O LIVRO ( sem nome ) -
SEGUNDA PARTE
/CONTINUAÇÃO 12
- Como eu ia dizendo menina, nós íamos de surpresa em surpresa. E a maior ainda estaria para acontecer.
- Então conta Wal. Estou muito curiosa para saber.
- Saber...e aprender querida. Estou abrindo estas páginas do meu viver na intenção maior de que sirvam de entendimento e crescimento espiritual. Meus “privilégios” em vive-las trouxeram junto muita Dor. Quero muito que aprenda pelo Amor.
- Continuando, era já noite de terça feira. O Cezar seria operado logo nas primeiras horas de quarta. Vieram prepará-lo para cirurgia e quando rasparam sua cabeça todinha fiquei olhando e pensando : - Porque será que esta criança, tão linda externa e internamente está sendo submetida a esta prova tão dura? Tem um cabelo tão lindo, forte, vigoroso, e que serve como moldura perfeita para seu rosto. Será que um dia poderei acariciá-lo novamente? Será que um dia meu filho terá cabelos novamente? E se tiver que fazer quimioterapia, ficará careca para sempre? Este tumor bem que poderia ser benigno e que esta agonia tivesse fim amanhã.
Veja menina, que coisa mais idiota de se pensar.
Veja como estava eu presa aos conceitos de beleza.
- Ora mimosa, acho que estava pensando o normal.
- Normal? Lúcia, meu filho estava sendo preparado para abrir a cabeça. Iam cortar um pedaço de seu celebro. O tumor estava localizado na área do comportamento, e como tinha sido alertada pelo médico, havia uma possibilidade de que o resultado fosse terrível.
- Terrivel como? affMaria!!!
- Veja, ele explicou que tirariam o tumor que estava na área do comportamento. Possibilidades? Lesão irreversível como problemas de memória, por exemplo. Ou problemas comportamentais tipo loucura.
- Nossa Wal! Que sufoco!
- Sim, e eu ali pensando no cabelo, na beleza, no exterior. Também te contando isso agora estou me perdoando, pois entendo agora que foi mais um ato de defesa para minimizar meu sofrimento em não querer pensar nas possíveis conseqüências das quais o médico havia me alertado.
- Ah Wal, te conhecendo acho mesmo que foi é um ato de FÉ. Você sabia que tudo iria dar certo!
- Pode ser. Mas agora os motivos não importam. Já me perdoei.
- Então conta da cirurgia.
- Certo. Logo que amanheceu vieram dar o pré anestésico. Eram 7 horas da manhã – sete novamente? – quando iniciou a cirurgia. Terminou as 12,30hs. Cezar foi levado para a UTI onde permaneceria 72 horas, o médico me explicou. E aconselhou: - Vá para casa e descanse. Não vai poder vê-lo nestas 72 horas. Realmente eu estava precisando de uma pausa, pois não dormia já a dois dias e estava exausta. Não queria arredar pé de lá, mas as palavras mágicas foram ditas:
- Vá descansar Walkyria. Quando teu filho for para o quarto você precisa estar bem pois ele irá precisar de você.
- E ai você tomou juízo e foi.
- Sim, eu fui. Mas de nada adiantou eu ter ido. Eu morava na época a uma meia hora distante do hospital, pois o trânsito de São Paulo é caótico. Nem bem cheguei, estava ainda com a bolsa na mão e o telefone toca. Vou atender e lá vem:
- É dona Walkyria? Aqui é do Einstein. O dr. Brandt está pedindo sua presença urgente aqui no hospital.
- Minha Nossa Senhora!
- O percurso que levei meia hora para fazer vindo, respeitando sinais e contra mãos, levei 15 minutos para voltar. Em lá chegando, subi direto para o andar da UTI. Ao sair do elevador eu ouvia do Cezar gritando : - Me desamarre! Não sou um bicho para ficar amarrado. Cadê a minha mãe? Gritava isso...e mais uns palavrões junto.
- Mas o médico não disse que ele acordaria apenas no dia seguinte por conta da sedação que foi profunda?
- Disse Lúcia. E este seria o normal, como confirmei depois. Mas tinha acordado e estava aos berros.
- E o que você fez?
- O que eu fiz? O que devia fazer minha santa. Invadi novamente a área restrita. Cheguei até o quarto onde ele estava orientada pelo som de seus berros. Entrei e lá estava toda a equipe médica e de enfermagem da UTI. O Cezar estava todo amarrado no leito. Mãos, pés e cabeça. Me explicaram ser este o procedimento para evitar que ele levasse às mãos na área cirurgiada quando estivesse acordando ou mesmo que tentasse se levantar.
- E quando ele viu você o que falou?
- Disse assim : - Mãe, fala pra estes caras me desamarrarem agora! E eu falei, pedi educadamente : - Vocês podem por favor atender o pedido de meu filho? Todo mundo ficou parado, estático, feito pedra. Nenhum movimento para atender meu delicado pedido.
- E ?
- E? Eu mesma fui desamarrar oras. Quando o médico cirurgião percebeu que eu ia mesmo fazer isso, ele disse:
- Teu filho está muito agitado Walkyria. Seria prudente que ele permanecesse imobilizado.
Olhei bem dentro dos olhos do Cezar, e vendo neles dois imensos lagos azuis de tranqüilidade, respondi:
- Eu assumo as conseqüências. Se a enfermagem não desamarrar eu desamarro. Então o Brandt concordou e deu a ordem.
- E o Cezar, quando se viu livre, o que fez?
- Sentou-se na cama e disse: - Puxa mãe, eu estou morrendo de fome. Não tomei café ainda. Quero comer.
- Walkyria, não acredito no que está dizendo.
- Pois acredite menina. Os médicos olharam um para a cara do outro e ficou claro que nem eles estavam acreditando no que estaria acontecendo. Mesmo assim, após terem feito um rápido exame, permitiram a remoção do Cezar para o quarto.
Era 14,0hs quando o Cezar fez sua refeição e feliz da vida dormiu. Dormiu até o amanhecer de quinta feira. E somente ai, quando ele acordou bem disposto, conversou comigo normalmente, sem indícios nenhum de alterações maiores, é que eu “desmoronei”.
- Desmoronou como?
- Cai, desmontei, desmoronei física e emocionalmente. Minha mãe que havia chegado com minha sobrinha disse então que David me levasse para casa e me obrigasse a um sono reparador. Foi então minha filha, que tive uma das maiores e melhores emoções deste meu viver.
- Ôba! Conta então querida.
- Eu sabia que tinha que me manter firme, bem, para poder cuidar o pós operatório do Cezar. Então concordei. E fomos. Minha sobrinha Renata foi junto conosco. Entramos no carro e ao sair do estacionamento, bem acima de nós eu vi um lindo, maravilhoso, indescritível...disco voador. Pode chamar de OVINI, do que quiser. Pedi ao David que parasse o carro e desci. Ele e minha sobrinha também desceram. Renata também viu, mas David não. O disco estava bem pertinho, imenso. Não preciso descrever se você sabe o que vem a ser uma nave mãe.
- Sei do que vi no filme.
- Pois é menina. Quando eu vi no filme chorei de emoção. Era igual, maravilhosamente igual. Eu somente consegui perguntar: - Vocês estão vendo? David respondeu: Vendo o que? Renata disse: - Você está falando desta nave linda acima de nós? Se for, eu estou também.
- E depois? O que aconteceu?
- Bom, a nave desapareceu. Não indo embora, voando. Não! Apenas sumiu. Depois de alguns anos é que eu entendi o porque de tê-la visto.
- E porque foi?
- Já vou te contar.
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