sábado, 9 de maio de 2009

O LIVRO ( sem nome ) - PRIMEIRA PARTE/FINAL

O LIVRO ( sem nome ) -

PRIMEIRA PARTE/FINAL




- “In chimarrão veritas” ! Vai tomar um porre de chimarrão e contar teus pecados – disse Lúcia rindo.



- Você é mesmo uma querida criança, filha. Mas vamos lá, vou te contar. Como já te disse, eu tinha pouco mais de dez anos quando Mário me abandonou a primeira vez. Até os dias de hoje não consigo ainda usar outra expressão.



- E como foi esse abandono?



- Na última vez em que estivemos juntos naquele tempo, Mário me disse que iria reencarnar. Que havia obtido esta autorização pois queria estar por aqui quando chegasse o momento da Nova Era. Queria ajudar nessa transição.



- É um direito dele, não te parece?



- Claro que sim. Mas eu não podia prescindir dele assim, sem mais nem menos. Ele era o meu irmão, meu amigo, em quem eu confiava plenamente. Eu tinha somente ele em meu coração. Ah! menina, como eu chorei. Comecei chorando lá, aos dez anos, e choro até hoje a impossibilidade de estar com ele.



- Minha santa, que criatura mais chorona!



- Pois é, sou mesmo. Perguntei onde ele iria reencarnar. Se seria perto de mim. Ele disse que não, que seria longe. Mas que havia a possibilidade de nos reencontrarmos. Possibilidade só para mim não bastava. Eu queria que ele me desse certeza. E esta certeza ele não pode me dar. A única garantia que existia para este reencontro, seria o merecimento de, apesar de vivenciarmos na Terra uma outra realidade, que nossos corações se mantivessem unidos pelo Amor, disse ele. Esta seria a única possibilidade.



- Então, se você ainda não encontrou o teu Mário, vai encontrar. Amando este homem como você ama, com certeza irá encontrá-lo.



- Sobre isso falarei depois. Agora quero te contar sobre o grande erro que cometi.



- Não mimosa, antes me conte se continuou indo para o lado de lá, mesmo o Mário não estando mais a te esperar.



- Fui sim, apenas uma vez. Depois não fui mais. Ficava por aqui mesmo, tentando encontrá-lo.



- Como assim? Ele não disse que reencarnaria longe de você? O que fez, saiu viajando?



- Sua boba. Para de me fazer rir, menina. O assunto é sério.



- Sei que é sério mimosa. Mas sério também é o meu querer que você fique mais tempo por aqui. E do jeito que a coisa vai...



- A rotina do meu viver, dos dez anos até os quinze anos tornou-se massacrante. Colégio pela manhã, fisioterapia até as 15 horas, e dormir, até a manhã seguinte.



- Dormia tudo isso? E ainda diz que era massacrante?



- É. Eu dormia sim. Dormia e ficava perambulando por toda parte tentando encontrar o Mário. E nunca encontrei. Nem vestígio. Olha que imbecilidade. Eu sabia que ao encarnarmos perdíamos as lembranças. Eu sabia que ao encarnarmos, nossa aparência física era outra. Mas eu não aceitava estas verdades. Eu pensava que poderia encontrá-lo. E tentei. Tentei muito. Não consegui nada. E foi nessa época também que tive outras perdas. Dolorosas perdas que me fizeram sentir mais e mais abandonada.



- Que perdas foram essas querida?



- Primeiro foi minha Nona. Depois, foi meu tio Sebastião.



- Deve ter sido triste mesmo. Os dois assim, em seguida...



- Foi filha. Muito difícil.



- Bah! mimosa, e porque você não foi ter com eles lá do outro lado se sabia ir?



- Porque eu sentia em meu coração que eles estavam bem. Eu sabia que lá era bem melhor do que aqui. E eu estava buscando o Mário. Esta era a minha prioridade. Até que um dia...



- Você cometeu o grande erro!



- Sim, eu cometi o grande erro. Era o dia do meu aniversário de quinze anos. Data importante para as meninas naquela época. Era a idade que deixávamos de ser crianças para sermos aceitas como jovens mulheres. Eu não queria me sentir mulher feita. Eu não sabia nada sobre isso e o Mário não estava aqui para me ensinar. Foi ai que tive a grande idéia...imbecil, é claro. O grande erro que não se consumou felizmente.



- Fala logo querida, já estou nervosa.



- Eu morava em um pequeno prédio de apartamentos. Mais exatamente no terceiro andar. Meu quarto tinha uma janela imensa, de onde eu podia ficar olhando o céu, as estrelas...e também o “campinho” onde eu brincava com o Mário. Foi então que eu pensei. Se enquanto eu estava aqui e ele estava lá era possível estarmos juntos e agora ele esta aqui...



- Já imagino. affMaria mimosa, que idéia mais errada.



- Exatamente. Pensei assim: se ele está aqui e não posso encontrá-lo, se eu for para lá ele poderá me encontrar. Fala a verdade, não tinha lógica?



- Tinha sim. Mas é uma prova que nem sempre o lógico é o certo.



- Isso mesmo. Nem sempre o que nos parece lógico é o certo. E foi isso mesmo que a Nona veio me dizer.



- Como? A Nona? Mas você não disse que ela tinha morrido?



- E tinha mesmo Lúcia. Mas quando eu me sentei na janela, ouvi uma voz dizendo : O que pretende menina? Me virei na direção da voz e lá estava ela, com as mãos na cintura e carinha de aborrecida.



- Eu teria caído da janela! – disse Lúcia rindo.



- Mas eu não cai. Desci e fui em direção a ela. E disse : Nona, eu quero encontrar o Mário e não consigo. Se eu for junto com você ele me encontra. Então ela me explicou que o maior erro que podemos cometer é atentarmos contra nossa vida. Se assim o fizermos, iremos vibrar em uma outra casa do Pai, onde estão todos cuja vibração é baixa. E ai sim iria demorar eons de tempos para eu poder reencontrar o Mario. Disse ainda que a escolha era minha, mas que eu pensasse bem antes de decidir.



- E você decidiu ficar. Garanto que foi porque não queria passar séculos e mais séculos sem encontrar teu Mário.



- Não é preciso ser uma expert para chegar a esta conclusão linda querida.



- Quer dizer então que não era apenas o Mário que você podia ver?



- Claro que não. Não lembra que te contei sobre aqueles que via na mesa branca?



- É verdade. Mas assim, em especial, tinha algum ou alguma outra que você podia ver sempre?



- Tinha e tem ainda. Eu o chamo de meu guardião. Não pergunte o nome porque não sei.



- Porque guardião? Como ele é?



- Eu o chamo assim porque ele está sempre onde eu estou, e me dá a sensação que está tomando conta de mim. Fica sentado em um banquinho. Ele tem pele negra e veste-se todo de branco. Até o chapéu que usa é branco. Tem um sorriso doce, mas tem os olhos matreiros. Não fala comigo nem mentalmente, apenas sinaliza com a cabeça.



- E o Tião, quer dizer o Sebastião, você o vê?



- Não. Eu o ouço e sinto a sua presença. Sei que é ele quando chega porque o vejo na minha cabeça. A imagem de como ele era, entende?



- Já estou ficando preocupada. Tem alguém por aqui? – disse Lúcia rindo.



- Claro que tem sua criança boba. Tem seres lindos ao teu lado, sempre. E tem alguém aqui, em especial que quer te fazer um pedido.



- Verdade? Manda ver. O que está pedindo?



- Que deixemos esta conversa para amanhã. O dia já está amanhecendo e temos que repousar um pouco. O que acha?



- Que você é uma chata. Mas está bem. Descase então, mas amanhã você não me escapa. Quero saber mais.

Um comentário:

Margareth disse...

Hoje levantei pensando no que tenho que fazer
antes que o relógio marque meia noite. É minha
função escolher que tipo de dia vou ter hoje.
Posso reclamar porque está chovendo...
ou agradecer às águas por lavarem a
poluição.
Posso ficar triste por não ter dinheiro... ou
me sentir encorajado para administrar
minhas finanças, evitando o desperdício.
Posso reclamar sobre minha saúde... ou
dar graças por estar vivo.
Posso me queixar dos meus pais por não
terem me dado tudo que eu queria... ou posso
ser grato por ter nascido.
Posso reclamar por ter
que ir trabalhar...
ou agradecer por ter trabalho.
Posso sentir tédio com as tarefas de
casa... ou agradecer a Deus por ter um teto
para morar.
Posso lamentar decepções com amigos...
ou me entusiasmar com a possibilidade de
fazer novas amizades.
Se as coisas não saírem como planejei,
posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.
O dia está na minha frente esperando
para ser o que eu quiser.
E aqui estou eu, o escultor que pode dar
forma.
‘Tudo depende só de mim’”

Eu Amo vc!
Estou Aqui para compartilhar a luz com vc!
Namastê