A SOCIEDADE SECRETA DE JESUS
- ROMÉRO DA COSTA MACHADO
- CAPÍTULO II -
ERROS E CONTRADIÇÕES BÍLICAS
- ANTIGO TESTAMENTO
— "Pai, se a Bíblia tem tantos erros, por que ninguém fala deles?"
— "Fala sim, filho. Você é que não sabe. O problema é que esta questão de contestar a Bíblia arrasta-se por séculos e séculos. Vem de muito longe. Do tempo em que o Estado e a igreja viviam juntos abertamente, eram parceiros e faziam uma união terrível. Obrigavam as pessoas a acreditar no que estava escrito na Bíblia. Quem discordasse da Bíblia era queimado vivo, era um ateu, um bruxo, um herege. E, logicamente, ninguém queria ser queimado vivo ou ter sua família perseguida porque alguém fora (fora) considerado herege. Mas, ainda assim, mesmo diante de todo este risco, a Bíblia foi muito contestada e é muito contestada ainda hoje em dia, pois até mesmo entre membros de uma mesma convicção religiosa existem divergências bíblicas quase que insuperáveis. Haja vista que os próprios cristãos se dividem em muitas centenas de denominações (igrejas) de agremiações diferentes. Nem eles se entendem entre si, cada qual criando e inventando suas interpretações pessoais e particulares para as coisas que estão escritas na Bíblia.
A bem da verdade, os cristãos, de uma maneira geral, não hoje em dia, mas ao longo dos séculos, não primavam pelos princípios da liberdade. Para eles, liberdade resumia-se no direito de forçar os outros na crença de sua religião. Tudo que fugisse ou escapasse do cristianismo era heresia.
Qualquer contestação à Bíblia era considerada heresia.
Essa técnica de impor a sua religião cristã como sendo a única religião certa, considerando como herege tudo mais que fosse diferente, embora fosse uma técnica autoritária bastante simples, sempre mostrou-se de uma eficácia avassaladora.
Os defensores da Bíblia consideravam a Bíblia como sendo "a palavra de Deus" e ao mesmo tempo apresentavam-se como sérios moralistas (em geral, "uniformizados" de moralista, pois para demonstrar um aparente moralismo usavam sóbrios "uniformes", que mais assemelham-se a fantasias, e dependendo do século estas vestimentas ora são roupões sóbrios, túnicas cheias de paramentos, ora como, recentemente, paletó e gravata, e quem não acreditasse na Bíblia e na "moralidade" dos representantes sóbrios "bem vestidos" da Bíblia era considerado um imoral, um herege.
E tendo como pano de fundo as fogueiras da inquisição para atormentar a sanidade das pessoas, guiadas pelo medo, as pessoas passaram a "acreditar" na Bíblia muito mais por medo e imposição do que por qualquer outra coisa.
O certo é que, independentemente de toda essa questão, a Bíblia passou a ser (autoritariamente) imposta e considerada como um livro sagrado, ou o mais grave, imposta autoritariamente como sendo a "palavra de Deus". E por ser a "palavra de Deus" não havia como alguém contestar as sábias "palavras de Deus" (senão era fogueira na certa).
Foi preciso muita força e coragem daqueles que sabiam que a Bíblia não era a "palavra de Deus" para contestar as bobagens que estavam na Bíblia e com isso trazer a luz (renascença) à idade das trevas (idade média).
Hoje em dia, libertos do massacrante poder da igreja (embora a igreja ainda detenha um certo poder hipócrita), não temos mais que sujeitarmo-nos às regras imperiais da igreja ou enfiar a cabeça na areia como avestruzes esperando que Deus nos proteja do medo e da superstição por estarmos contestando palavras e preceitos errados passados pela Bíblia.
Ainda assim, embora atualmente ninguém seja mais mandado para a fogueira da santa inquisição por discordar do queestá escrito na Bíblia, a maioria das pessoas sente-se intimidada e ameaçada pela excomunhão, pelas pragas que são rogadas, pelas maldições e ameaças de arder no inferno, ao apontarem erros e incoerências do que está escrito na Bíblia. Em geral, estas pessoas que contestam a Bíblia são acusadas (pela via fácil da defesa religiosa) de serem o anticristo ou de estarem incorporadas ou orientadas pelo diabo."
— "Mas, pai, você não vai ser acusado de anticristo, né pai?"
— "Não sei. Pode até ser. Tem ignorante para tudo. A via mais fácil de defesa da Bíblia é excomungar a quem contesta, ameaçar com o inferno, chamar de herege ou coisa do gênero. Mas também, se excomungarem, não faz a menor diferença. Não será isso que irá alterar o rumo da minha vida ou a firmeza das minhas contestações.
De uma forma errada e fundamentalista, os cristãos do mundo inteiro são doutrinados a acreditar cegamente no que está escrito na Bíblia, de preferência o mais cegamente possível, sem perguntar, sem contestar e estão condicionados a idolatrar a Bíblia como sendo a "palavra de Deus", e a aceitar e acreditar, fervorosamente, em tudo e qualquer coisa, por mais estúpida que seja, sem questionar, de verdade. Porque, questionar, para a igreja, é proibido, é profano, é anticristão.
Para você, filho, entender as críticas à Bíblia, primeiramente você tem que entender que a crítica e o questionamento não são sacrilégio, heresia ou imoralidade. Porque perguntar, questionar, tentar entender, não são sinais ou sintomas de heresia. E, acima de tudo, antes de qualquer coisa, você tem que ter a mente aberta. Até porque, os seus questionamentos têm uma direção, uma finalidade, que é a busca da verdade e de Deus.
Para saber o que diz a Bíblia, antes é necessário saber o que é a Bíblia, como ela está composta e dividida, para depois você tentar entender o seu conteúdo.
A Bíblia é um conjunto de livros, escritos por pessoas normais, comuns, de carne e osso como eu e você, diferentes somente por serem estudiosos de religião, que anotaram o que era passado pela tradição oral, boca a boca, e que também copiaram e plagiaram grande parte do que está escrito em outros livros e ensinamentos mais antigos, como a Torah dos judeus, por exemplo. As palavras da Bíblia, em grande parte, são palavras de sabedoria e ensinamento, mas também tem muita bobagem, muita mentira, muito erro, muita contradição, conforme a gente vai ver a seguir.
Portanto, a Bíblia não têm nada de "palavra de Deus", no sentido literal. Isso é invencionice e historinha que aos poucos você vai entender perfeitamente.
A Bíblia, embora existam muitas versões e traduções, uma pluralidade de Bíblias, por isso mesmo não é um livro único, de texto único, é um dos maiores focos de discórdia entre os cristãos. Mas, de uma maneira geral, a Bíblia está dividida em Antigo Testamento (com vários livros e vários autores, sendo que o mais tradicional e idolatrado por determinados segmentos religiosos é o Pentateuco, ou os cinco livros de Moisés) e Novo Testamento (composto por quatro evangelhos teoricamente escritos por quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João, e mais alguns livros, cartas ou epístolas, entre eles o Apocalipse, que dependendo do século e da versão da Bíblia o Apocalipse ora está na Bíblia, ora não está). Ou seja, resumidamente, Antigo Testamento, Novo Testamento.
Inicialmente a Bíblia era somente o Pentateuco (os cinco livros de Moisés), posteriormente foram acrescentados outros livros ao Antigo Testamento, e foi somente em 185 d.C., com o pronunciamento do Bispo Irineu, que os cristãos começaram a aceitar os quatro evangelhos do Novo Testamento. Entretanto, de fato, de fato mesmo, foi em 367 d.C. com a epístola papal de Atanásio que os quatro evangelhos foram oficialmente aceitos, compondo o Novo Testamento.
O Antigo Testamento, ou o livro do velho Deus, na parte do Pentateuco, é parecido com um livrinho de histórias infantis, falando sob a criação do mundo, da perseguição do povo judeu e do sofrimento desse povo no Egito. Nele Deus é apresentado de uma forma muito pequena, como um Deus tribal, um Deus apenas dos hebreus (judeus), preocupado com o povo hebreu (judeu) e com o seu quintal, como se o infinito fosse pequeno e o mundo girasse somente em torno de Israel, do Oriente Médio, Norte da África e o Oeste da Ásia. E é neste livro de historinhas que é contado a historinha fantástica de Adão e Eva, do dilúvio e da arca de Noé, entre outras historinhas mirabolantes..., enfim, tirando a parte de sabedoria, provérbios, ensinamentos e salmos, o Antigo Testamento é um livro de conto de fadas dos adultos, tendo como protagonista um Deus personificado como velho, barbudo, sentado numa nuvem, muito semelhante ao ser humano, que numa hora é vingativo e que em outra enche-se de culpa e perdoa. Ou seja, carrega todos os amores, paixões, ódios e defeitos do bicho-homem. É o Deus velho, inventado e criado pelo homem, à imagem e semelhança do ser humano.
Esse Deus velho "sentado numa nuvem", — que não tem nada a ver com o Deus imaterial, criador do universo —, coitado, é digno de pena. Parece uma caricatura estereotipada de um marido mandão, machista, preguiçoso, indesejável, e que qualquer esposa reconheceria nele seu parceiro de infortúnio. Só faltando sentar-se em frente da televisão e gritar pedindo para a mulher trazer uma lata de cerveja.
Esse Deus personificado, quase humano, descrito pelos escribas autores do Antigo Testamento, assemelha-se muito aos Deuses gregos e romanos, pois além de possuir emoções e desejos notadamente humanos, Ele é do sexo masculino (mulher naquele tempo não valia nada), tratava a mulher como escrava ou como um ser ignóbil e inferior. Ficava bravo com facilidade, espraguejava, vociferava, gritava, enganava, mentia, se enfurecia, castigava, era vaidoso, exibicionista, gostava de ser bajulado e de receber oferendas.
Tinha até umas pessoas de quem Ele gostava mais, e outras de quem Ele gostava menos. E, tinha até um povo (judeu) de sua preferência.
Por isso, filho, com um Deus tão humano como esse descrito no Antigo Testamento, eu não me surpreendi quando você me perguntou se Deus tinha avô, se Ele era homem ou mulher, se era preto ou branco, se tinha pai, mãe. Você não está errado não. É perfeitamente cabível a sua dúvida.
Esse Deus velho, do Antigo Testamento, assemelha-se muito a um Papai Noel dos adultos.
Não bastasse o Antigo Testamento apresentar um Deus velho improvável, acrescente-se ainda os erros e contradições gritantes do Antigo Testamento (a Terra era chata, era o centro do universo, o Sol é que girava em torno da Terra. As estrelas e os planetas eram fixos e pareciam lâmpadas pregadas e penduradas no céu. Sem contar que o Sol poderia ser parado durante algum tempo diante da Terra ou a Terra diante do Sol e nada acontecer ao planeta Terra e ao sistema solar).
Diante de tantos descalabros, ao longo dos anos, nem com as fogueiras da inquisição e nem com as ameaças para que a Bíblia fosse lida e interpretada diferentemente do que estava escrito e fosse sempre dado uma interpretação alucinada e mirabolante para as bobagens ali escritas, o Deus velho do Antigo Testamento, o tal "velho barbudo sentado numa nuvem", desacreditado, coitado, não resistiu e teve que passar para a aposentadoria, imposta pelos próprios cristãos, que renegaram este Deus e trataram de criar um novo Deus, específico para o Novo Testamento.
Hoje em dia, as religiões cristãs (salvo os tradicionais ortodoxos) evitam falar desse Deus velho, do Antigo Testamento, evitam fazer referência a Ele, têm vergonha d'Ele. Rezam para que não se fale do Deus velho do Antigo Testamento. Preferem o Deus novo do Novo Testamento. O novo Deus. O Deus da moda. O Deus do terceiro milênio.
— "E quais são esses tantos erros bíblicos do Antigo Testamento, pai?"
— "Vamos por parte, com calma. Eu não quero que você entenda a Bíblia na base da brincadeira, embora as vezes o assunto descambe para o ridículo. Mas, ao contrário, quero abordar a questão de maneira séria, citando os principais casos de erros e contradições, para que, munido de fatos e dados, você tire as suas próprias conclusões.
Da mesma forma, eu não gostaria que você, por falta de informação, achasse que os budistas estão errados porque vivem a vida somente preocupados com o lado espiritual e esquecem da vida material, ou que os muçulmanos são uns fundamentalistas radicais mandando todo mundo, que contrariar as leis de Alá, arder no mármore do inferno. Ou qualquer outra religião que tenha este ou aquele senão.
Diante de qualquer religião, por mais absurda que possa parecer, respeite. Questione, mas respeite. Entretanto, não abra mão de sua sanidade, de sua inteligência e de exercer o seu direito de crítica. Questione. Questione sempre. Busque a verdade e o conhecimento. Jamais leia a Bíblia ou qualquer outro livro religioso de mente entorpecida, disposto a aceitar coisas improváveis e absurdas, aceitando as coisas por aceitar. Muito menos leia os ensinamentos religiosos com desdém ou menosprezo. Busque a verdade como uma coisa universal, atemporal, que viva e resista por séculos e séculos, não por perseguição ou imposição, mas porque é lógica, racional e compreensível.
Antes e acima de qualquer coisa, tenha em mente que Deus não é regional, não é tribal. Deus não é um tiraninho de aldeia, preocupado com coisas pequenas, com um povo, com um lugar geográfico. Deus não é privilégio das Américas, da Europa, da África, ou da Ásia. Assim como não é privilégio de país algum, seja da China, do Japão, de Israel ou dos países Árabes. Deus é e tem que pertencer a uma verdade universal. E toda vez que você estiver contrariando a verdade universal você estará sendo tribal, regional, tendo um ser pequeno de mente estreita como sendo um Deus, restrito à sua tribo, ao seu mundinho, ao seu país ou continente.
O cristão radical (fundamentalista), como qualquer fundamentalista de qualquer religião, embora pense que tem, não possui a verdade-verdadeira. O muçulmano radical, embora pense que tem, não possui a verdade-verdadeira.
Cada religião arroga-se no direito de achar-se única e soberana religião dona da verdade, chegando mesmo a sentir pena e comiseração das demais religiões, acreditando que lodo mundo pode ter uma religião, mas o seu Deus, o seu Deus particular, é o único e verdadeiro Deus. E que o resto do mundo está enganado a respeito de Deus.
Não caia nessa armadilha. Não crie um Deus para você. Não invente um Deus. Busque o ensinamento, busque a sabedoria, busque a universalidade da vida e você encontrará Deus no amor, porque Deus é amor, Deus é paz, é perdão, é o respeito e o amor ao próximo, independentemente da religião que você professe. Pois só neste tipo de universalismo o ser humano é solidário e compreensivo."
— "Universalismo? O que é isso?"
— "É o seguinte: O ser humano só concorda entre si nas coisas universais. Paz, por exemplo, é universal e todo mundo é a favor. Todo mundo concorda. Fome, por exemplo, é universal e todo mundo é contra. Mas, se o seu vizinho — no particular — fizer uma besteirinha, der uma pisadinha no seu calo... aí o tempo fecha. E com Deus é mais ou menos a mesma coisa, pois, em princípio, todo mundo concorda com Deus (salvo os ateus). Mas, quando você sai do universalismo e particulariza a religião, dividindo quem fica com o que... aí a coisa descamba e acaba partindo até para o fundamentalismo e a intolerância religiosa. Por isso é que eu estou dizendo que a gente deve primeiro buscar as coisas imateriais e universais (paz, amor, perdão, amor ao próximo, etc.) e fazer as religiões convergirem para este foco, pois na particularidade cada religião puxa a brasa para a sua sardinha.
O maior dos problemas causados pela religião, de uma maneira geral, é a intolerância religiosa, o sectarismo, o egoísmo e egocentrismo religioso. Cada qual achando a sua religião a melhor do mundo, se não a única correta. E é desta convicção tola, estúpida, de mente estreita, que nasce o sectarismo, o fundamentalismo, a intolerância religiosa.
Isto porque, as religiões não colocam como fundamento principal de sua existência o ensinamento, o conhecimento, o questionamento, até mesmo da própria existência do ser humano diante de Deus. Antes pelo contrário, preferem a exploração da religião pelo domínio do medo (o castigo "divino", o inferno e satanás, são a base disso) como uma forma de manter o devoto da religião em permanente estado de dúvida entre o céu e o inferno para manter a religião viva acima de todas as coisas. Baseiam-se primordialmente na ameaça da punição, do castigo, do céu contra a ameaça do inferno.
As pessoas que temem o inferno ficam assombradas com a punição eterna, cegas e dominadas pelo medo. A idéia de inferno (como um lugar, uma região fixa e determinada) é uma invenção maquiavélica para garantir a hegemonia religiosa e estabelecer uma ditadura religiosa dominada pelo medo. Essas pessoas que temem e acreditam no inferno (como região, lugar fixo) vivem sua vida debaixo de uma tirania muito maior do que qualquer ditador humano possa estabelecer. Essas pessoas sentem-se constantemente vigiadas e acreditam até que permanentemente haja um olho "divino" vigiando todos os seus atos e até mesmo lendo os seus maus pensamentos. Essas pessoas acreditam que todas suas palavras estão sendo registradas, todas suas ações estão sendo anotadas, até mesmo seus pensamentos mais íntimos são conhecidos e julgados pelo mestre cruel, pronto para aplicar, sem dó nem piedade, o castigo eterno."
— "Então não existe o Diabo, pai?"
— "Personificado... não. Com rabo e chifre, não. Assim como não existe o Deus personificado, como um velho barbudo sentado numa nuvem. O bem existe, tanto quanto o mal existe. A bondade existe, tanto quanto a maldade existe.
Mas, daí você personificar Deus e o Diabo, à imagem e semelhança do homem, colocando um barbudo sentado numa nuvem e o outro de rabo e chifre numa fogueira, a diferença é grande.
Se você falar no bem como forças de luz, tudo bem. Se você falar no mal como forças das trevas, tudo bem, também. São sentidos figurativos aceitáveis. Se você falar na lei do retorno, ou seja, se você praticar o bem ele volta para você ou se você praticar o mal você será vítima da sua própria maldade, é compreensível. Pode-se até dizer que é uma "lei universal" (a lei do retorno). Mas, colocar imagem para o bem ou para o mal, aí já não faz mais sentido. Errado é personificar, dar forma humana a uma coisa imaterial como a bondade e a maldade, o bem e o mal, a Deus ou ao Diabo.
Quando as religiões transmitem ensinamentos (salmos, provérbios, etc.) essas religiões são lindas e caminham na direção certa. Mas, quando partem para a ameaça de você (ou sua alma) arder no inferno, do castigo perpétuo, na abusiva e descarada exploração do medo do ser humano ao desconhecido, ao invés da pregação do amor, da sabedoria e do conhecimento, essas religiões praticam o que há de pior na humanidade. Voltam a agir como na época do obscurantismo, como na idade média ou idade do terror, como se o ser humano fosse o mesmo ignorante da idade da pedra. E tratam o ser humano da pior forma que existe, mantendo-o permanentemente amedrontado e em profundo estado de ignorância."
— "Mas, pai, eu não quero saber muito das outras religiões, depois a gente discute isso. Vamos falar sobre a Bíblia e os problemas da Bíblia que é a religião mais perto da gente."
— "Veja bem, filho, quando eu falei de outras religiões era para deixar bem claro que eu não estava apontando esta ou aquela como a religião ideal. Ao contrário, eu queria mostrar que qualquer que seja a religião que você siga, fuja do sectarismo e da intolerância religiosa. Adote a religião que quiser, mas seja ecumênico na postura. Aceite antes de tudo o ecumenismo como regra de convivência."
— "Ecumenismo? O que é isso? É religião?"
— "Não. O ecumenismo não é religião, é um tipo de comportamento, como aquilo que eu falei ainda há pouco sobre o universalismo. Mas, se você quiser adotar isso como regra de vida, o ecumenismo até pode ser uma religião ou uma convicção. O ecumenismo surgiu no início do cristianismo sob a forma de gnosticismo, como uma solução para a pregação do evangelho, de maneira a alcançar a maior quantidade de gente possível. Foi a forma (gnóstica) encontrada para congregar todas as tendências e denominações religiosas debaixo da mesma religião cristã.
Ou seja, manter os cristãos unidos. Embora a idéia fosse boa, não deu certo, pois a igreja católica quis coordenar o ecumenismo e centrar em si o ecumenismo, daí veio o fracasso e a dispersão (mas a idéia de respeito e tolerância ecumênica é muito boa).
Hoje em dia, o sentido de ecumenismo é bem mais amplo do que o que foi tentado pela igreja católica no início. O Ecumenismo é uma universalidade de religiões centrada na disposição de convivência e no diálogo entre várias tendências religiosas. Em termos simples, quer dizer, aceitação de diálogo entre todas as religiões possíveis.
Mas, voltando ao cristianismo e à Bíblia, abordando claramente a religião cristã, em especial a religião católica, que é a que está mais próxima de você. Se você puder ler a Bíblia e tirar dela os ensinamentos que ela contém, ótimo.
Leia os salmos, leia os provérbios, leia os ensinamentos. Há muita coisa linda na Bíblia. É um livro fantástico. Mas leia a Bíblia com a mente aberta, entendendo as coisas com o coração, mas sem abrir mão do questionamento, da sua sanidade e da sua inteligência. Não aceite as coisas por aceitar. Não aceite interpretações burras ou estúpidas para remendar as bobagens do que foi escrito. Não aceite por ter que aceitar, muito menos tenha a Bíblia como "a palavra de Deus". A Bíblia foi escrita por seres humanos, de carne e osso como você. E principalmente tenha em mente que assim como existem estes livros que compõem a Bíblia, existem trocentos outros que foram retirados ou negados a sua inclusão na Bíblia por serem gnósticos ou "apócrifos", contradizendo a verdade regional e local do oriente médio nos séculos em que aquela realidade foi retratada.
Nós estamos falando da Bíblia (e não do Corão (Alcorão), Torah, etc.) porque você, filho, está sendo parcialmente direcionado para uma religião cristã quase que por hereditariedade ou por uso e costume do país católico em que você vive, porque é uma questão de cultura do nosso povo. Fomos colonizados e catequizados por jesuítas. Fomos criados e educados na religião católica, aceitando todos os rituais e sacramentos da religião: comunhão, batizado, casamento, etc. Eu fui batizado, crismado, ia sempre à missa, participava das atividades regulares da igreja, fiz encontro de casais com Cristo, fui coroinha, congregado mariano, ajudei missa, estudei teologia, acompanhei procissão. E, queira ou não, os filhos tendem a adquirir as convicções religiosas dos pais. Se eu fosse judeu, certamente você teria ensinamentos da religião judaica. Se eu fosse muçulmano, você estaria tendo ensinamentos da religião muçulmana. E assim por diante.
O que eu estou querendo dizer é que, embora você esteja tendo toda a base e ensinamento da religião cristã, por causa da formação de seus pais, porque sua mãe é católica e eu um dia fui católico, você não tem necessariamente que seguir os passos do que os seus pais são ou foram um dia, e muito menos o que somos agora. Ao contrário, você está livre para escolher a religião que quiser. Não se atenha aos seus pais como exemplos, até porque da mesma forma que eu questionei a religião católica, a que eu pertencia, assim como questionei várias outras religiões, antes de pensar em adotálas, cedo ou tarde você deverá questionar, também, tudo isso que ora eu passo a você como informação.
— "Se você não é católico, pai, qual é a sua religião?"
— "Eu até poderia me considerar católico, na acepção da palavra Katholikós = Universal, conforme usado pela primeira vez no ano 110 por Inácio da Antióquia. Mas, jamais me consideraria católico apostólico romano, por sérias e quase irreconciliáveis divergências com a igreja romana (do riquíssimo Papa que mora no Vaticano). Desta igreja, embora mantenha respeito, estou dela divorciado.
Honestamente eu não saberia classificar nominalmente a minha religião, se é que o que eu acredito seja religião se religião for, se ela tem nome.
No futuro, quando você tiver maior conhecimento, você também poderá e deverá questionar tudo isso que estamos debatendo agora.
Por agora, entenda somente que, racionalmente, nem a Bíblia, nem Alcorão, nem a Torah, nem livro religioso algum, embora sejam livros inspirados, com grandes e preciosos ensinamentos, nenhum desses livros é a "palavra de Deus" (literalmente). São livros que foram escritos por escribas, seres humanos, e como tal, são imperfeitos.
Esses livros não são a palavra de Deus, literalmente, porque nunca um ser humano viu Deus, nunca um ser humano falou com Ele, e muito menos Deus se prestou ao pequeno papel de escrever um livro ou vários livros para dar aos seres humanos um manual ou guia de sobrevivência na Terra, como algumas religiões, de uma maneira geral, querem fazer crer.
A bem da verdade, por mais contraditório que possa parecer, todos os livros religiosos, sejam de quais religião forem — no sentido figurado — são a palavra de Deus, porque toda palavra inspirada, de sabedoria, é tida como a palavra de Deus. Mas, acontece que espertos religiosos, aproveitam-se do sentido figurado, garantem literalmente que tal e qual livro é a palavra de Deus, como se Deus fosse um executivo ditando o que lhe convém, enquanto um escriba qualquer faz o papel de secretário particular de Deus. Isso é uma bobagem infinita e de um fanatismo religioso sem precedentes.
Note bem que isso de considerar determinado livro como "a palavra de deus" não é privilégio da religião cristã. Acontece em qualquer religião. E, por esta razão, por terem sido escritos por seres humanos, todos os livros religiosos, seja de que religião for, têm erros, têm contradições, têm mentiras, tanto quanto é próprio dos seres humanos cometerem estes tipos de erros. Até porque a perfeição humana não existe."
— "Ah, então quer dizer que os erros que existem na Bíblia também existem nos outros livros religiosos?"
— "Claro que existem."
— "E estes erros, pai, existem porque esses livros foram escritos por seres humanos iguais a nós? E por isso esses escritores da Bíblia cometeram um monte de erros?"
— "Exatamente isso."
— "Que erros bíblicos são esses, pai?"
— "Bom, vamos ver se agora a gente engrena. Vamos parar um pouco de explicações paralelas e começar a falar sobre os erros e contradições da Bíblia sem fugir do tema.
Vamos falar primeiro do Antigo Testamento. OK?
Comecemos pela tentativa de explicação de como Deus criou o universo e todas as outras coisas. Já aí, bem no comecinho, a Bíblia vira um livro de conto de fadas, quando tenta explicar a criação do mundo, do primeiro homem, da primeira mulher (Adão e Eva). A questão torna-se confusa, imprecisa, ilógica e irracional. A criação do mundo, das coisas e dos primeiros seres humanos, não resiste à menor análise, pois, conforme eu havia falado antes para você, todo aquele que estiver revelando para você como o mundo começou (Gênesis) e como ele terminará (Apocalipse), esse alguém estará mentindo e falando de algo que nenhum ser humano sabe e jamais saberá.
Não bastasse essa invencionice tola de conto de fadas, da criação do mundo, os dois filhos de Adão e Eva, Caim e Abel entram em disputa, um mata o outro, não se explica como foi a questão dos sucessivos incestos dos filhos com a mãe Eva (porque não havia outra mulher) para a criação da humanidade. E aí, solenemente, os primeiros seres do mundo saem de onde estão e encontram um povo distante.
Isso mesmo... um povo (Surgido como e de onde, se Adão e Eva eram os primeiros seres humanos?). É como a historinha de Papai Noel que precisamente à meia noite ele chega na casa de todo mundo, no mundo todo, ao mesmo tempo. Ou como o coelhinho da Páscoa que mesmo não sendo ovíparo, coloca ovos, e de chocolate, e dá de presente para todas as pessoas.
Se você acreditar em Papai Noel e Coelho da Páscoa você tem tudo para acreditar na história da criação do mundo relatada pela Bíblia.
Outra história fabulosa é a do dilúvio e da arca de Noé, onde após chover terrível e ininterruptamente na Terra, por dezenas de dias, alagando tudo, todos os animais da humanidade, de todas as partes do mundo: das Américas, da Europa, da África, da Ásia, da Oceania e mais os do Polo Norte e do Pólo Sul — lembrem-se que o mundo é muito maior do que Israel ou o oriente médio, e os autores do Antigo Testamento esqueceram-se disso -, todos os animais do mundo dirigiram-se para um único local do planeta, onde estava a tal arca de Noé. E milhares de espécies diferentes de animais, muitos deles carnívoros e predadores entre si, foram recolhidos numa arca e sobreviveram milagrosamente. Como se os carnívoros pudessem comer vegetais e como se os animais não se comessem entre si e não fizessem suas necessidades fisiológicas na arca.
Já pensou milhares e milhares de animais, vindos de todas as partes da Terra, a maioria composta de predadores entre si, não comerem nada, nem uns aos outros e ainda por cimafazendo xixi e cocô na arca? Isso faz parecer a história de Papai Noel e do Coelhinho da Páscoa ter uma credibilidade acima de qualquer suspeita.
Envergonhados com isso e com outras histórias tolas e absurdas, a maioria dos cristãos admite: "Acredito na Bíblia, mas não acredito em Adão e Eva e na arca de Noé". Como se isso fosse resolver o problema de credibilidade da Bíblia. A falta de credibilidade da Bíblia e os grandes erros bíblicos estão muito além de Adão e Eva e da arca de Noé.
Daí, quando você mostra mais e mais erros e contradições da Bíblia, os mesmos cristãos, justificando, argumentam: "Eu acredito na Bíblia, mas só no Novo Testamento". Como se isso também resolvesse a questão. Renegam o velho Deus do Antigo Testamento, sentado na nuvem, em troca de um Novo Deus, novinho em folha, mais bonito e mais charmoso,
Os cristãos não admitem, mas a maioria deles desejaria que o Antigo Testamento nunca tivesse sido escrito. Por isso, eles, envergonhados do velho Deus do Antigo Testamento, estão mudando a adoração do sentido bíblico genérico de religião (Antigo e Novo Testamento) para focarem a religião bíblica somente num segmento evangélico específico de um novo Deus exclusivo dos evangelhos do Novo Testamento.
— "Mas, pai, além dessas historinhas que você citou, existe ainda tanto erro e contradição assim na Bíblia?"
— "Existe, filho. Muito mais do que você possa pensar. Alguns teólogos e pesquisadores chegaram a apontar mais de dois mil erros e contradições bíblicas. Logicamente, não vamos falar sobre todos esses erros e contradições bíblicas, mas somente alguns mais relevantes, mais gritantes, para você poder compreender e entender bem o que estou falando, até para que você entenda, de vez, que a Bíblia é um livro de humanos, escrito por humanos, para humanos. (Sem que isso seja vergonha ou demérito algum) Vamos começar pelo Antigo Testamento do velho Deus sentado numa nuvem. Vejamos alguns exemplos:"
Quem é Deus e o que é Deus, segundo a Bíblia?
Por uma questão de tradução do texto original da Bíblia para diversos idiomas, a palavra Deus é freqüentemente utilizada como uma palavra só: Deus. Entretanto, o próprio nome "Deus", no original, era considerado tão sagrado, tão sagrado, que era representado por um tetragrama (quatro letras) que nem pronunciar seu nome era possível ou permitido. Assim é que nos textos originais existem várias palavras que referem-se a Deus. Porém, o mais estranho disso, não é chamar Deus por vários nomes diferentes, mas tratá-lo como se Deus fossem várias pessoas diferentes e existissem vários Deuses. Senão, vejamos os nomes pelo qual Deus ou os Deuses são citados pela Bíblia, no original:
1) Elohim / Eloah (Vindos do céu).
2) El Chaddai (Onipotente / O todo poderoso)
3) Elión (O Altíssimo)
4) Adonai (Divino)
5) Javé (O Deus vivo) Jeová de Jehovah, transliteração das quatro letras impronunciáveis (IHVH, JHVH, JHWH, YHVH e YHWH) que designavam Deus, cujo nome era tido por sacratíssimo, não podendo sequer ser pronunciado em voz alta.
— "Afinal de contas, pai: Quem é Elohim? Quem é Eloah? Quem é El Chaddai? Quem é Elión? Quem é Adonai? Quem é Javé? Quem é Jeová? São todos a mesma pessoa? Ou são vários deuses?"
— "Aparentemente, filho, são a mesma pessoa. Mas como a própria Bíblia diz que existem vários Deuses..."
— "Vários Deuses? Mas Deus não é um só?"
— "Pois é... veja só:"
Quantos Deuses existem? — (Deuteronômio 6:4) "O senhor vosso Deus é o único Senhor."Essa é uma presunção universal bastante conhecida, e que defende a tese do monoteísmo. Só não é dito se este Deus único é homem ou mulher, preto ou branco, novo ou velho, tem pai ou mãe, tem avô... aceita-se, informalmente, como um Papai Noel de adultos, um Deus velho, mitológico, sentado numa nuvem. Uma versão mais moderna do mitológico Zeus (Deus dos gregos) ou de Júpiter (Deus dos romanos).
(Gênesis 1.26) "Também disse Deus: Façamos o homem à Nossa imagem, à Nossa semelhança."
Opa... pera aí... Nossa? No plural? Se Deus é único, não pode haver plural... É uma questão de lógica elementar.
(Gênesis 3.22) "Então disse o senhor Deus: "Aqui está o homem, que pelo conhecimento do bem e do mal, se tornou como um de Nós.
Novamente aqui Deus fala dele e de seus companheiros Deuses, no plural, deixando claro que Deus é plural (mais de um) e não singular (único).
Essa questão pode ser resolvida de algumas formas. A mais simples é atribuindo erro na "versão" da Bíblia que você possui. Afinal, as Bíblias são muitas, têm várias traduções, e muitas versões, tendo sempre uma com redação mais propícia e mais adequada ao gosto de cada grupo religioso a que pretende convencer.
A outra forma é alegar que o plural, no caso, é uma figura de estilo, usado como um "plural majestático". Exatamente igual quando uma pessoa fala "nós isso... nós aquilo" querendo dizer "eu'. (É uma desculpa até que razoável, diante das tantas coisas indesculpáveis, mas ainda assim é uma desculpa bastante esfarrapada)
Bem, a seguir, vem a perfil cruel de Deus."
— "Como assim?"
Um Deus cruel e assassino — (Números 15.32) "...encontraram um homem a apanhar lenha num dia de sábado (...) Então o Senhor disse a Moisés: Esse homem deverá ser punido com a morte (...) e o apedrejaram até morrer, como o Senhor tinha ordenado a Moisés."
Caramba!!! Veja só !!! Só porque o pobre coitado do homem estava apanhando lenha num sábado, e antigamente o sábado era santificado para os judeus, lá veio o velho Deus rancoroso dos hebreus, raivoso e assassino, sentado na nuvem, e mandou seu discípulo predileto, Moisés (e maior figura do judaísmo) apedrejar até matar o pobre coitado do apanhador de lenha.
Em resumo, um sujeito, um pobre coitado, foi apanhar lenha, e só porque era sábado, Deus vai e manda Moisés apedrejar e matar o pobre coitado. E o pior... Moisés vai lá e mata o sujeito, cumprindo uma determinação "sagrada", "divina".
Você acredita neste Deus, filho? É esse o seu Deus? Vamos a mais exemplos:"
(Êxodo 20.13) "Não Matarás"
Um belo ensinamento, como tantos outros que existem na Bíblia. Até aí nada demais. É parte daquilo que foi dito antes... quando a Bíblia cria normas de conduta, de comportamento ou ensinamentos tudo vai muito bem... mas quando descamba para atender os interesses dos sacerdotes donos da religião...
(Levítico 24.17) "Quem matar alguém, será morto"
Aí já começa a "Lei de Talião". Olho por olho, dente por dente. É a lei da vingança. É o Deus vingativo, odioso. Um Deus de amor não pode, jamais, possuir uma lei destas. Não existe sabedoria alguma nisso. Isso é de uma falta de sabedoria assustadora. Algo bem medíocre, bem ao estilo dos sacerdotes e escribas do templário judeu que mandaram escrever a Bíblia sob encomenda. Aliás, Mahatma Gandhi destroçou esse ensinamento odioso, raivoso, praticando aquilo que os gurus e pacifistas (como Cristo) sempre praticaram: a não-violência.
Inspiradíssimo, Gandhi ensinou: "Olho por olho, dente por dente, e a humanidade terminará cega e banguela".
(Perfeito!!!)
Ressalte-se que Jesus também se insurgiu contra este "ensinamento" bíblico, contra esta "Lei de Talião". E foi exatamente nesta hora que Ele falou que não devemos revidar, mas sim oferecer a outra face.
(Samuel 6.19) "O Senhor... feriu deles setenta homens. O povo chorou, porquanto o Senhor fizera tão grande castigo...Quem poderá estar na presença do Senhor? E para onde poderá se afastar?"
Meu Deus !!! Mas o que é isso? Um Deus que deveria ser somente amor, paz, fraternidade, impondo o medo e o terror? Que Deus louco é esse, que castiga, impõe tanto medo que nem deixa espaço sequer para onde o povo possa correr?
(Oséias 14.1) "Os seus filhos cairão ao fio da espada, serão despedaçados, e aberto os ventres das mulheres grávidas".
Pelo amor de Deus!!! (Do meu Deus, logicamente... não esse Deus velho aí) Um Deus que despedaça filhos e mulheres grávidas, abrindo-as ao meio... ??? Esse não é o meu Deus, de maneira alguma. E ainda querem que adoremos um Deus assassino desse calibre, que passa os pobres no fio da espada e despedaça mulheres grávidas abrindo-lhes os ventres.
(Deuteronômio. 20. 16) "Quanto às cidades daqueles povos que o Senhor teu Deus dá para ti por herança, não deixará subsistir nelas uma só alma."
Um Deus justo e universal, que prega o amor, a paz, a fraternidade entre as pessoas nunca falaria para religiosos selvagens sacrificarem pessoas indefesas, derrotadas, não deixando vivo uma só alma. Isso é uma mentira de sacerdotes saduceus selvagens e tribais para justificar o roubo e assassinato de seus vizinhos. Isso é a pregação do ódio, do medo. Foi sustentado nisso que muitas religiões se mantiveram por séculos e séculos. Na pregação do medo, do terror, da ameaça. Ensinava-se antes temer a Deus do que a amá-lo. Ensinava-se a matar o inimigo e não deixar subsistir uma só alma.
Desde quando "não deixará subsistir nelas uma só alma" é um ensinamento divino ou um conselho de Deus?
Deus, o verdadeiro, o de verdade mesmo, é amor. E um Deus que é amor não pode mandar fazer carnificina, matar apedrejando, matar crianças e abrindo mulheres grávidas ao meio ou matando tudo que respire.
Esse Deus, velho e caduco do Antigo Testamento, é exatamente o Deus que mata os cristãos de vergonha e faz com que sintam vergonha do Antigo Testamento e procurem abrigo e um novo Deus no Novo Testamento.
O império do terror — (Deuteronômio 28.16) "Serás maldito na cidade e nos campos... malditos serão os frutos de suas entranhas... serás maldito quando entrares e maldito quando saíres... O Senhor suscitará em tua casa a infelicidade, a desordem, a ruína... até que sejas aniquilado. O Senhor enviar-te-á a peste... O Senhor ferir-te-á com a consumpção (definhar), com a febre, com inflamações de toda espécie, com apatia, com icterícia que te perseguirão até que sucumbas. O Senhor afligir-te-á... com hemorróidas, com sarna seca e sarna úmida, de que não poderás curar. Casarás com uma mulher e outro a possuirá. Edificarás uma casa e não morarás nela. Plantarás vinhas e não colhereis frutos. O Senhor ferir-te-á nos joelhos e nas coxas com furúnculos maus, incuráveis, que se estenderão da planta dos pés ao cimo da cabeça. Todas essas maldições cairão sobre ti se não obedeceres à voz do senhor".
Este é o império do terror. (Você será maldito, seus filhos serão malditos, sua mulher se deitará com outro, você terá furúnculos incuráveis, hemorróidas, peste, icterícia, sarna seca, etc., etc., etc.). Esta é a forma odiosa e repulsiva como os religiosos saduceus, gerentes de templo, amedrontavam e aterrorizavam as pessoas medrosas e ignorantes, obrigando-as a acreditarem na Biblia como sendo a voz e a "palavras de Deus" (As pragas de ontem, são o inferno e o diabo de hoje).
E, infelizmente, é baseado neste medo, neste terrorismo, que as religiões inspiradas na Bíblia se mantiveram por séculos e séculos e se mantêm nos dias de hoje.
Nada disso tem a ver com Deus. Nada disso tem a ver com amor, são insanidades feitas e pregadas na Bíblia por religiosos espertos e interesseiros, visando manter os fiéis debaixo de um regime de terror e na ignorância como se as palavras da Bíblia fossem infalíveis e tivessem sido ditadas por Deus e feitas em nome de Deus.
O Deus vingativo — (Jeremias 13.14) "Fá-los-ei em pedaços, atirando uns contra os outros, tanto os país como os filhos, diz o Senhor. Não terei compaixão, nem piedade, nem clemência, para que não os destrua."
(Deuteronômio 21.18) "Se um homem tiver um filho rebelde... este será levado ao conselho de anciãos e morrerá apedrejado por todos os habitantes da cidade. Assim eliminarás o vício, e todo o Israel, ao sabê-lo, terá grande temor."
(Êxodo 11.4) "Assim falou o Senhor: Pelo meio da noite passarei pelo Egito, todo primogênito morrerá, desde o primogênito do faraó até o primogênito da escrava..."
Deus! Deus! Deus! Quem poderia adorar um Deus como esse? É um Deus tirano, raivoso, vingativo. É o Deus dos hebreus, dando força específica ao sinédrio ("será levado ao conselho de anciãos..."). Mostra o lado mais negro e cruel do ser humano. Isso só faz com que "fiéis" amedrontados que não pensam, não raciocinam, não questionam, apenas se abaixem e rastejem diante desse Deus tirano. Só um ser humano acovardado, amedrontado e ameaçado poderia adorar cegamente a um Deus assassino, sanguinário, tirano, vingativo como o que a Bíblia descreve como o Deus velho do Antigo Testamento, sentado numa nuvem.
Esse é o Deus que mata os cristãos de vergonha. Esse Deus, hebreu (judeu), amigo de Moisés, é tão estranho e íntimo de Moisés que até fornece o seu roteiro de viagem... "pelo meio da noite passarei pelo Egito"... e depois, num grande conluio com Moisés e com o povo hebreu (judeu), volta toda sua ira contra os egípcios, ameaçando desde o faraó até a última escrava. (Dá para acreditar num Deus desses?)
Que Deus é esse que ameaça fazer as pessoas em pedaços, atirando uns contra os outros, pais contra filhos, sem ter compaixão, piedade ou clemência?
O Deus Mentiroso — (Êxodo 20.16) "Não dirás falso testemunho contra teu próximo"
É um belo ensinamento. Mas, no entanto, veja a seguir...
(Reis 22.23) "O Senhor pôs o espírito da mentira na boca de todos os profetas, e o senhor falou o que é mau contra ti."
Vamos tentar entender... A "palavra de Deus", ou o que querem que seja a "palavra de Deus" diz para não haver falso testemunho contra o próximo. Mas, ao mesmo tempo essa tal "palavra de Deus" diz que foi o Deus velho do Antigo Testamento, aquele velho barbudo sentado numa nuvem, quem pôs o espírito mentiroso na boca dos profetas...???... É isso?
(II Tessalonicenses 2.11) (Aqui indo adiante ao Novo Testamento) "Por isso é que Deus lhes mandará uma potência enganadora, a operação do erro, para darem crédito à mentira."
E ainda reforça... Deus manda errar, induz ao erro, para dar crédito às mentiras.
Realmente, os seres humanos que se diziam inspirados por Deus para escrever os textos bíblicos apresentaram-se de corpo inteiro, com todos os seus enormes defeitos humanos, nos textos que redigiram.
Esse Deus, descrito no Antigo Testamento, (e corroborado por Paulo em Tessalonicenses) não pode ser o Deus de qualquer ser humano com um mínimo de raciocínio e discernimento.
Adoração de imagens — (Êxodo 20.4) "Não farás para ti imagens esculpidas."
Aqui a Bíblia fala para não fazer ou adorar imagens e esculturas. Ou seja, não adorar essas tais esculturas de santos que você vê espalhado por tudo quanto é igreja por aí... esculturas e imagens de santos, anjos, padroeiros, etc., dessas que a gente vê, adora, venera e compra a retalho por aí nas lojas e nas igrejas.
(Êxodo 25.18) "Farás dois querubins de ouro batido... um em cada lado das extremidades do propiciatório."
Veja bem... em Êxodo 20 diz que é para não adorar imagens.
Já em Êxodo 25 a ordem é para fazer imagens (esculturas) de querubins de ouro. E tem gente que acha que isso não é contradição.
O Deus perfeito, sem arrependimento? — (Números 23.19) "Deus não é mortal para mentir, nem filho de Adão para que se arrependa ou mude de opinião."
Aqui Deus não mente e não se arrepende. Embora já tenhamos visto anteriormente Deus mentindo e colocando a mentira na boca dos profetas.
(Êxodo 32.14) "E o Senhor arrependeu-se do mal e das ameaças que proferira contra o seu povo."
Aqui, o Deus que não se arrepende, já se arrependeu. É ou não é contradição?
(Gênesis 6.7) "Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra, e isso lhe pesou no coração (...) pois me arrependo de os haver feito."
Aqui, mais uma vez, o Deus perfeito que não se arrepende, se arrepende novamente. São contradições e mais contradição, fruto da pluralidade, diversidade, de escribas, seres humanos, que escreveram a Bíblia sob encomenda dos sacerdotes e religiosos. Mas, o mais estranho é como na Bíblia Deus é feito de bobo, de idiota... Todo mundo (na Bíblia) é esperto e bonzinho... David é espertíssimo, Moisés é super esperto, 'Noé é inteligentíssimo... só Deus, coitado, é um bobo aloprado e tem que ser instruído e acalmado a todo instante.
Na história do bezerro de ouro, Deus é um destemperado, perde a compostura, se irrita, diz que vai fazer e acontecer, vai mandar matar todo mundo e Moisés, o calmo, o tranqüilo, o equilibrado, dá uma acalmada no Deus temperamental (e mata somente três mil pessoas). No caso anterior, de Gênesis 6.7, Deus se irrita (é quase o seu estado normal, a irritação), fica arrependido de ter criado o ser humano, e revoltado diz que vai acabar com a humanidade.
Aí, o "calmo" e sapiente Noé dá uma lição de moral em Deus, ri da birra e da infantilidade de Deus, acalmando-o e fazendo-o voltar ao equilíbrio...
Como os hebreus (judeus) vivos, Noé e Moisés, são bonzinhos e como Deus é um destrambelhado, segundo a Bíblia...dos hebreus (judeus).
A escravidão abençoada por Deus — (Levíticos 25.44-46) "O escravo ou escrava que pretendais adquirir, devem sair dos povos que vos rodeiam... Podê-los também comprar entre os filhos dos estrangeiros... Podeis deixá-los em herança aos vossos filhos, afim de que os possuam depois de vós, tratando-os perpetuamente como escravos..."
Aqui Deus não só incentiva a escravidão como cria verdadeiras normas (na realidade um tratado escravagista) regulando a escravidão, incitando os "senhores" a comprar escravos dos filhos dos forasteiros e dos povos vizinhos, como se os forasteiros não fossem gente. (Uma visão bem tribal do povo judeu que habitava o Oriente Médio e que espalhou variantes de sua religião pelo mundo).
(Êxodo 21.2,7) "Se comprares um escravo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá forro de graça...Se um vender sua filha para ser escrava, esta não sairá como saem os escravos."
Como um Deus tribal, o Deus dos hebreus, estabelece dois tipos de escravidão: 1) Para os escravos não judeus, adquiridos dos povos vizinhos a escravidão era perpétua (Levíticos 25.46). 2) Mas, se o escravo fosse um judeu (hebreu) a escravidão só durava seis anos... (Esperta essa lei...!!!)
Legal esse Deus hebreu!!! Escravidão eterna para todo mundo e escravidão máxima de seis anos para os hebreus (judeus).
Para deixar bem claro que o Deus velho do Antigo Testamento é feito, criado e inventado à imagem e semelhança dos homens que o inventaram, e que este Deus não passa de um Deus tribal dos hebreus, um tiraninho de aldeia, aqui, novamente, faz a pregação em favor da escravidão, visando manter e garantir os privilégios dos senhores nobres e sacerdotes, assim como atender aos interesses econômicos da época. E, logicamente, mesmo garantindo o interesse econômico da escravidão, estabelece que a escravidão para todas é perpétua, mas para os hebreus (judeus) é só por seis anos...
Igualdade e justiça não são o forte desse Deus hebreu velho do Antigo Testamento. Atender aos interesses religiosos de amor, perdão, e compreensão que deveriam nortear uma religião realmente inspirada em sentimentos divinos, nem pensar...
(Êxodo 21.4) "Mas se for o senhor quem lhe deu uma esposa, e ele teve dela filhos ou filhas; a esposa e as crianças dele serão de seu senhor e ele escravo sairá apenas com suas roupas do corpo."
Aqui, é dado seqüência ao tratado bíblico escravagista de como deve ser o comportamento tribal dos senhores nobres diante dos escravos e da plebe ignara.
Esse é o Deus velho do Antigo Testamento, sentado numa nuvem, o Papai Noel dos adultos, que os cristãos têm tanto medo e vergonha de admitir como Deus, pois não só incentiva a escravidão, como estabelece normas e regras para se manter e cuidar de um bom escravo.
(Êxodo 21.5-6) "E se o escravo disser claramente, amo meu senhor, minha esposa, e minhas crianças: Não sairá livre... então o senhor o trará até os juízes... e o amo dele furará a sua orelha com uma sovela; e ele o servirá sempre como escravo."
Decididamente, isso não é um livro santo, isso é um tratado escravagista. Não é a palavra de Deus, e esse não é o Deus que uma pessoa com um mínimo de inteligência possa aceitar.
Isso que está escrito em Êxodo 21 é vergonhoso, mostra exatamente a pequenez do Deus tribal de Israel que foi criado à imagem e semelhança do homem. A igreja, de uma maneira geral, sempre esteve ao lado do Estado por séculos e séculos, e sempre apoiou a escravidão. Sempre serviu ao atraso da humanidade, defendendo as classes dominantes.
Sempre foi o cerne do obscurantismo. Esses dispositivos religiosos, bíblicos, são a prova mais viva disso e a mais contundente das provas. E o pior é que considerando-se a Bíblia como "a palavra de Deus" todos estes textos em defesa da escravidão são textos tidos como se fossem santos, inspirados como se fosse Deus falando, e foi desta forma que estes textos bíblicos serviram para justificar a escravidão no mundo todo por muitos e muitos séculos e até recentemente justificavam (a sério) o apartheid na África do Sul, como se fosse algo divino, inspirado.
Acredite ou não, os escravagistas, os defensores da escravidão e do apartheid racial justificavam, a sério, para o povo e para o mundo, que a escravidão e a superioridade de uns homens sobre outros era legítima e fruto da inspiração divina e que esta superioridade dos brancos sobre os negros estava, inclusive, em Êxodo, e portanto era a "palavra de Deus" valorizando os brancos e escravizando os negros.
A vingança hereditária — (Deuteronômio 24.16) Os pais não serão mortos pela culpa dos filhos, nem o filho pela culpa dos pais.
Até aí tudo bem. Parece um ensinamento lógico que fundamenta até um princípio legal, de direito (princípio da personalização da pena e da sua não-transmissibilidade).
(Isaias 14.21) "Preparai-vos para a matança dos filhos por causa da maldade de seus pais."
Pronto... lá vem de novo o velho Deus do Antigo Testamento pregando a matança de inocentes, o morticínio, a chacina, a mortandade. E principalmente difundindo o terror, o medo, atribuindo aos filhos a punição hereditária por culpa dos pais.
Esse não é e não pode ser o Deus de quem quer que seja que tenha um mínimo de raciocínio elementar.
O Deus tribal, um tirano de aldeia — (Deuteronômio 13.6-8) "Se teu irmão, o filho de tua mãe. Ou teu filho, ou tua filha, ou tua esposa a quem trazes no teu seio. Ou teu amigo a quem amas como a tua alma, te quiser persuadir, dizendo-te em segredo, vamos servir outros Deuses... Tens o dever de matar... Apedrejá-lo-ás porque ele quis apartar-te do Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito da casa da servidão."
Aqui, o Deus velho do Antigo Testamento, sentado numa nuvem, mostra toda a sua pequenez, sua face menor. Não só está distante de questões realmente importantes como: amor, paz, compreensão, fraternidade, justiça, perdão e de questões cósmicas e universais, como exibe-se na qualidade de um Deus tribal, um tiraninho de aldeia, preocupado com os adeptos que possam deixar de contribuir para a riqueza de sua religião de hebreus e que possam passar para outras religiões, adorando outros deuses.
O Deus velho do Antigo Testamento é tão claramente humano e tão descaradamente inventado pelos humanos que quase pode-se ver o choramingo de Deus: "Não vão me abandonar por outros Deuses. Afinal de contas quem te mandou ser escravo no Egito não fui eu, mas quem te libertou da escravidão egípcia fui eu... no mínimo, você me deve gratidão".
Pobre velho Deus velho do Antigo Testamento, sentado numa nuvem, criado e inventado por homens... Chega a ser ridículo assistir o choramingo desse Deus velho, implorando para que não o deixem só e não o troquem por outros Deuses ou por outras religiões e invocando uma reserva de mercado, um "direito de preferência" na escolha religiosa.
Acredito em Deus. Lógico que acredito em Deus. Mas não tenho nenhum tipo de desespero ou medo suficiente a ponto de ter que acreditar num Deus medíocre, falho, falso, como esse Deus hebreu medíocre do velho do Antigo Testamento.
Acredito em um Deus de amor, que é grande, infinito, mas nunca poderia acreditar em um Deus bizarro, pequeno, tribal, exclusivo dos judeus, odiosamente pequeno. O verdadeiro Deus do universo não é pequeno. O Deus que a Bíblia descreve no Antigo Testamento é um Deus muito insignificante para uma crença inteligente. Quem poderia adorar um Deus como esse Deus do Antigo Testamento que é uma ofensa e afronta à inteligência alheia?
Não posso e não acreditarei num Deus assim. Esse Deus é uma mentira, uma impostura. É uma blasfêmia contra a própria idéia de Deus.
Com um Deus medíocre como o Deus descrito no Antigo Testamento, os sacerdotes saduceus e os escribas nem precisavam se dar ao trabalho de criar a figura do Diabo. O próprio Deus já é uma ameaça de sofrimento eterno.
(Êxodo 29.45-46) "Residirei entre os filhos de Israel, e serei o seu Deus....e eles saberão que eu sou o Senhor seu Deus que os tirei fora da terra do Egito e que eu posso morar entre eles: Eu sou o Senhor seu Deus."
Quanta arrogância !!! E quanta estreiteza geográfica. Um Deus tribal, restrito aos hebreus, aos filhos de Israel, um tirano de aldeia, sem grande alcance, preocupado somente com a tribo de Israel e o seu relacionamento com o Egito. É um Deus pequeno demais, tribal demais, criado por sacerdotes hebreus, para justificar as cobranças de dízimos e de prestação de serviços de sacramentos e para justificar as atrocidades que a tribo dos hebreus cometeu durante séculos.
Pobre Deus velho, do Antigo Testamento. E querem fazer desses escritos bíblicos a "palavra de Deus".
Claro que isso, esse amontoado de bobagens e atrocidades, não é a palavra de Deus.
Deus é bom e é da paz? — (Deuteronômio 32.4) "Ele é justo e reto.
Este é e deve ser o princípio do que seja Deus. O Deus inspirado no amor, cósmico, universal, baseado no princípio de justiça e da retidão de caráter."
(Isaias 45.7) "Eu sou o Senhor... formo a luz, e crio as trevas, eu faço a paz e crio o mal, faço a felicidade e a infelicidade..."
Pronto, aí já começa o dedo humano com suas bobagens, invencionices e as interferências dos desejos dos escribas e sacerdotes.
(Êxodo 15.3) "O Senhor é um guerreiro, ele é quem dirige as batalhas."
Aí está, de corpo inteiro, o retrato fiel do Deus dos hebreus, o Deus particular de Israel.. Tem que ser forte, tem que ser guerreiro, tem que matar, tem que mandar matar, tem que impor o medo e o terror, senão eles acreditam que Deus não será temido o bastante para ser respeitado como Deus.
Já o Deus do amor, da paz, da compreensão, da fraternidade, da justiça, do perdão, não passa nem perto dos textos bíblicos do Antigo Testamento.
O incitamento à caça às bruxas — (Êxodo 22.18) "Não deixarás viver a feiticeira. (20) Aquele que oferecer sacrifício a outros deuses será exterminado. Tu castigarás de morte aqueles, que usarem de sortilégios, todo tipo de encantamentos."
Guarde bem esta passagem bíblica. Foi exatamente este trecho raivoso e discriminatório que fundamentou os maiores assassinatos da história da humanidade. Foi alegando obedecer à Bíblia e perseguir a bruxaria, sortilégios e encantamentos que, sacerdotes e religiosos, dizendo-se agir em nome de Deus, que se praticou chacinas (como a caça às bruxas, a santa inquisição e trocentas perseguições religiosas espalhadas pelo mundo obscuro da regueira religiosa. Bastava alguém ser acusado de bruxaria ou sortilégio ou de estar usando de encantamento para ser acusado, pela igreja, de ser bruxa para ser "purificada" na fogueira.
Esta citação bíblica — "Não deixarás viver a feiticeira" inspirou um dos episódios mais negros da humanidade, e uma das maiores vergonhas pela qual o ser humano se viu rebaixado. Uma mancha indelével e que jamais será esquecida pelos registros históricos.
Outro importante destaque é para a exclusividade do "franchising" religioso. Ou seja, Aquele que oferecer sacrifício a outros deuses será exterminado. Quer dizer, você somente poderá dar dinheiro para este templo, para esta religião. Sua alma e seu dinheiro Me pertencem. Se fores adorar outros Deuses serás exterminado...
Lamentável... Terrivelmente lamentável. Não é à toa que cristãos do mundo inteiro sentem vergonha do Antigo Testamento, evitam-no de todas as formas e restringem-se a reconhecer basicamente o Novo Testamento.
As exigências de ofertas para Deus — (Gênesis 22.2) "Deus disse a Abrahão: "Toma teu filho, teu único filho Isaac, e a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei."
(Êxodo 22.29) "Não tardarás em trazer ofertas do melhor das tuas ceifas e das tuas vinhas; o primogênito de teus filhos me darás. Procederás da mesma forma com o primogênito de sua vaca e de sua ovelha..."
Holocausto perpétuo — (Êxodo 29. 38) "Sobre o altar oferecereis o seguinte: dois cordeiros de um ano, diariamente e para sempre. Um oferecido de manhã e outro à tarde. Com o primeiro cordeiro, oferecerás um décimo de flor de farinha, amassada, com um quarto de azeite, e um quarto de vinho... este holocausto será perpétuo..."
É o império do terror e da vigarice religiosa.
Existe alguma dúvida de que este Deus velho do Antigo Testamento, sentado numa nuvem, tal qual Zeus (Deus dos gregos) ou Júpiter (Deus dos romanos), é o Deus dos hebreus (judeus)? Esperto, esse Deus... antes de cuidar das questões existenciais e universais (amor, perdão, compaixão, fraternidade, etc.) trata de instituir um esquema de ofertas para manutenção dos espertos sacerdotes e religiosos representantes comerciais de Deus na Terra. Na verdade, além de instituir o sistema de ofertas, estabelece a oferta como algo sagrado, pertencente a Deus, e que, portanto, se for desobedecido poderá ensejar grande castigo, inclusive a ira de Deus, que conforme já vimos anteriormente, domina tudo e a todos pelo medo, pelo terror, matando ou mandando matar.
Aqui nesta passagem bíblica os espertos sacerdotes, como se fosse Deus falando, instituem a vigarice do dízimo perpétuo, para manter as igrejas ("oferecerás um décimo de flor de farinha") e ainda criam a exigência de ofertas obrigatórias, mantendo o pobre coitado do povo sofrido em permanente estado de miséria, obrigado a dar tudo que é seu para a manutenção dos espertos sacerdotes dos templos, representantes comerciais do Deus de Israel na Terra..
A cumprir essa vigarice de Êxodo 29, o pobre coitado do crente e temente a Deus deveria viver em função de dar "dízimo" perpétuo à igreja e de não fazer outra coisa na vida a não ser dar seus bens para a igreja. Isto porque de manhã e de tarde ele, o pobre crente, tinha que dar "dois cordeiros de um ano, diariamente e para sempre. Um oferecido de manhã e outro à tarde". E o mais apavorante: "este holocausto será perpétuo..."
Mas, o mais cruel é perceber a interferência humana dos escribas judeus nesta história toda. Veja bem. Segundo a Bíblia, a "palavra de Deus", oferecer sacrifício ao Deus dos hebreus é mais do que obrigatório, para poder sustentar e manter os sacerdotes que vendiam estes mesmos animais nos templo (motivo da ira de Jesus) para serem mortos em sacrifício (holocausto) ao Deus dos hebreus.
Entretanto, os "espertos" sacerdotes vigaristas (a quem Cristo expulsou do templo como vendilhões) fizeram constar na Bíblia, como se fosse a "palavra de Deus", que oferecer sacrifício a outros Deuses (que não fosse o Deus dos hebreus) deveria ser punido com a morte.
Isso é uma descarada vigarice religiosa. Isso é a exploração religiosa mais desavergonhada e cretina que possa existir.
Isto é ofender à inteligência alheia e tratar o povo "temente" a Deus como um bando de imbecis obrigados eternamente a servir e a manter os espertalhões do templo (diariamente e para sempre. Um cordeiro oferecido de manhã e outro à tarde". E o mais apavorante: "este holocausto será perpétuo...)
Jesus tinha total razão em enfurecer-se com as leis e com as palavras "divinas" dos sacerdotes vigaristas do templo. Essa exploração humana feita pelos religiosos (representantes comerciais de Deus na Terra), como se fosse em nome de Deus, foi o grande divisor de águas da religião e o principal motivo que levou Jesus à crucificação. Ou seja, o embate frontal entre Jesus e os sacerdotes vigaristas do templo foi o maior e o grande motivo que levou Jesus à crucificação.
Foram os sacerdotes do sinédrio e não os romanos que impuseram a crucificação e o castigo a Jesus por ser contra o comércio na igreja, contra os vendilhões do templo, contra as cobranças de pobres coitados para manter a riqueza e grandeza da igreja.
Mil vezes Jesus venha à Terra e mil vezes se indisporá contra a enganadora cobrança coercitiva do dízimo por sacerdotes vigaristas, representantes comerciais de Deus na Terra. Mil vezes Jesus se indisporá contra as "ofertas" divinas obrigatórias para beneficiar os vigaristas dos templos. Mil vezes se indisporá contra a matança de animais. Mil vezes se indisporá contra este holocausto de animais e contra a exploração de pobres "tementes" a Deus.
Essa vigarice de pregação religiosa de dízimo obrigatório, de holocausto de animais, de "ofertas" obrigatórias a Deus, perdura por séculos e é a base e riqueza das religiões. Uma contradição completa. Isso porque, ainda hoje, algumas religiões endeusam Jesus e contraditoriamente vivem da exploração em seu nome, ao mesmo tempo exigindo, coercitivamente, o dízimo obrigatório para se manterem, enquanto, ao mesmo tempo, abençoam as ofertas e o holocausto dos animais.
É claro que uma igreja, um templo, deve viver de seu trabalho e das doações (voluntárias, é claro) de seus membros ou componentes. Agora, daí a tornar obrigatória a doação ou o dízimo, enganando o povo, dizendo que isso é a vontade e a palavra de Deus, que está na Bíblia, e por isso não pode e não deve ser desobedecido, é uma grande, uma enorme vigarice religiosa.
Morcego virou ave? — (Deuteronômio 14:11-18) "Toda a ave pura comereis. Porém estas são as que não comereis: a águia, (...) a poupa e o morcego."
Para deixar bem claro que a Bíblia não é a palavra de Deus, e que o que ali está escrito foi escrito e inspirado por humanos, expondo toda sua ignorância e todas as suas fragilidades, aqui vai mais uma dessas fragilidades: a ignorância (o desconhecimento) em zoologia.
A águia é uma ave, a poupa, para quem desconhece, é uma ave (da família dos corvos), o morcego, apesar de voar, é um mamífero. Não é uma ave.
A cultura científica universal e a zoologia evoluíram bastante, mas independentemente desta evolução, se a Bíblia fosse a palavra de Deus, se tivesse sido ditada por Deus, o morcego seria naquele tempo o mesmo morcego que é agora, um mamífero, e Deus, sendo Deus, sapiente atemporal, saberia naquele tempo o mesmo que sabe agora, não se enganaria numa questão tão simples de zoologia. Mas como a Bíblia não é a palavra de Deus, foi escrita por escribas comuns, a mando de sacerdotes e religiosos humanos, ignorantes em zoologia, que naquele tempo não sabiam diferenciar uma ave de um mamífero, fica aqui a evidência e prova de quanto o ser humano interferiu pessoalmente na Bíblia.
Insetos têm quatro patas? — (Levítico 11.21-23) Mas de todo inseto que voa, que anda sobre quatro pés, podereis comer...
Aqui mais uma ignorância dos sacerdotes e dos religiosos humanos que escreveram a Bíblia e que colocaram a culpa em Deus. Insetos não têm quatro patas (ou pés). Insetos têm três pares de pernas, na realidade seis patas.
E ainda querem fazer crer que Deus naquela época desconhecia isso, ditou errado para os escribas da Bíblia e só agora, com a evolução do conhecimento da humanidade, é que os escribas ficaram sabendo que os insetos possuem seis patas.
Essa é mais uma, dentre as tantas provas e evidências, de que a Bíblia, a despeito dos inúmeros erros, é um grande livro de ensinamentos filosóficos, sim, mas que está longe, muito longe de ser a palavra de Deus ou de ter sido escrita por Sua ordem ou inspiração.
Apesar de ser um livro que em alguns momentos contém grande sabedoria espiritual, a Bíblia é um livro de humanos, escrito, feito e impresso pelos humanos, com todos os erros e defeitos inerentes ao ser humano. Falsear isto, é falsear tudo.
Dúvida terrível — Temos que amar a Deus (Deuteronômio 6.5), ou temos que ter medo de Deus (Deuteronômio 6.15)?
Essa "obrigação" de ter que amar a Deus, em si, já desqualifica o Deus bíblico do Antigo Testamento como um verdadeiro Deus de amor, isto porque amor não se impõe e não se obriga. Ao contrário, o Deus do Antigo Testamento é um. Deus ameaçador, que nada tem a ver com amor, é um Deus imposto, obrigatório, onde você é obrigado a temê-lo antes de amá-lo. Isto porque, segundo a Bíblia, antes de tudo e acima de qualquer outra coisa, você deve temer a Deus. (Até recentemente, os religiosos confessavam-se como povos tementes a Deus, o que é um absurdo completo e total)
Isso não é Deus. Isso não pode ser Deus. Isso não tem nada a ver com amor, com perdão, com paz, com fraternidade, amor ao próximo. Isso é um Deus específico e particular, um Deus dos hebreus, para servir ao sinédrio judaico. Só e tão somente isso.
O céu amparado por colunas? — (Jó 26.11) As colunas do céu tremem, e se espantam da sua ameaça.
Mantendo aquela ignorância já citada, de que a Terra era plana, que o céu era uma coisa fixa que cobria-nos a cabeça, que os planetas e as estrelas eram coisas fixas no céu, como se fossem lâmpadas pregadas no teto, aqui o céu é amparado por colunas...
Santa ignorância dos sacerdotes que ordenaram aos escribas para colocarem na Bíblia essas coisas tolas e colocaram a culpa em Deus, dizendo que a Bíblia é a palavra de Deus.
O "santo" Moisés — (Números 31.14.17.18) Indignou-se Moisés grandemente contra os oficiais do exército (...) Disse-lhes: Por que deixastes com vida todas as mulheres? (...) Agora matai todas as crianças do sexo masculino. E matai também a todas as mulheres que coabitaram com algum homem, deitando-se com ele... mas todas as donzelas que não conheceram homem e deitaram com ele, trinta e dois mil, reservem-nas vivas para vocês mesmos."
Grande imagem do patrono e figura principal da religião judaica. Assassino cruel, matador de mulheres e crianças (do sexo masculino, pois as do sexo feminino ele tomava-as para si e para os seus) e de mulheres casadas (que coabitam com homem), pois as donzelas serviam de pasto para o "grande" Moisés e seus homens.
Aliás, Moisés era mesmo um "santo", mandou passar no fio da espada milhares e milhares de pessoas que adoravam o bezerro de ouro, menos, é lógico, seu "santo" irmão. Moisés tinha um senso de justiça fantástico, bastante peculiar e particular.
Graças aos escribas hebraicos, que escreveram a Bíblia como se fosse a palavra de Deus, fica para toda a eternidade o perfil exato e por inteiro das "santas" figuras bíblicas, como Moisés.
Bom conselho — (Deuteronômio 21.10) "Quando fores à guerra... se vires uma mulher de bela aparência... primeiramente levá-la-ás para a sua casa... despirás teu vestido de cativa... ela chorará durante um mês... depois disso ela será tua mulher."
Isso não é nem pode ser um texto bíblico inspirado por Deus. Isso é um manual de rapto, seqüestro e estupro. Que não ponham a culpa em Deus, como se sua palavra fosse, pelos relatos das atrocidades contidas na Bíblia. E nem se atribua a Deus a origem de tais relatos. Isso é uma insanidade da associação dos seres humanos (sacerdotes) que escreveram a Bíblia e do Deus velho do Antigo Testamento, que não tem nada a ver com o Deus de verdade.
O "santo" David — (Samuel 11.2) O Rei David obteve uma das suas muitas esposas por seqüestro, estupro e assassinato.
Bathsheba (Betsabá), esposa de Uriah, ficou grávida de David. Para se livrar de Uriah, David manda-o numa missão suicida, onde é morto. Sem Uriah, David traz Bathsheba (Betsabá) para viver em sua casa. E, por "castigo", o Senhor perdoou o pecados de David mas golpeou, matando, a criança que a esposa de Uriah teve de Davi.
Mas que belo exemplo de "justiça divina" do Deus velho do Antigo Testamento. A pobre da Bathsheba (Betsabá), esposa de Uriah, depois de ter sido seduzida e seviciada por David, de ver seu marido ser morto por artifício de David, foi estuprada por David, teve um filho ilegítimo proveniente desse estupro... e o que fez o Deus velho do Antigo Testamento? Puniu David? Não! Matou o filho da viúva de Uriah estuprada por David.
Mas que bela "justiça divina".
E o "santo" David continua a ser, como o "santo" Moisés, uma das figuras patriarcais centrais da religião judaica.
A face de Deus — (Êxodo 33.20) "Não poderás ver a minha face, pois homem nenhum pode ver a minha face, e viver."
Este é o grande preceito bíblico e grande dogma universal.
Ninguém vê Deus. Ninguém nunca viu Deus. Ninguém pode ver Deus.
(Êxodo 33.23) — "Depois, quando eu tirar a mão, me verás pelas costas, mas a minha face não se verá."
Voltamos ao reino da fantasia, da mentirinha. Apesar de não se ver a face de Deus, vê-se a personificação do Deus velho do Antigo Testamento, de roupão branco, sentado numa nuvem, mas de costas. Sem mostrar a face... mas conversando normalmente.
Belo progresso. Não mostra a face, mas mostra... as costas.
(Gênesis 32.30) "Jacó chamou àquele lugar Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi poupada."
A mentira vai evoluindo, evoluindo, evoluindo gradativamente. Primeiro ninguém pode ver a face de Deus.
Depois, Deus só aparece de costas, sem mostrar a face, mas conversando. Agora Deus já aparece cara a cara para uns apaniguados...
Jacó, para ser santificado pelos simpatizantes escribas da Bíblia, diz ter visto Deus, face a face (cara a cara), como se isso fosse possível.
Mentira? Erro? Contradição? Ou pura bobagem dos escribas, seres humanos, que redigiram a Bíblia como se fosse a palavra de Deus, atribuindo ao livro uma santificação inexistente?
(Êxodo 33.11) "Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer um fala com o seu amigo."
Pelo visto, Moisés, David e Jacó têm grande prestígio com os escribas da Bíblia. Seqüestram, estupram e matam, e nada de mal lhe acontece. Jacó esteve com Deus cara a cara e sua vida foi poupada. E agora é a vez de Moisés, que esteve com Deus, cara a cara, como com um amigo, numa conversa bastante coloquial e informal.
E ainda querem que o Antigo Testamento tenha credibilidade...
Depois das bobagens sobre a criação do mundo, de Adão e Eva, da arca de Noé, de parar o Sol diante da Terra, do Sol girar em volta da Terra plana, onde o céu é fixo e sustentado por pilastras, dos planetas e estrelas serem fixos pendurados no céu como se fossem lâmpadas num teto; do morcego virar ave; dos insetos terem quatro patas; agora apresentam Deus como um sujeito velho e barbudo sentado numa nuvem e que nos momentos de folga, na falta do que fazer, mantém conversas coloquiais com Moisés, David e Jacó.
E depois não sabem como e porque o Antigo Testamento é tão repudiado (pelos próprios cristãos) e criticado pela parte inteligente da humanidade.
(Êxodo 24.9-11) Subiram Moisés e Aarão, Nadab e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel, e viram o Deus de Israel.
Debaixo dos seus pés havia como que uma calçada de pedra de safira que se parecia com o céu na sua claridade. Mas Deus não estendeu a sua mão contra os escolhidos dos filhos de Israel... eles contemplaram a Deus, e comeram e beberam.
Virou festa. Decididamente não é de Deus, do Deus verdadeiro, que estamos falando. É uma "coisa" qualquer apelidada de Deus de Israel (aquele tal Deus tribal, aquele tiraninho de aldeia que mata, manda matar, que xinga, esbraveja, que odeia, que se vinga). É o tal Deus dos hebreus, íntimo de Moisés, o grande patrono dos hebreus.
Aquele que é um assassino cruel, matador de mulheres e crianças (do sexo masculino, pois as do sexo feminino ele tomava-as para si) e de mulheres casadas (que coabitam com homens), pois as donzelas serviam de pasto para o "grande" Moisés e seus homens.
Pois é, este mesmo Moisés, íntimo que estava do Deus dos hebreus, o Deus velho do Antigo Testamento, Deus de Israel (o tal Deus tribal), agora não só encontrava-se cara a cara com Deus como Deus ainda recebia Moisés e seus amigos Aarão, Nadab e Abiú e mais setenta anciãos do sinédrio para uns comes e bebes informal, onde o máximo de protocolo que Deus exigia era não estender a mão aos convidados.
Esse é o momento exato em que as religiões bíblicas deixam a condição de religião e assumem a face de mitologia bíblica.
As mitologias grega e romana eram tão fantasiosas quanto a mitologia bíblica, mas ninguém era obrigado a acreditar num livro grego ou romano como se fosse a "palavra de Deus" (embora os gregos fossem excelentes intelectuais, escritores e escultores)
O incentivo ao incesto — (Gênesis 19.31-32) "A mais velha disse à mais jovem: "Nosso Pai é velho, e não há um homem na terra com quem possamos casar, segundo o costume de todo o mundo. Venha, vamos fazer nosso pai beber vinho, e deitaremos com ele, que podemos preservar a semente de nosso pai."
(Gênese 19.36) "Assim estavam ambas as filhas de Ló esperando um filho de seu pai."
Desde os relatos da criação do mundo, a Bíblia, de uma maneira geral e direta, entende o incesto como uma coisa normal, natural. Foi assim na historinha fantasiosa de Adão e Eva e seus descendentes, e é assim em Ló e suas filhas, sendo que ao longo da Bíblia diversos casos de estupro e incesto são praticados como atos de pura normalidade. É a moral "atemporal" dos "sólidos" ensinamentos tribais bíblicos.
À bem da verdade, esse Deus dos hebreus pouca diferença faz dos Deuses gregos e romanos. Os Deuses gregos e romanos costumavam estuprar e engravidar virgens, praticar o incesto, tendo filhos com suas filhas... um hábito que foi passado para os hebreus como uma cultura normal da época.
As diversas semelhanças entre as mitologias grega e romana e a mitologia das religiões bíblicas são mais do que claras e evidentes.
Incentivo à prostituição — (Oséias 1.2) "O Senhor começou a falar com Oséias: "Vai, toma por mulher uma prostituta e gera filhos de prostituição, porque a nação não cessa de se prostituir"
Dizer o quê diante de um descalabro desses? Esse sábio conselho, segundo a Bíblia, é o que de melhor Deus podia fazer por Oséias em termos de ensinamento.
Esse, por acaso, é o seu Deus? Você pode imaginar o seu Deus dando um conselho desses?
Sábios conselhos — (Provérbios 26.4) Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também não te faças semelhante a ele.
(Provérbios 26.5) Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que também não te faças semelhante a ele.
(Em algumas versões bíblicas, esses provérbios são em relação ao louco e sua loucura, ao invés do tolo e sua tolice. Mas o sentido é o mesmo)
Sábio conselho:
Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia.
Responde ao tolo segundo a sua estultícia.
Parece o Oráculo de Delfos, que quando perguntado o que aconteceria na guerra entre os dois maiores impérios gregos da época, o oráculo deu como "sábia" resposta que "um grande império iria ser destruído". Mas é claro. Se os dois maiores impérios gregos iriam lutar entre si, um iria ser destruído e deixaria de ser um grande império.
Como no Oráculo de Delfos: "Responda e não responda ao tolo segundo a sua estultícia". É um sábio conselho. Digno de um oráculo grego.
Matando o que não mais existia — (Êxodo 9:3-6) Deus mata todos os animais dos egípcios com uma forte pestilência; nenhum deles sobreviveu à pestilência.
Depois, no mesmo Êxodo, (Êxodo 9.19-21,25) Deus mata todos os animais dos egípcios com uma chuva de granizo.
Como Ele (Deus) poderia matar novamente todos os animais dos egípcios com uma chuva de granizo se Ele já havia matado antes todos os animais de pestilência e não havia sobrado nenhum?
É claro que esta é somente mais uma das trocentas contradições bíblicas em que ora é dito uma coisa e a seguir é dito outra, completamente diferente.
Questões indigestas
Que me perdoem pela abordagem voltaireana, a seguir, mas vejamos alguns questionamentos, pertinentes, surgidos em razão de dúvidas do nosso dia a dia, imaginando-se as questões como tendo sido levantadas em razão do seguimento fiel ao texto do Antigo Testamento da Bíblia.
— O Brasil é tido como a terra do churrasco, mesmo longe do Rio Grande do Sul, onde a carne de boi é quase um objeto de adoração. Assim sendo, questiono: Quando eu faço um churrasco e queimo a carne como um touro no altar de sacrifício, e sei que de uma maneira bíblica, isso cria um odor agradável para Deus, conforme Levíticos 1.9. Entretanto, surge um grande problema: os meus vizinhos enlouquecem com o cheiro do churrasco. Eles reclamam que o odor é terrível para eles. Devo matá-los por heresia, conforme manda a Bíblia?
— Face às desigualdades sociais existentes nos países do terceiro mundo, um pobre conhecido meu gostaria de vender sua filha como escrava, como é permitido na Bíblia em Êxodo 21.4 a 7. Entretanto, tenho uma grande dúvida de aconselhamento quanto à questão financeira: Qual seria o preço bíblico justo por ela, como escrava? Continua valendo somente trinta moedas ou o câmbio mudou?
— Em Levíticos 25.44 a Bíblia afirma que eu posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, se eles forem comprados de nações vizinhas. Ou seja, posso comprar nos países vizinhos do Brasil, mas não posso comprar escravos aqui no Brasil. Um amigo meu diz que essa permissão de compra de escravos nos países vizinhos somente se aplica aos paraguaios, mas não aos argentinos. Por que eu não posso comprar um escravo argentino?
— Um conhecido meu insiste em trabalhar aos sábados. Em Êxodo 35.2 claramente afirma que ele deve ser morto por trabalhar aos sábados. Daí eu pergunto: Eu sou moralmente obrigado a matá-lo mesmo? Devo usar que prática religiosa para este fim? Apedrejamento, passar no fio da espada, abri-lo ao meio igual o que se fazia com as mulheres grávidas, segundo a Bíblia?
— Um outro amigo acha que comer marisco, camarão e lagosta é uma abominação (Levíticos 11.10). Seria esta abominação (comer marisco, camarão e lagosta) uma abominação maior ou menor que a homossexualidade, que para a Bíblia também é uma abominação passível de morte?
— Naquele tempo em que os escribas fizeram a Bíblia não existiam os óculos. E em Levíticos 21.18-20-21 afirma que eu não posso me aproximar de Deus se eu tiver algum defeito na visão. Como eu uso óculos para ler, a minha visão para perto não é lá muito boa, eu questiono: Devo me afastar de Deus por problema de visão? Será que é por isso que algumas igrejas mandam os fiéis atirarem fora seus óculos durante certos cultos públicos em estádios e os transmitidos pela televisão?
— Eu confesso: Eu corto meus cabelos e aparo a barba e o bigode, inclusive o cabelo das têmporas, mesmo que isso seja expressamente proibido em Levíticos 19.27. Como isso é um crime, segundo a Bíblia, eu devo me matar ou pedir a alguém que me mate em nome de Deus?
— Eu sei que comer a carne de porco, por ser um animal com pés bifurcados, me faz impuro (Levíticos 11.7-8). Mas eu adoro torresmo, lingüiça, costeleta de porco, e feijoada. Devo me matar biblicamente pelo crime da feijoada?
— Eu tenho uma horta, planto diversas árvores frutíferas e tenho uma plantação variada de verduras e vegetais. Sei que isso viola Levíticos 19.19 (plantando dois tipos diferentes de vegetais no mesmo campo) pois a Bíblia proíbe plantar duas plantas diferentes no mesmo campo. Minha esposa também viola Levi ticos 19.19, porque usa roupas feitas de dois tipos diferentes de tecido (algodão e poliéster), que a Bíblia também proíbe o uso de dois tecidos diferentes na mesma roupa. Além do mais, quando eu me enfureço, tenho o hábito de xingar e blasfemar muito, como o Deus da Bíblia. Será que eu corro o risco de morrer apedrejado conforme Levíticos 24.14-16? Aliás, eu tenho um monte de conhecidos meus que agem da mesma forma. Será que eu poderia queimá-los em uma cerimônia privada, conforme previsto em Levíticos 20.14?
A bem da verdade, esses questionamentos, voltaireanos, entram aqui como um testemunho do absurdo que é quando ao invés da Bíblia estar tratando de questões universais sérias, entra na discussão de pormenores tribais como: pragas e ameaças divinas, castigos divinos, maldições divinas, vinganças divinas, assassinatos divinos, ou estabelecendo como possuir escravos, inclusive fixando uma tabela de preços de escravos.
Quando o Antigo Testamento da Bíblia deixa de se preocupar com coisas sérias e universais e passa a definir e a estabelecer regras para pureza e impurezas de animais e de seres humanos, virgindade, incesto, sacrifícios e holocausto de animais, dízimo e ofertas, brigas tribais, que não têm o menor sentido para um Deus cósmico, universal, a Bíblia transforma-se, a partir daí, num livro absolutamente comum. Pois somente um Deus pequeno, tribal, como o Deus velho do Antigo Testamento, é que questões tribais como estas passam a ter sentido.
Envergonhados com este Deus tribal do Antigo Testamento, os cristãos não admitem, mas a maioria deles desejaria que o Antigo Testamento jamais tivesse sido escrito. Por isso, a nova geração de cristãos é predominantemente evangélica, ou seja, adoradores do evangelho, em especial os quatro evangelhos que compõem o Novo Testamento, envergonhados que estão do velho Deus velho do Antigo Testamento, e por isso mesmo estão mudando de Deus, trocando o Deus velho do Antigo Testamento para um Deus novo, o Deus do Novo Testamento: Jesus.
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