, estávamos conversando na sala, ela, David, Cezar e eu. Neste momento o Cezar teve a dor. O grito que deu assustou a Bárbara de tal maneira que ela saiu correndo gritando também. Logo em seguida Cezar adormeceu e a menina voltou para a sala e disse:

- Wal, você sabe que eu sou espírita. Você não gostaria que eu falasse com meu pai de santo para saber se ele pode ajudar?



- Você concordou?



- Ah Lúcia, eu concordaria com qualquer coisa que pudesse ajudar o Cezar a se livrar desse mal. Foi então que ela telefonou para o pai de santo, explicou o que estaria acontecendo e este pediu duas horas para dar um retorno.



- E quando deu disse o que?



- Disse que o caso era grave, era espiritual e que já tinha alcançado o corpo físico, e pediu para levarmos o Cezar lá no centro, pois para fazer o que era necessário ele iria precisar ter junto um tal de “assentamento”. Perguntei o que seria isso e ele respondeu que era “um pote de barro onde estavam suas coisas”. Questionei se não era possível trazer o tal pote, e ele respondeu que faria essa exceção.



- E fez?



- Sim, fez. Três horas depois David foi buscá-lo no aeroporto e ao chegarem em casa David o deixou e saiu em seguida dizendo ter que comprar uma galinha branca e precisaria procurar onde achar uma viva. E se foi. Convidei Francisquinho para entrar, e apresentei todos os meninos para ele. Foi então que ele pediu para ir para o quarto onde ficaria hospedado para se preparar. Barbara o levou e algum tempo depois lá vem ele. Menina, imagina a cena! Sabe como Marcus é brincalhão. E entra o Francisquinho na sala vestido de mulher. Imaginou o que aconteceu? Até hoje ouço as gargalhadas do Marcus.



- Ah mimosa, queria muito ter estado lá naquele momento. Ia rir muito mesmo – disse Lúcia. Mas porque ele se vestiu de mulher?



- A entidade que ele incorporava, ainda incorpora, é uma pomba gira. E ele estava vestido como ela gostava de se vestir. Com bijuterias e tudo. Na verdade, muito linda, viu?



- E depois, o que aconteceu?



- Logo em seguida chega o David com uma galhinha branca. Francisquinho pediu para irmos a alguma lugar mais reservado ( sem os meninos ) apenas com o Cezar. Fomos então para o salão de festas. Em lá chegando, ele incorporou a entidade, e “mandou a galinha ficar quieta”, pois esta corria o salão todo.



- E a galinha obedeceu?



- Obedeceu querida. Parou e ficou quietinha em um canto. Depois ele, ou ela, andou em torno do Cezar, falando coisas ininteligíveis, e a certa altura chamou a galinha que veio andando devagarinho até ele/ela. Pegou a galinha no colo e disse : - Vamos para o “campo santo”.



- Campo santo?



- Bárbara fez a tradução : cemitério. Já passavam das 23 horas. Disse isso à ele e expliquei que estaria fechado. Ao que ele respondeu: - Na minha casa entro na hora que quero. E lá foram eles.



- Você não foi?



- Eu? Nem pensar! Foi ele, o David, o Marcus que queria ver “a cena”, e o motorista.



- E ao retornarem, o Marcus contou tudo?



- Eles chegaram já passava da meia noite. O Francisquinho ainda incorporado pela entidade e o Marcus com cara de frustrado.

Perguntei à ele: - E então filho?

Respondeu: - Então nada. Todos os portões estavam fechados e não pudemos entrar.

- Quer dizer que nada foi feito?

- O que foi feito não sei – respondeu Marcus. O moço ai entrou. Pulou o muro feito gato e entrou. Eu queria fazer o mesmo, mas o David não deixou.



- E a galinha Wal?



- Sei lá da galinha. Foi e não voltou. Francisquinho então disse para mim que precisaríamos ir a uma cachoeira.



- Complicou tudo então. Onde achar uma cachoeira em São Paulo?



- Também pensei assim. Mas o motorista na hora disse :

- Eu sei onde tem uma na Serra da Cantareira.



- Problema resolvido então.



- Sim. Fomos descansar e logo pela manhã fomos a tal cachoeira. Lá chegando, Francisquinho já incorporado pela entidade, fez um circulo de pólvora ao redor do Cezar. Colocou fogo e pegou uma agulha, dessas de costura, e começou a “costurar” o próprio corpo.



- Do Cezar?



- Não criatura. Dele próprio. Ia costurando, enfiando a agulha no peito e puxando do outro lado, enquanto falava em uma língua toda embaralhada. Depois, pegou o Cezar pelas mãos e levou-o embaixo da cachoeira. E foi falando...falando...e acabou. Voltamos para casa.



- Acabou como? Não aconteceu mais nada?



- Não Lúcia. Acabou o banho de cachoeira. Ao voltarmos para casa ele/entidade deu para o Cezar uma “guia de crianças”. Um lindo colar de várias cores. E disse: - Toda a vez que precisar, segure esta guia e peça ajuda, que as crianças te ajudarão. O Cezar pegou a guia com aquela cara de “parece que não sei, entende” e foi para seu quarto tomar banho. Ai sim, chegou minha vez de perguntar.



- Finalmente. E perguntou o quê?



- Perguntei sobre o trabalho do senhor João.



- Do senhor João? Mas porque para ele?



- Oras Lúcia. Para mim espiritualidade é espiritualidade. E se É, não há separatividade. Eu perguntei então que se havia sido feito um trabalho para quebrar a magia que estava afetando o Cezar, porque não dera resultado? Sabe o que ele disse? Que eu era a culpada!



- Você? E porquê?



- Sim, pra variar eu sou culpada. Ele disse que fui imediatista. Que não encontrando o Cezar curado não havia procurado pelo senhor João para saber a causa. Que se eu tivesse ido e não desistido de pronto, as coisas já estariam andando para a cura do Cezar.



- É, tem lógica! Você é culpada – respondeu Lúcia rindo.



- E disse ele ainda : - As energias negativas agora foram de vez afastadas. Mas restou o problema físico. Você deve levar o menino ao primeiro médico terreno novamente para que ele fique definitivamente curado. Respondi que já havia feito isso ainda a poucos dias. Ai ele/ela ficou bravo dizendo:

- Faça o que eu estou mandando! Não estou pedindo. Estou mandando. O menino agora está sob a proteção das crianças.



- Ôba! Queria ver a cena de alguém mandando em você. Obedeceu?



- Obedeci criança. Como agora quem vai me obedecer é você. Vamos descansar e amanhã continuamos. Certo?



- Certo, minha mimosa.

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