O LIVRO ( sem nome )
SEGUNDA PARTE
Continuação 06
- Então querida, vamos aos fatos e aos atos? Disse Lúcia sorrindo.
- Vamos lá menina. Bem, o Cezar é um “milagre” desde o seu nascimento.
- Como assim?
- Eu estava no sétimo mês de gestação quando por uma tristeza muito grande da qual fui acometida, minha pressão foi aos píncaros, tive eclampsia, e entrei na sala de cirurgia com o médico dizendo à minha mãe : - Vamos tentar salvá-la mas a criança já não é mais possível. Não há mais batimentos cardíacos.
- E o Cezar nasceu bem. É, médico também se engana...
- Claro, são humanos e passíveis de erros. Mas com Cezar, vão se enganar assim... Ou não será engano nenhum? Você me ouça, e tire tuas conclusões.
- Conta ai mimosa. Estou prestando atenção.
- Lúcia, para que entenda melhor o que vou te contar, diga-me se assistiu um filme, um seriado na TV que mostrava um homem, Hulk, que ao ficar nervoso ficava imenso, seus músculos cresciam a ponto de arrebentar os botões de sua camisa e sua pele ficava de cor verde. Assistiu?
- Sim mimosa. O poderoso Hulk.
- Pois bem. O Cezar tinha na época dos fatos, 12 anos de idade. Estava cavalgando aqui no sítio quando num repente, sentindo uma forte dor de cabeça, desmaiou.
- Nossa Wal, deve ter sido forte esta dor. Assim, do nada?
- Sim filha. Assim, do nada. Até então ele era uma criança normal, com desenvolvimento físico normal. Foi um susto enorme. Imediatamente voltamos para São Paulo e fomos procurar ajuda médica. Foi então que Cezar se submeteu a uma bateria de exames radiológicos e neurológicos. O resultado: NADA. Nenhuma alteração física foi constatada.
- Que bom, folgo em saber. Mas onde é que entra o Hulk neste teu relato?
- Ouça. Passou uma semana da primeira dor, e ele teve a segunda. Mais forte. Ele colocava as duas mãos na cabeça e gritava de dor. Gritava não, uivava! Durava alguns segundos e em seguida ele dormia durante um longo tempo.
- Que coisa estranha...
- No começo era uma vez por semana que acontecia. Depois, duas vezes, três vezes...todos os dias!
- Muitas vezes ao dia ou tinha um horário especifico para acontecer?
- Não querida. Uma vez ao dia e não tinha uma hora determinada. Em casa, na escola, em algum passeio. Mas nunca, nunca mesmo, enquanto em atendimento médico. E você há de imaginar que passamos, ele e eu, a percorrer consultórios e hospitais dioturnamente.
- Imagino, sabendo como você é, imagino.
- Pois é. Tudo foi tentado, tudo foi pesquisado, e nenhum resultado se apresentava. E as crises persistiam e foram num crescendo de intensidade. E ai entra a figura do Hulk. Era exatamente como Cezar ficava. A impressão que se tinha durante esta dor é que o corpo físico dele crescia, ficava enorme, e Cezar ficava da cor violeta. Roxo. Dormia em seguida e acordava normal, como se nada tivesse acontecido.
- Bem, a mudança de cor deveria ser pelo esforço e pela dor. Mas crescer de tamanho? Que coisa...
- Pois crescia querida. Meus filhos são grandes e Cezar não é exceção. Ele já tinha um porte físico considerado grande para um menino de 12 anos. Mas ficava tão grande e tão forte durante a tal crise, que para te dar uma idéia aproximada vou te contar que não podíamos colocar as mãos nele quando da dor. Certa vez, não sabendo disso, havia alguns empregados em casa em uma dessas dores, e ao ouvirem o grito dele correram para acudir. Quiseram segurá-lo, ampará-lo com receio de que cairia. Ao colocarem as mãos nele, a reação foi surpreendente. Abrindo os braços ele os lançou longe. E olha menina, eram homens fortes. Mas saíram literalmente voando. Lembra do filme do Hulk e estará vendo a mesma cena.
- Nossa! E o que você fez para resolver isso tudo?
- Ah querida, esgotei todos os recursos médicos. Onde me diziam que havia um especialista, lá íamos nós, não importando o local. Depois de percorrer o Brasil já estava fazendo planos para ir para o exterior. Buscar explicação para o inexplicável, uma vez que todos os exames eram negativados. Em minhas orações eu não pedia a cura, eu pedia que a doença fosse diagnosticada. Que meu filho pudesse ter algum tipo de tratamento. E foi ai que um dia...
- Pela Dor você buscou a espiritualidade.
- Certissima tua dedução. Comecei pela igreja católica, depois evangélica, benzedeira, operação espiritual, o que você imaginar eu procurei. Foi quase um ano inteiro de busca sem resultados.
- Nada acontecia? Que agonia Wal.
- Nada acontecia não é certo eu dizer. Aconteceram coisas interessantes, e por conta delas não desisti da busca.
- Se são interessantes, você pode contar por favor!
- Vou te contar, pois acho importante que saibas.
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