terça-feira, 9 de agosto de 2011

A SOCIEDADE SECRETA DE JESUS - ROMÉRO DA COSTA MACHADO - CAPÍTULO II - ERROS E CONTRADIÇÕES BÍLICAS - NOVO TESTAMENTO - SEGUNDA PARTE

A SOCIEDADE SECRETA DE JESUS

- ROMÉRO DA COSTA MACHADO -

CAPÍTULO II

- ERROS E CONTRADIÇÕES BÍLICAS -
NOVO TESTAMENTO




- SEGUNDA PARTE

Não contentes em apresentar Jesus como um curandeiro, vaidoso, arrogante e presunçoso, até porque esta era a convicção do símbolo de poder de um Deus dos saduceus da época, haja vista a forma como atribuíam o "poder" de Deus no Antigo Testamento, os escribas saduceus e fariseus, misturando seus escritos aos dos evangelistas, ainda cometeram um número enorme de erros e contradições em seus relatos. Senão vejamos:

Confronto entre espírito e matéria

(Lucas 20:38) "Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois, para Ele, todos estão vivos."

(João 11:25) "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá."

Viverá... sim... mas... como espírito ou como matéria?

Existe um conceito básico, universalmente aceito, de que matéria é matéria (concreto) e que espírito é espírito (imaterial), e a evolução deste raciocínio é que nós, seres humanos, enquanto estivéssemos vivendo a nossa vida material, aqui na Terra, seríamos espíritos (imateriais), energia imaterial, fundido (aprisionado) dentro de um corpo físico (material) e usando o corpo temporariamente e meramente como meio de locomoção e não como um fim.

Entretanto, como nem sempre este conceito foi assim. Ou melhor, o conceito entre matéria e espírito, dois mil anos atrás, era bem diferente disso, os escribas do Novo Testamento acabaram provocando uma confusão terrível sobre o assunto, principalmente em duas situações. A primeira na ressurreição de Lázaro e a segunda na ressurreição de Jesus.

Na ressurreição de Lázaro, depois de quatro dias morto, após o espírito já ter abandonado o corpo físico, com a sepultura fétida de carne podre, conforme relatado na própria Bíblia, Jesus faz Lázaro voltar à vida e retomar o seu corpo podre. (Afinal... A vida eterna não é espiritual? Então, para que ressuscitar Lázaro e fazer sua carne podre voltar à vida? Isso contradiz todo o conceito entre carne e espírito. Contradiz, destrói e aniquila com o conceito e a valorização da vida espiritual, para supervalorizar o apego à vida material e física).

Na ressurreição de Jesus, num primeiro momento, nenhum dos discípulos reconhece Jesus (Nem Maria Madalena, nem as outras mulheres, nem os discípulos no caminho de Emaús, nem os discípulos no outeiro santo). Sinal de que a materialização do espírito de Jesus era bem diferente do corpo físico original de Jesus, pois nem as pessoas mais íntimas O reconheceram. Mas o mais espantoso é que o "espírito" de Jesus ressuscitado é material. Isso mesmo: espírito material.

Ou seja, Jesus sente sede, sente fome, conversa com os discípulos e pede para que toquem nele (espírito), na sua carne/espírito, e para que tirem a dúvida Ele pede a Tomé que toque nas chagas, nas mãos e nos pés, onde os cravos haviam feito as perfurações na cruz. Um absurdo total, somente imaginável no conceito dos saduceus que não tinham o conceito de vida eterna e não acreditavam em reencarnação. E por isso, está mais do que claro que este texto é de um judeu saduceu e não de um essênio. (A não ser que Jesus não tenha morrido na cruz e a "ressurreição" não seja verdadeiramente uma ressurreição. Será?)

Aparição para Maria Madalena (João 20:4) "Dito isto, (Maria Madalena) voltou-se para trás e viu Jesus de pé, mas não sabia que era Jesus."Sinal de que a aparição estava diferente do corpo original de Jesus. Aparição para dois discípulos no caminho de Emaús, sem reconhecerem Jesus (Marcos 16:12) "Depois disso, apareceu, com um aspecto diferente, a dois deles (discípulos) que iam a andar a caminho do campo (Emaús)."Sinal de que a aparição estava diferente do corpo original de Jesus.

Aparição, novamente, para os discípulos, sem reconhecerem Jesus (Marcos 16:14) "Apareceu aos próprios onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e a obstinação em não acreditarem naqueles que O tinham visto ressuscitado (Lucas 24:36-39) "Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: ‘A paz esteja convosco’... Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo. Apalpai-me e olhai que o espírito não tem carne nem ossos, mas verificais que Eu tenho."

Sinal de que a aparição não só estava diferente do corpo original de Jesus, como a aparição era física a ponto de Jesus pedir para que o tocassem, que o apalpassem.

Com fome após ter morrido e ressuscitado, Jesus pede comida: (Lucas 24:41-42) "Ele perguntou-lhes: ‘Tendes aí alguma coisa que se coma?’. Então deram-Lhe uma posta de peixe assado; e tomando-a, comeu diante deles."

Como assim? Fome física (material)? Um espírito, imaterial, que acabara de ressuscitar estava com fome? Morrer dá fome? Que tipo de mensagem esperavam os escribas saduceus e os "evangelistas", os pregadores e a igreja com esse tipo de relato? (A não ser que Jesus não tenha morrido na cruz e a "ressurreição" não seja verdadeiramente uma ressurreição. Será?)

Não há como atribuir ao leitor uma outra interpretação ou a falta de compreensão do texto. Não há como imputar culpa do texto ao leitor por falta de fé. Não há como solicitar profunda ignorância do leitor para se poder fazer um texto como esses ser digerível e compreensível. Decididamente, a própria falta de conhecimento dos escribas sobre o que era físico e imaterial, carne e espírito e de como seria ou deveria ser o processo de reencarnação, é que provocam erros grosseiros e absurdos como estes. (A não ser que Jesus não tivesse morrido na cruz. Ou melhor, não tivesse morrido na crucificação, e antes de morrer na cruz, houvesse sido salvo da morte e posteriormente, já curado, apareceu como corpo material. Será?)

Esta questão, no mínimo confusa, sobre reencarnação, material e imaterial, somente se torna compreensível a partir do ponto em que você assume que Jesus era um sábio essênio, pertencente à Sociedade Secreta dos Essênios (odiada pelos saduceus, fariseus e zelotes, e que foi dizimada por eles na diáspora de 70), e que tinha convicções muito próprias sobre ressurreição, reencarnação, incorporação, e materialização, como sendo quatro coisas distintas e bem diferentes, e que o espírito e a materialização de Jesus ocorreram de acordo com a crença daquela sociedade. Ou seja, ressurreição (ressurgir dos mortos, como Jesus, indicando a existência de vida eterna); reencarnação (como Lázaro que reencarnou no próprio corpo); incorporação (no corpo alheio, como o possesso, cujos "demônios" ou espíritos ruins incorporaram-se nele e depois transferiram-se para os porcos, ou como em (Marcos 6:14) quando Herodes diz que Jesus estava incorporado por João Batista); e materialização (que é transformar algo imaterial em matéria, como o espírito — imaterial — de Jesus que se materializa para Paulo/Saulo, no caminho de Damasco, ou quando aparece aos discípulos).

Mas, continuando sobre os erros e contradições do Novo Testamento:

A terra perecerá? (Como no Novo Testamento)(II Pedro 3:10) "Os céus passarão com um grande estrondo... a Terra e todas as obras que nela há serão consumidas."

(Hebreus 1:10-11). "Tu, Senhor, no princípio fundaste a Terra e os céus, são obras das Tuas mãos. Elas perecerão, mas Tu permanecerás."

Ou a terra vai durar para sempre? (Como no Antigo Testamento)

(Salmos 104:5) "Fundastes a Terra sobre bases sólidas, inabaláveis para sempre."

(Eclesiastes 1:4)...mas a Terra subsiste sempre."

Afinal, a Terra vai acabar ou vai durar para sempre?

O reino dos céus está próximo?

(Mateus 4:17) "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus."

Ou já chegou?

(Lucas 17:20-21) "O reino dos céus já chegou. Ele está dentro de vós."

Afinal, o reino dos céus chegou ou não chegou?

O testemunho de Jesus é verdadeiro?

(João 8:14) "Ainda que Eu dê testemunho de Mim mesmo, é verídico o Meu testemunho, porque sei de onde vim e para onde vou."

Ou Jesus era contraditório e o Seu testemunho é falso?

(João 5:31) "Se Eu dou testemunho a respeito de Mim mesmo, o Meu testemunho não é verdadeiro."

Afinal, o testemunho de Jesus é falso ou verdadeiro?

Jesus pregava a paz e o amor?

(João 13:34 e 15:12) "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei."

(Mateus 5:44) Eu, porém, vos digo: "Amai a vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem."

Ou pregava a desunião e a guerra?

(Mateus 10:34-36) "Não penseis que vim trazer paz à Terra. Não vim trazer a paz, mas a espada. Porque eu vim separar, o filho do seu pai, e a filha da sua mãe, e a nora da sua sogra. (36) de tal modo que os inimigos de um homem serão seus próprios familiares."

(Lucas 22:36) "...e quem não tem espada, venda sua capa e compre uma."

Afinal, Jesus pregava a paz ou a guerra?

À bem da verdade, isso já foi abordado antes. É claro que Jesus era essênio, humanitário, pacifista, pregador da não violência. Atribuir a Jesus a pregação da guerra é mais uma das tantas violências cometidas contra Ele pelos escribas saduceus e deve ser retirada do contexto assim como o escultor retira da pedra bruta o que não é escultura.

Quem foi o pai de José, e avô de Jesus: Jacó ou Heli?

(Mateus 1:16) "E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo."

(Lucas 3:23) "Ao iniciar o Seu ministério Jesus tinha cerca de trinta anos, sendo filho, como se supunha, de José, filho de Heli"

Afinal, quem era o avô de Jesus? Jacó ou Heli?

Aqui está uma daquelas situações que havíamos comentado antes. Quando a igreja revisou e "refundiu" os textos dos quatro evangelhos, tentando harmonizar ao máximo os escritos entre si, em diversas situações deparou-se com a dúvida atroz: "Diante de relatos conflitantes e contradissentes dos evangelistas, a quem dar maior credibilidade?" "Qual texto deve ser considerado o correto?"

Ante a este impasse, a igreja preferiu deixar os dois textos, contraditoriamente, exatamente como estavam, pois se escolhesse uma das versões poderia estar fazendo a escolha errada, e com isso destruindo uma possível versão correta.

Razão pela qual diversas contradições bíblicas como esta passaram a fazer parte da Bíblia, sem qualquer constrangimento ou justificativa maior.

E assim, na mesma situação de dúvida histórica e genealógica da igreja, ficamos sem saber: Afinal, quem era o avô de Jesus? Jacó ou Heli?

Deus confiou o julgamento a Jesus?

(João 5:22) "O Pai não julga ninguém, mas entregou ao Filho o poder de tudo julgar"

(João 5:27) "... e deu-lhe o poder de julgar por ser Filho do homem"

(João 5:30) "Eu nada posso jazer por mim mesmo; conforme ouço é que julgo, e o Meu juízo é justo, porque não busco a Minha vontade, mas a vontade Daquele que a Mim enviou".

(João 8:26) "Tenho a vosso respeito, muito o que dizer e que julgar"

(II Corintos 5:10) "Porque todos havemos de comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver jeito, enquanto estava no corpo."

Jesus, porém, disse que não julga ninguém.

(João 8:15) "Vós julgais segundo a carne, Eu não julgo ninguém"

(João 12:47) "... não sou Eu que condeno, porque não vim para condenar o mundo, mas para o salvar."

Os santos é que irão julgar o mundo?

(I Corintos 6:2) "Por ventura não sabeis que os santos hão de julgar o mundo?"

Aqui repete-se a mesma situação de dubiedade de narração dos evangelistas, sendo que no caso, o próprio João Evangelista, o vaidoso e pernóstico João, que se definia como: "o discípulo a quem Jesus amava" — é quem mais se contradiz.

Para os cristãos, a última ceia foi na quinta-feira, a prisão de Jesus foi na madrugada de quinta para sexta-feira, a morte de Jesus foi na sexta feira, e a ressurreição foi no domingo (páscoa cristã).

Há que se considerar inicialmente duas coisas bem distintas:

A páscoa judaica, não é um único dia, mas uma semana, e se inicia com a festa dos ázimos (comida de pães não fermentados), por isso mesmo, pode começar em qualquer dia da semana, dependendo da fase da lua e termina uma semana após em qualquer dia da semana; e a páscoa dos cristãos, que é celebrada sempre, sempre, sempre aos domingos.

Ou seja, os sete dias de semana da páscoa judaica (que começa e termina em qualquer dia da semana) não têm necessariamente correlação com o domingo da páscoa cristã.

A páscoa judaica inicia-se com os ázimos (pães não fermentados) para celebrar a fuga dos judeus escravos do Egito, onde os judeus fugiram com sacos de farinha nas costas, e que em razão do suor do corpo molhando e secando a farinha nas costas, fabricavam, espontaneamente, pães não fermentados (ázimos) que serviam de alimento para os judeus em fuga. E este ato — extremamente simbólico para os judeus — passou a ser o início da celebração pascal, preconizada por um grande jejum semanal, cujo início era a festa dos ázimos e terminava com a fartura da morte do cordeiro pascal (churrasco de cordeiro). Onde se pode constatar que as páscoas judaicas e cristãs são completamente diferentes, sendo a judaica regida pelas fases da lua enquanto que a cristã é regida pelo calendário solar.

A santa (última) ceia foi na quinta-feira?

(João 13:1-2) "Antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que chegara Sua hora de passar deste mundo para o Pai... E no decorrer da ceia..."

Ou seja, a última ceia podia ser qualquer dia da semana antes da festa da páscoa judaica. Supor que a última ceia tenha ocorrido na quinta-feira é absolutamente falta de qualquer fundamento histórico, concreto.

Ou a santa (última) ceia foi na terça-feira?

(Mateus 26:17) "No primeiro dia dos ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-lhe: ‘Onde queres que façamos os preparativos para comer a páscoa?’."

João diz que a ceia foi antes da páscoa e Mateus diz que a ceia foi no primeiro dia da páscoa (no primeiro dia dos ázimos, quando não se comia fermento, para celebrar a páscoa judaica, que era a celebração da libertação do povo Judeu do Egito). Mas, independentemente de ter sido antes da páscoa (como quer João) ou no seu primeiro dia (como quer Mateus) não se sabe qual foi o dia da semana em que isto ocorreu, porque a páscoa judaica poderia iniciar-se em qualquer dia da semana.

Flávio Josefo, o maior historiador judaico conhecido, afirma que a morte de Cristo ocorreu no 14° dia de Nissan (o dia de preparação da Páscoa dos Judeus), que naquele ano havia caído numa sexta-feira (nossa sexta-feira santa). Diversos outros registros religiosos também indicam que a morte de Jesus ocorreu numa sexta-feira.

Entretanto, não se pode concluir de imediato que se Jesus morreu numa sexta-feira (véspera do sagrado sábado judaico), sua prisão foi feita no mesmo dia (nossa madrugada de quinta para sexta-feira) e que a última (santa) ceia foi feita no dia anterior (quinta-feira). Isto porque, após Jesus ter sido preso, Ele foi levado até Anás no Sinédrio (Anás era membro dirigente do Sinédrio), e ali Jesus foi interrogado.

Posteriormente saiu dali e foi enviado a Caifás (sumo sacerdote) no templo, e Jesus foi novamente interrogado.

Depois foi enviado ao palácio de Pôncio Pilatos, e foi novamente interrogado. Reconhecendo Pilatos que Jesus era galileu, foi encaminhado ao palácio de Herodes, e foi mais uma vez interrogado (Aqui uma observação: No primeiro interrogatório de Pilatos, Jesus declarou-se galileu de nascimento — Galiléia, no norte — e como Pilatos tinha poderes somente na Judéia — no sul — não poderia interferir na jurisdição de Herodes (no norte). Daí o motivo de Jesus ter sido enviado a Herodes). Absolvido por Herodes, Jesus retorna a Pilatos, agora com a autorização para julgar sobre crimes locais, pois nenhum crime contra Roma havia sido encontrado por Herodes. Pilatos, interroga novamente Jesus e Ele é levado para terrível castigo físico de chicoteamento na masmorra do palácio, para ver se esse castigo aplacaria a ira dos saduceus contra Jesus. No dia seguinte, os saduceus inconformados com a simples prisão e chicoteamento de Jesus, exigem de Pilatos um julgamento público para a crucificação de Jesus. Finalmente, Jesus volta da masmorra (chicoteado e sangrando) para um julgamento público de Pilatos, exigido pelos saduceus, onde Jesus é confrontado com Barrabás (Jesus bar Abas). Depois segue-se o coroamento de espinhos, a "via crucis" até o Gólgota, e a crucificação na terceira hora (nove horas da manhã) (Marcos 15:25) "Era a hora terceira quando o crucificaram. "

Logicamente, é física e humanamente impossível acontecer tudo isso num espaço de tempo tão curto entre o nascer do sol até as nove horas da manhã. Isso é física e praticamente impossível. (Prisão, Anás, Caifás, Pilatos, Herodes, Pilatos e chicoteamento, Pilatos novamente no dia seguinte em julgamento público, coroação de espinhos, via crucis, e crucificação às nove da manhã)

Assim, a data da morte de Jesus (sexta-feira) não tem relação automática com o dia da Sua prisão. Que, por sua vez, não tem relação automática com a data da última (santa) ceia.

Os escritos tidos como "apócrifos" e os manuscritos do Mar Morto (Qunram) desmentem estas datas bíblicas confusas dos evangélicos. A própria Bíblia católica reconhece o crasso erro entre João e os outros três evangelistas, mostrando ser impossível determinar estas datas, senão vejamos:

"Bíblia Sagrada — Nova Edição Papal — Traduzida dos "originais" pelos missionários capuchinhos de Lisboa — Pág. 1004 — Nota sobre Mateus 26:17 — "É difícil harmonizar o texto de João 19:31, para quem o primeiro dia dos ázimos cairia numa sexta-feira santa à tarde, com esta data dos sinóticos. Descobertas recentes dão ensejo à possibilidade de haver discrepância a cerca dos calendários. Qunram e outros seguiriam o calendário solar, indicando a celebração da páscoa na terça-feira, ao passo que, oficialmente, no templo, a páscoa teria sido celebrada na sexta-feira."

Aqui um caso raro. Pela primeira vez a Igreja Católica Apostólica Romana cita nominalmente e admite (num comentário — bula — da própria Bíblia) o que não mais pode ser escondido: a importância dos Manuscritos do Mar Morto e dos evangelhos raivosamente alcunhados de apócrifos ("Qunram e outros seguiriam o calendário solar"), posto que os manuscritos de Qunram são os únicos documentos historicamente autênticos, verdadeiros e irrepreensíveis sobre os acontecimentos envolvendo a vida de Jesus. E os documentos de Qunram desmentem categoricamente muitas fantasias, erros e contradições dos quatro evangelhos "refundidos" pela igreja.

Em outras palavras, a data da última (santa) ceia, assim como a data da Sua prisão, pode ter acontecido em qualquer dia da semana — presumivelmente segunda e terça-feira.

De comum acordo, em toda esta história, somente o fato da morte ter sido na sexta-feira, véspera do sábado sagrado dos judeus. E a "ressurreição" ter ocorrido no domingo, que acabou se transformando na data da páscoa cristã. Mas daí a dizer que de sexta-feira a domingo passaram-se três dias para fazer coincidir com as profecias do Antigo Testamento, "ao terceiro dia ressurgiu dos mortos", a distância é grande, pois de sexta para sábado é um dia, e de sábado para domingo é um segundo dia e não terceiro.

O terceiro dia cairia na segunda-feira. Em número de horas é pior ainda. Pois se Jesus morreu na tarde de sexta-feira e ressuscitou na manhã de domingo, não havia se passado sequer 48 horas.

Essa história de ressurgir dos mortos depois de três dias, é para fazer coincidir a "profecia retroativa" de Mateus (escrita mais de 70 anos depois da data do nascimento de Jesus) com a profecia bíblica de Jonas (da baleia) e o relatado pelo próprio Mateus como tendo acontecido semelhantemente com Jesus:

(Mateus 12:40) "Assim como Jonas esteve no ventre da baleia por três dias e três noites, assim o Filho do Homem estará no seio da Terra três dias e três noites."

Especializando-se em "profecias retroativas", Mateus cria, inventa "profecias" sobre fatos que ele mesmo irá relatar como se tivessem acontecidos como profecia. Isto porque, Mateus estava escrevendo o evangelho mais de 70 anos depois da data do nascimento de Jesus, e mais de 40 anos depois da "morte" de Jesus. E com isso, já que Mateus não podia reescrever o Antigo Testamento, Mateus "previu" (posteriormente ao ocorrido) que Jesus ressuscitaria dos mortos ao terceiro dia, conforme a previsão que ele mesmo inventou em 20:19: "Entregá-lo-ão aos pagãos, para o encarnecerem, açoitarem e crucificarem. Mas ele ressuscitará ao terceiro dia."

Conforme dito anteriormente, da morte de Jesus, na sexta-feira à tarde até a Sua "ressurreição" no domingo de manhã, não são três dias e três noites. Sequer chegam a 48 horas. E quanto a Jonas ter sido engolido por uma baleia (na realidade "grande peixe"), a impossibilidade resulta do lato da baleia ser um animal que não se alimenta de carne humana, e que biologicamente, em razão do tamanho do esôfago de uma baleia, alimenta-se basicamente de pequenos peixes, crios (uma espécie de camarões) e plancton. Seria um caso único, na humanidade, de uma impossibilidade biológica, tão irreal quanto ressurgir intacto do estômago da baleia após três dias e três noites, sendo bombardeado por poderosos sucos estomacais que destroem ossos, espinhas e couraças de crustáceos. Mas, como na Bíblia, morcego é ave e insetos têm quatro patas... pode ser que o caso de Jonas com a baleia seja mais um caso bíblico zoológicamente raro e impossível.

Jesus foi crucificado na hora terceira, sexta ou nona?

(Marcos 15:25) "Era a hora terceira quando o crucificaram."

(João 19:14) "Era a parasceve pascal (dia da preparação da páscoa judaica), e quase na sexta hora. Pilatos disse aos judeus: "Eis aqui vosso rei".

Marcos garante que Jesus foi crucificado na hora terceira, ou seja, nove horas da manhã. Mas segundo João, foi bem depois da hora sexta (meio-dia). Ou seja, algum tempo após Pilatos ter apresentado Jesus aos judeus/saduceus e fariseus, condenado, na hora sexta (meio dia).

Já para Mateus, a crucificação foi próximo da hora nona (três horas da tarde).

Decididamente, não há como harmonizar estes horários. E, como a igreja, ao "refundir" (reescrever) os textos das folhas soltas que viriam a ser os evangelhos, recusou-se a eleger um

horário como o definitivo, fica a critério de cada um admitir o horário que melhor aprouver.

Para melhor compreensão da contagem do tempo naquela época, o dia não se iniciava à meia-noite, iniciava-se ao anoitecer, às seis horas da tarde e terminava às seis horas da tarde do dia seguinte, quando só a partir daí eram iniciadas as horas. Ou seja, o dia iniciava-se pelo anoitecer e terminava com o fim da luz do dia seguinte e neste período as horas não eram contadas. As horas só eram contadas com a luz do dia.

A nossa zero hora coincide com a meia noite, e daí segue-se pela madrugada: 1 da manhã, 2 da manhã, 3 da manhã etc. A zero hora judaica iniciava-se às seis horas da manhã e a primeira hora era às 7h, a segunda hora era às 8h, a terceira hora era às 9h, a quarta hora era às 10h, a quinta hora era às 11h, a sexta hora era às 12h, a sétima hora era às 13h, a oitava hora era às 14h, a nona hora era às 15h, a décima hora era às 16h, a décima primeira ou undécima hora era às 17h, a décima segunda hora era às 18h.

Quantas mulheres foram ao sepulcro?

Uma mulher foi ao sepulcro?

(João 20:1) "Na madrugada do primeiro dia da semana, sendo ainda escuro, Maria Madalena foi as sepulcro, e viu que a pedra fora revolvida da entrada. Correu ela e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, a quem Jesus amava..."

Duas mulheres foram ao sepulcro?

(Mateus 28:1) "Passado o sábado, ao alvorecer do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram visitar o sepulcro."

Três mulheres foram ao sepulcro?

(Marcos 16:1-2) "Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para irem embalsamar o corpo de Jesus. Muito cedo, no primeiro dia da semana, logo depois do nascer do sol, foram ao sepulcro."

Várias mulheres foram ao sepulcro?

(Lucas 23:54-55; 24:1; 24:10) "Era o dia da preparação e ia começar o sábado. As mulheres que tinham vindo com Ele da Galiléia, seguiram a José e viram o sepulcro, e como o corpo fora ali depositado (...) No primeiro dia da semana bem cedo, elas foram ao sepulcro, levando os perfumes que tinham preparado (...) Voltando do sepulcro, foram contar tudo aos onze e a todos os restantes. Eram elas Maria Madalena, Joana, Maria, mãe de Tiago e as outras que com elas estavam..."

Quais foram as últimas palavras de Jesus?

Mateus (27:46) "E por volta da hora nona exclamou Jesus em alta voz: "Elli, Elli, lema sabacthani?." (Deus, Deus, por que me abandonaste?) e que alguns até pensaram que Ele estava chamando por Elias.

Marcos (15:34) "Eloí, lama sabachthni" (Deus, por que me abandonaste?)

Lucas (23:46) "... Jesus clamou com grande voz- ‘Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito’. Havendo dito isto, expirou".

João (19:30) Quando Jesus recebeu o vinagre oferecido por um soldado, embebido em uma esponja, disse: ‘Tudo está consumado!’ E inclinando a cabeça, entregou o seu espírito.

Jesus profetizou que Pedro o negaria antes do galo cantar uma vez.

(Mateus 26:34) "Jesus retorquiu-lhe: "Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás.

Ou duas vezes?

(Marcos 14:30) "Jesus disse-lhe: "Em verdade te digo que hoje, esta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás"."

Pedro negou conhecer Jesus...

... três vezes, antes do galo cantar uma vez...

(Mateus 26:74-75) Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: "Não conheço esse homem." E imediatamente o galo cantou. Então Pedro se lembrou das palavras que Jesus lhe dissera: "Antes que o galo cante, três vezes me negarás."

(Lucas 22:60) "...e Pedro lembrou-se da palavra que o Senhor lhe havia dito: Hoje, antes que o galo cante, três vezes me negarás."

... três vezes, antes do galo cantar duas vezes...

(Marcos 14:70-72) "Mas ele negou a segunda vez, (e pela terceira vez Pedro nega a Jesus) "Não conheço esse homem que dizeis". E, imediatamente o galo cantou pela segunda vez. Pedro lembrou-se então do que Jesus havia dito: "Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás." E desatou a chorar"

... duas vezes, antes do galo cantar uma vez...

(João 18:27) "Pedro negou novamente (a Jesus), e naquele momento um galo começou a cantar."

... ou três vezes, sem que o galo cantasse uma única vez?

(João 13:38) Disse-lhe Jesus: "Tu darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo antes que tu Me negues três vezes."

Será que dá para perceber algum tipo de contradição, nisso?

Judas beijou Jesus durante a traição?

(Lucas 22:48) — "Judas é com um beijo que entregas o Filho do Homem?" (Porém, segundo Mateus, Jesus teria dito: "Amigo, a que vieste?" ou também "Amigo, foi para isso que vieste?")

Ou não?

Em João 18:1-11, numa longa narrativa, Jesus sequer fala com Judas, e aparece como um valentão apresentando-se aos guardas. "A quem buscais?", "A Jesus, O Nazareno?", "Sou eu". "Já vos disse que sou eu". "Se é a Mim que buscais, deixai partir os demais (discípulos)".

— O anjo que anunciou a virgindade de Maria apareceu para José?

(Mateus 1:19-21) — "José, seu marido, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente.

Andando ele a pensar nisto, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: ‘José, da casa de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela foi fecundado é obra do Espírito Santo. Ela dará a luz a um filho e por-lhe-ás o nome de Jesus’."

Ou para Maria?

(Lucas 1:28-31) — "Ao entrar na casa dela, o anjo disse-lhe:’Salve Maria, cheia de graça, o Senhor está contigo... Hás de conceber em teu seio e dar à luz a um filho, ao qual porás o nome de Jesus’."

Os três reis magos eram três? Eram reis? Eram magos?

(Mateus 2:1-3) — "Tendo Jesus nascido em Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do oriente. ‘Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? — perguntavam. Vimos sua estrela no oriente e viemos adorá-lo’."

Um pequeno trecho e um amontoado de erros.

Primeiro, Jesus, de Nazaré, não nasceu em Belém, conforme iremos verificar em outra oportunidade.

Segundo, a Bíblia não fala em reis e não existe o registro de três reis vindos do oriente. Aliás, a Bíblia não fala em reis e sim em magos e não em três, mas sim em "uns" magos.

Muito menos diz que estes "reis" se chamam Gaspar, Baltazar e Belquior (ou Melchior). Estes registros da visita dos "três reis magos" estão em trechos aleatórios nos evangelhos proibidos pela igreja e que a própria igreja rejeita.

Terceiro, não existe qualquer registro histórico que dê veracidade a que algum dia tenha existido no oriente, em qualquer país, três reis com os nomes de Gaspar, Baltazar e Belquior (ou Melchior).

Em quarto, registre-se que a expressão "magos" está traduzida errada, pois na realidade a expressão original refere-se a "magi" como sacerdotes mitrais (usando mitra, chapéus pontudos), confundido assim estas figuras de sacerdotes mitrais com mágicos ou magos.

E finalmente, em quinto, a coisa mais patética: Estavam seguindo uma estrela? Como alguém segue uma estrela?

Como alguém acha o fim de um arco íris? Uma estrela somente é seguida para orientar uma direção, e não um lugar, como no caso das navegações, em que ao seguir-se numa direção baseado num ponto fixo de uma estrela segue-se sempre para o norte, ou para o sul, ou para o leste ou para oeste. É como orientar-se pelo sol. Mas seguir uma estrela, igual a uma placa luminosa, indicando: "É aqui, chegaram", é abusar demais da paciência, da credulidade e da ignorância de quem lê.

Existe ainda um outro erro geográfico terrível. Segundo Mateus, os tais "reis" foram visitar Herodes, o Grande, em Belém/Jerusalém (na Judeia, no sul), quando Herodes, O grande, naquela época estava situado na Galileia, no norte.

Um erro de cerca de 150km de distância.

"Será chamado Nazareno?"

(Mateus 2:23) — "... assim se cumpriu o que foi anunciado pelos profetas: ‘Ele será chamado Nazareno’."

Aqui, num pequenino trecho, não só um amontoado de erros, como muita mentira e má fé de Mateus (ou do escriba que fez o texto e atribuiu a ele a autoria do versículo).

Mateus especializou-se em inventar "profecias retroativas" que aconteciam muitos anos (pelo menos 40 anos) depois dos fatos terem sido relatados como acontecido. Como também Mateus inventava muitas profecias do Antigo Testamento, sem que as citadas profecias realmente estivessem no Antigo Testamento. Isto porque, não existe um único registro no Antigo Testamento a respeito de Nazaré ou Nazareno. Trata-se de invencionice de Mateus (ou do escriba que escreveu por ele), escrevendo sobre a vida de Jesus mais de 70 anos após o seu nascimento e após a destruição de Jerusalém no ano 70, e tentando fazer coincidir, no ano 70, "profecias retroativas", como se elas tivessem realmente se realizado. Aliás, Nazaré sequer existia como cidade quando Jesus nasceu. Existia, sim, o lago de Genesaré (Mar de Tiberíades), mas não a cidade de Nazaré, que somente veio a existir alguns anos (cerca de quinze anos) após Jesus ter nascido.

Vejamos a má fé de Mateus (ou do escriba que escreveu por ele). Ele afirma, após o ano 70, época da destruição de Jerusalém e da diáspora e extermínio dos essênios, portanto 70 anos depois de Jesus já ter nascido, que 70 anos antes iria se realizar uma "profecia retroativa" e que Jesus iria ser chamado de Nazareno.

Uma profecia ao contrário, relatada depois do fato ter acontecido, passados mais de 70 anos. Porém, o mais gritante é que além de Nazaré sequer existir quando Jesus nasceu, sendo impossível, dessa forma, tal registro, Mateus ainda confunde Nazireu com Nazareno, que são coisas completamente diferentes.

Para efeito de argumentação, vamos conceder o benefício da dúvida e admitir que Mateus estivesse com falhas mentais (pois ele era contemporâneo de Jesus e que quando teoricamente escreveu o seu evangelho, logicamente já tinha mais de 80 anos) e com isso não se lembrou ou "confundiu" que Nazaré (a cidade) não existia quando Jesus nasceu, mas tão somente o lago de Genesaré.

Entretanto, como Mateus pode ter "confundido", novamente, Nazareno (nascido em Nazaré) com Nazireu (de Nazir), que é um judeu que tomou os votos de sacrifícios especiais, de não beber vinho, não comer uvas e não cortar os cabelos, que não era o caso de Jesus, pois Jesus era essênio, e como tal era adepto da eucaristia, do ritual do pão e do vinho, e comia uvas. Não podendo, por isso mesmo, ser um Nazireu.

A profecia do Antigo Testamento a respeito do Nazireu, refere-se a Sansão e não a Jesus. Dessa forma, Mateus ao "confundir" a profecia do Antigo Testamento sobre Sansão, que era Nazireu, que não bebia vinho, não comia uvas e não cortava os cabelos, com Jesus, chamando-o de Nazareno, não é o que se pode dizer como um caso do acaso, quando a má fé e má intenção estão bastante claras. Mas o pior de tudo é dizer que cumpriu-se a profecia do Antigo Testamento afirmando que o messias se chamaria Jesus, quando os nomes de "Jesus", assim como Nazaré, sequer são citados no Antigo Testamento. Muito pelo contrário, o messias, segundo o Antigo Testamento, não viria de Nazaré e sim de Belém e deveria chamar-se Emannuel, conforme:

Isaias (7:14) "Por isso mesmo, o Senhor, por Sua conta e risco, vos dará um sinal: Olhai: A jovem (palavra correta) mulher está grávida e dará a luz a um filho, por-lhe-á o nome de Emmanuel".

Portanto, a mãe de Jesus, Maria, era uma jovem mulher ("almah", que não quer dizer virgem), e não uma virgem ("bethulah"), e Jesus de Nazaré, não era de Nazaré (e nem de Belém) e não se chama Emmanuel conforme previsto pelas profecias de Isaias no Antigo Testamento. Ou seja, as profecias alegadas por Mateus como tendo sido cumpridas, jamais se realizaram (mesmo ele "prevendo" isso 70 anos depois do acontecimento). As profecias de Isaias, no Antigo Testamento também não se realizaram, pois Jesus chama-se Jesus e não Emmanuel.

Jesus nasceu em Nazaré, na Galiléia (Norte)?

(João 7:41) "O Cristo virá da Galileia?" Ou em Belém, na Judeia (Sul)?

(João 7:42) "Não diz a escritura que é da descendência de David e do povoado de Belém, de onde vem David, que vem o messias?"

(João 7:52) "Investiga e verás que projeta algum surgiu na Galiléia"

Vezes há em que a Bíblia afirma que Jesus é de Nazaré, na Galileia, no norte. Outras vezes a Bíblia afirma que Jesus é de Belém, na Judéia, no sul. E na maioria das vezes refere-se a Jesus como o Nazareno, como se fosse nascido em Nazaré, na Galiléia, no norte. Mas, percebendo que messias algum nasceu na Galiléia e isso seria "menos nobre" para o messias, os escribas mantêm a confusão bíblica em relação ao local de nascimento de Jesus e transferem o Seu nascimento para a Judéia (Belém), no sul, para que Jesus pudesse ter como local de nascimento o mesmo local nobre e santificado do nascimento de David, o mais famoso dos hebreus, o grande expoente do povo hebreu,.

Por mais contraditório que possa parecer, Jesus não nasceu em Nazaré pelo fato de Nazaré sequer existir como cidade à época do nascimento de Jesus (existia, sim o Lago de Genesaré ou Mar de Tiberíades). Assim como Jesus também não nasceu em Belém (na Judéia), pelo fato de Jesus ser galileu, natural da Galileia (mas não da cidade de Nazaré), e isto é sobejamente comprovado no julgamento de Jesus.

Pois, quando Pôncio Pilatos (na Judéia, no sul) pretendeu julgar Jesus (na Judéia, no sul, sob o domínio de Arquelau), foi constatado um erro de jurisdição, vez que Jesus era galileu e confessava-se galileu de nascimento (da Galileia, no norte, sob o domínio de Herodes), por isso Jesus teve que ser enviado primeiro para Herodes (que tinha a Galiléia como sua jurisdição), para só depois, somente após a recusa de Herodes em condenar Jesus e ter aberto mão de sua jurisdição é que Jesus retornou (mais uma vez) para ser julgado por Pilatos, na jurisdição de Arquelau, a Judéia, no sul.

Portanto, é assustador a quantidade de erros bíblicos, que vão desde um aparente erro de "má tradução" da palavra "virgem", atribuída a Maria, Mãe de Jesus, até este falso, contraditório e confuso local de nascimento de Jesus, passando pelas contradições, já citadas ao longo deste relato, onde a cada hora aparece um fato contradizendo outro, ou as mais puras e simples invencionices dos escribas que re-digiram os evangelhos, sejam estes escribas quais forem.

Sejam eles os quatro evangelistas apontados pela igreja: Mateus, Marcos, Lucas e João. Sejam eles saduceus e fariseus. Sejam eles religiosos da própria igreja, os que "refundiram" as folhas soltas dos manuscritos no que ora conhecemos como os quatro evangelhos.

Mas o mais estarrecedor são as ofensas à inteligência do leitor do evangelho, com as afrontosas falsificações de profecias, na realidade "profecias retroativas", feitas após o ano 70 da nossa era. Ou seja, muito tempo depois dos fatos terem ocorrido (no mínimo quarenta anos após a morte de Jesus e dos fatos já terem acontecido). Assim como é de todo lamentável que os escribas tenham aberto mão de priorizar a vida de ensinamentos de Jesus, para dar prioridade ao enfoque de Jesus como um simples curandeiro exibicionista, e com isso interferindo e desacreditando o texto bíblico, pintando Jesus como um arrogante, vaidoso e presunçoso, obrigando as pessoas de bom senso a separar o verdadeiro Jesus, grandioso e humanitário, com profundos e definitivos ensinamentos, do rascunho mal desenhado criado pelos escribas, autores e co-autores, do evangelho de Jesus.

Tentando minimizar os enormes danos causados pelos escribas bíblicos, a igreja adota uma postura evangélica (priorizando o evangelho em detrimento do Antigo Testamento) e praticamente finge que o Antigo Testamento não existe (é até compreensível que a igreja abandone a parte de historinhas mitológicas do Antigo Testamento e valorize somente os ensinamentos, salmos, provérbios e sabedorias) e em relação ao Novo Testamento (apesar de tentar fugir do Deus mitológico sentado numa nuvem) a igreja tenta minimizar o impacto dos erros e contradições bíblicas, hipocritamente, como tendo sido erros menores, oriundos de relatos despretensiosos de seguidores de Jesus, transmitidos originalmente pela tradição oral, sem que os quatro evangelistas tivessem a preocupação em registrar detalhadamente a "vida de Jesus" como se eles, evangelistas, fossem repórteres apurando cada fato e cada detalhe da vida de Jesus.

Ora! Se não era para relatar fiel e historicamente a vida de Jesus, a Sua vivência, a Sua experiência, com precisão e exatidão, então por que o detalhamento de árvore genealógica completa de Jesus desde Adão e Eva? Por que a precisão de locais, datas e até mesmo de horas? Por que esconder a Sua vida do nascimento até os 30 anos? Por que a censura e o banimento dos outros evangelhos chamando-os de gnósticos e de apócrifos? Por que, hipocritamente, tentar esconder e minimizar o relacionamento e envolvimento de Jesus com mulheres, com vagabundos e com prostitutas? Se Ele mesmo disse que não tinha que se preocupar com os que já estão salvos, mas sim com os que precisavam de salvação.

E assim, manquitolando, a igreja tenta fugir de um Deus mitológico do Antigo Testamento, velho, barbudo, sentado numa nuvem, e cai na invencionice dos escribas (uma mistura de folhas soltas de quatro evangelistas, mais manuscritos de escribas saduceus e fariseus, "refundidos" pela própria igreja) que pintam Jesus como um Deus de carne e osso, preocupado com o curandeirismo, arrogante, vaidoso, presunçoso, que chega a ficar difícil enxergar, nos mal escritos e mal orientados textos bíblicos, a grandiosidade da maior figura humana que o mundo já viu: Jesus.

Felizmente, o próprio Jesus, com sua inspiração divina, nos alerta — sistematicamente — justamente para o perigo dos escribas e do quanto de mal eles podem produzir para a humanidade, por toda a eternidade, com seus textos dúbios, confusos, muitas vezes mentirosos e de contraditórias informações, levando-nos a refletir sobre a veracidade do que está escrito e atribuído a ele, Jesus, como se o que está relatado fosse realmente verdade.

"Se a vossa virtude não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus." (Mateus 5:20)

"Vós, portanto, acautelai-vos, pois de tudo vos preveni." (Marcos 13:23)

Estes "proféticos" versículos de citações de Jesus, atribuídos a Mateus e a Marcos, incitam claramente ao questionamento sobre o que os escribas escreveram, e dizem claramente — os versículos — que se a virtude de sua/nossa inteligência não enxergar além do que foi escrito pelos escribas, nada do que foi lido teve valia. Em verdade, em verdade, vos digo: Questione. Quem tiver olhos que veja. Quem tiver ouvidos que ouça. Quem tiver cérebro que use.

Um comentário:

Jayme disse...

...e pensar que tantos entregaram suas vidas por essas falácias contradizentes e guerreiam até hj por isso! bem isso continuará assim até a consumação dos tempos, o não!