A SOCIEDADE SECRETA DE JESUS
- ROMÉRO DA COSTA MACHADO -
CAPÍTULO II -
ERROS E CONTRADIÇÕES BÍBLICAS
- NOVOS TESTAMENTOS
— "E Jesus, pai? É Deus de verdade?"
— "Não, filho... Deus é Deus, Jesus é Jesus. Pretender transformar Jesus em Deus, trocando um Deus pelo outro, fingir que o Deus do Antigo Testamento não existe, nunca existiu, e que somente existe o Deus do Novo Testamento, não modifica muita coisa. Ao contrário, sob certos aspectos, até complica e desacredita o Novo Testamento. Isto porque, se Jesus é filho do mitológico e personificado Deus velho da Bíblia, conforme faz crer a Bíblia, então Jesus sendo filho do Deus personificado do Antigo Testamento... continua a história... filho do Deus mitológico velho do Antigo Testamento, barbudo, de roupão branco, sentado numa nuvem... etc."
— "Como é que é? Não entendi, pai...!!!"
— "Se o novo Deus do Novo Testamento, Jesus, não é filho de José e sim filho de um outro Deus personificado (um outro Deus que não o Deus mitológico e velho do Antigo Testamento)... então estão criando um outro Deus, também personificado como no Antigo Testamento, e incorrendo em novos e velhos erros. Isto porque, ao personificar o novo Deus, tratando-o como uma pessoa (seja o Deus velho ou um novo Deus criado), sendo Ele a imagem do ser humano, e como tal, responsável pela fecundação de Maria, mantendo ou não relações sexuais com ela (exatamente como os Deuses da mitologia grega e romana faziam para "produzir" novos deuses, semideuses, etc.), volta-se a todo aquele questionamento de Deus ser uma figura mitológica criado e inventado à imagem e semelhança do ser humano, e aí vem todo o questionamento de ser homem ou mulher, preto ou branco, ter pai e mãe, avô, etc.
Entendeu agora, filho? Realmente admitir a fecundação de Maria, por Deus, é trocar seis por meia dúzia. Voltaríamos à estaca zero do Deus velho do Velho Testamento ou de um Deus personificado.
Para facilitar a compreensão e não entrar numa discussão interminável que remete ao Antigo Testamento e todos os questionamentos de um Deus velho e mitológico que envergonha os cristãos — embora eles não admitam — vamos admitir que Jesus é filho de Deus (o verdadeiro criador do universo, sem forma, que ninguém sabe como é e que jamais foi visto por quem quer que seja) como todos nós somos filhos de Deus e tudo mais que existe no mundo é filho ou criação de Deus. (Sem falar na fecundação física de Maria, feita por Deus, pois aí a questão fica interminável)
Vamos admitir dessa forma e ignoremos, por instantes, essa fantasia mitológica de que Deus (como se fosse gente) veio ao mundo, teve relações sexuais com Maria, engravidou-a, e ela continuou virgem. Isso é coisa de mitologia, e sequer chega a ser original, posto que é uma cópia mal feita das mitologias grega e romana."
— "Quer dizer, pai, que antes de Cristo os Deuses também engravidavam pessoas para fazer novos Deuses?"
— "Pois era assim, filho, que funcionavam as mitologias, principalmente a mitologia grega."
— "E a mãe de Jesus, pai? Como foi que ela engravidou?"
— "Normalmente, ora. Como todo mundo. Jesus inclusive teve irmãos e irmãs."..
— "Teve irmãos e irmãs? Por que é que não se fala disso?"
— "Não só falam como está escrito e documentado, na própria Bíblia. A gente vai ver isso com mais detalhe e precisão mais para a frente. Por enquanto entenda que Maria, apesar de muito jovem (e por isso as traduções oportunamente "confundem" jovem com virgem), teve uma vida de casada absolutamente normal. Casada com José, Maria teve filhos, e vários (ao todo foram sete. Ou seja, Jesus, mais quatro irmãos e duas irmãs), conforme Mateus confirma em seu evangelho (13:55-56): "Por acaso não é Ele o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria?, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas, e suas irmãs não vivem elas todas entre nós?"
À bem da verdade, nestes versículos só existe um equívoco, é tratar Jesus e José como carpinteiro, quando na realidade a palavra correta utilizada é "tekton", que é uma espécie de "faz tudo", um camponês, um artesão, que além de cuidar do campo faz de tudo um pouco, inclusive carpintaria. E Jesus era bem isso, um artesão camponês (que também fazia serviços de carpintaria). Tanto que em suas parábolas estão bastante presentes e impregnadas sua vida de camponês com exemplos ligados à agricultura e à pecuária.
E tem mais. Em Gálatas (1:19) está claramente dito: "Não vi mais nenhum dos apóstolos, a não ser Tiago, irmão do Senhor".
Recentemente foi encontrado a funerária de Tiago, irmão de Jesus, com a inscrição original em aramaico: "Yaákóv, bar Yosef, akhui di Yeshua" (Tiago, filho de José, irmão de Jesus)"
— "Mas pai, se Maria teve uma vida comum e normal, como todo mundo, por que inventaram essa história de virgindade?"
— "Para tornar Jesus "puro" desde o nascimento. Quem acompanhar outros versículos dos evangelhos da Bíblia, meu filho, entenderá perfeitamente a razão e o porquê de ter sido inventado a história da virgindade de Maria. Pois, se Jesus fosse uma pessoa comum, um qualquer, filho de um camponês, um carpinteiro, ninguém lhe daria credibilidade, pois "santo de casa não faz milagre". Ou conforme registrado em Mateus (13:57-58): "Mas Jesus disse-lhes: “um projeta só é desprezado na sua pátria e em sua casa.” E não fez ali muitos milagres por falta de fé daquela gente". Ou seja, para que acreditassem em Jesus foi preciso que Ele fosse fazer milagre longe de sua terra natal, e com isso foi criado uma história mitológica de que Ele era filho de Deus, fecundado em uma virgem, e que Maria ficou virgem até morrer. Como se a conjunção carnal de Maria desacreditasse Jesus e sua obra."
— "Então "eles" (os religiosos escribas) queriam Deus ou um quase Deus que já nascesse puro como se fosse um Deus?"
— "É mais ou menos isso. A Bíblia até promove uma grande confusão, ora chamando Jesus de Filho do Homem (porque ele é, realmente, filho de José), ora chamando Jesus de Filho de Deus (porque também ele é, como todos nós somos — só que a Bíblia não esclarece isso e cria uma grande confusão, dando a entender que Jesus é filho carnal de Deus — o que é uma bobagem terrível)
Em João (5:25) é dito: "Em verdade, em verdade vos digo que a hora vem, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão".
Entretanto, no mesmo João (5:27) é dito: "E lhe deu o poder e autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem".
Veja bem, filho, que João mesmo cria a confusão, ora chamando Jesus de Filho de Deus, ora chamando Jesus de Filho do Homem.
Mas, isso não é um caso isolado, pois tanto João quanto os outros evangelistas chamam Jesus, em várias passagens, alternadamente, de Filho de Deus e de Filho do Homem, demonstrando que Jesus era homem de carne e osso, filho do homem (com direito até a árvore genealógica, conforme traçado por Mateus), nascido e concebido como todo e qualquer ser humano. E Maria, sem que isso a desmereça, só foi virgem até o casamento, pois daí em diante teve vários e vários filhos e Jesus teve irmãos e irmãs.
Quer ver exemplos, na própria Bíblia?
(Mateus 13:55-56): "Por acaso não é Ele o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria?, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas, e suas irmãs não vivem elas todas entre nós?"
(Mateus 12:46) "Estava Ele ainda a falar à multidão, quando apareceram Sua mãe, Seus irmãos, que do lado de fora procuravam falar-Lhe."
(Lucas 8:19) "Sua mãe e Seus irmãos vieram ter com Ele, mas não podiam aproximar-se por causa da multidão.
(João 7:3-6) "Disseram-Lhe, pois, Seus irmãos: ‘Sai daqui e vai para a Judéia, a fim de os Teus discípulos também verem as tuas obras, pois ninguém que pretende ser conhecido atua em segredo. Já que fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo’." De fato, nem Seus irmãos acreditavam Nele. Jesus disse-lhes: ‘O Meu tempo ainda não chegou’.
Está mais do que claro. Não está? Inclusive é bom reparar na citação anterior, de João, que de uma vez só, cita no mesmo versículo os irmãos e os discípulos de Jesus, mostrando que são diferentes irmãos e discípulos. Jogando por terra, desta forma, a desculpa esfarrapada, inventada por alguns religiosos (exegetas de bicicleta), de que o termo "irmãos" referia-se aos discípulos de Jesus ou a Seus primos ou parentes distantes.
Se os verdadeiros irmãos de sangue de Jesus, não são seus verdadeiros irmãos, pelo simples argumento cínico de que "irmãos" queria dizer qualquer parente ou amigo, então Maria também não seria mãe de Jesus, pois Jesus só a tratava por "Mulher", e quase nunca por mãe.
Essa história de nascimento de virgem decorre simplesmente de uma cópia judaica das mitologias existentes, principalmente das mitologias grega e romana, onde os Deuses para criar novos Deuses ou semideuses ou heróis, engravidavam virgens como uma forma de — desde o nascimento — considerar a autoridade do novo Deus como sendo inquestionável. O novo Deus ou semideus, ao ser fecundado por Deus em uma virgem, já nascia poderoso por ter sido fecundado por um Deus, e isento de "pecado", por ter sido gerado em uma virgem.
Outro fator que contribuiu para a invenção mitológica de Jesus ter nascido de uma virgem, decorre de uma necessidade de se adaptar a vinda do messias às profecias existentes no Antigo Testamento, que diziam que o messias viria do ventre de uma virgem. Entretanto, meu filho, nem isso é verdade, pois nos textos originais a palavra mal traduzida por "virgem" é "almah", que na realidade, bem traduzida, em sua forma mais exata, significa simplesmente "jovem mulher", "rapariga", "menina", "donzela". Não necessariamente uma virgem."
— "Mas, pai... eles não poderiam ter confundido e errado na tradução?"
— "De maneira alguma... Não se pode nem alegar que a virgindade de Maria foi um mero "erro de tradução", pois a palavra que realmente significa "virgem" é "bethulah". Tanto que no livro de Isaías, "bethulah", como "virgem", aparece quatro vezes (23:12, 37:22, 47:1, 62:5). Ou seja, os tradutores sabiam o tempo todo que "almah" não significava virgem, e que a palavra "bethulah", significando realmente virgem, jamais foi usada em relação a Maria ou em relação à profecia da vinda do messias.
Resumidamente, até mesmo no texto da Bíblia, em hebreu, a virgindade de Maria e a alegada virgindade na profecia da vinda do messias não existem e são obra da invenção humana, mais especificamente de religiosos interessados em adaptar os textos da Bíblia (Antigo Testamento) aos interesses religiosos momentâneos, pretendendo, com isso, manter os "fiéis" na mesma ignorância que sempre tentaram manter em relação à parte de conto de fadas do Antigo Testamento."
— "Quer dizer, pai, que em momento algum a Bíblia fala em virgem Maria?"
— "No original, não. Só nas traduções e versões. O correto a respeito de Maria é jovem mulher ("almah"), que não quer dizer, necessariamente, virgem. Mas, alguns poderão alegar que nos evangelhos de Mateus (1:18-25) e Lucas (1:26-35) consta que Jesus nasceu de uma virgem (embora a maioria dos textos destes evangelhos seja cópia entre si, adulterados pela igreja e adaptados às profecias do Antigo Testamento, para fazer coincidir as profecias do Antigo Testamento com o que ocorreu no Novo Testamento).
Vejamos: Só Mateus (1:23) apela para as escrituras hebraicas (Antigo Testamento) como explicação para a virgindade de Maria, induzindo o leitor da Bíblia a acreditar que isso era profético, que há muito estava escrito no Antigo Testamento e que profeticamente iria acontecer. Entretanto, não é bem isso que está no Antigo Testamento. Veja:
Isaias (7:14) "Por isso mesmo, o Senhor, por Sua conta e risco, vos dará um sinal: Olhai: A jovem (palavra correta) mulher está grávida e dará a luz a um filho, por-lhe-á o nome de Emmanuel".
Veja bem. O Antigo Testamento não fala em virgem, mas sim numa jovem mulher, e que o filho desta jovem mulher, segundo o profeta Isaias, irá chamar-se Emmanuel.
Se por um lado Mateus adultera o texto bíblico do Antigo Testamento, pois "almah" não significa virgem e sim jovem mulher. Por outro lado Mateus adultera mais ainda a "profecia", posto que Jesus não se chama Emmanuel, conforme previsto na profecia do Antigo Testamento. Aliás, o próprio nome de Jesus é de um mistério absoluto.
— "Mistério como? O nome dele não é Jesus?"
— "Também..."
— "Também como? É ou não é Jesus?"
— "Ele chama-se Jesus ou Yesus em latim. Ou Yeshua também em latim ou Jeshua em hebraico. Mas também é Josué ou Giosué ou Joshua ou Yoshua, dependendo de onde Ele é chamado. E até mesmo atende pelo título de Cristo ou Christós em grego."
— "Não entendi nada. Qual o seu verdadeiro nome de Jesus?"
— "Para nós é Jesus e pronto. Pois todos esses nomes, na realidade não são nomes como nós conhecemos. Na verdade são títulos honoríficos ou apelidos que significam "Salvador", "Ramo", "Vara", "Ungido", "Messias", "Escolhido".Coincidência ou não, é assim também em relação a Deus que, no texto original da Bíblia, é chamado de Elohim, Eloah (Vindos do céu), El Chaddai (Onipotente / O todo poderoso), Elión (O Altíssimo), Adonai (Divino), Javé (O Deus vivo) ou Jeová. E no caso de Jesus aconteceu algo bem semelhante, vez que ele recebeu vários nomes, ou melhor, vários apelidos, significando títulos honoríficos.
Um outro apelido de Jesus bastante comum é o de "Jesus de Nazaré", adaptado do hebraico Yeshua (Salvador) Netser (Ramo). Entretanto, "Jesus de Nazaré" ou Yeshua Netser não é um nome, e sim um título, que significa o Salvador de Nazaré, ou o Ramo de Nazaré, ou o Ramo Salvador de Nazaré. Isto porque, havia a necessidade de se adaptar o nome de Jesus às benditas profecias do Antigo Testamento, como em Isaias 11:1, ao tentar predizer que de Jessé (pai do Rei David) nasceu a Vara ou o Ramo, predizendo um messias "E sairá uma Vara do tronco de Jessé, e um Ramo crescerá fora de suas raízes..."
— "Ah... então quer dizer que o nome d'Ele, na verdade, é um título, e como Ele chama-se Jesus e não Emmanuel não se cumpriu a profecia do Antigo Testamento?"
— "Exatamente isso. O nome de Jesus é um título honorífico (O Salvador). E por Jesus não se chamar Emmanuel, não se cumpriu a profecia do Antigo Testamento."
— "Bom, pai, mas qualquer que seja o nome de Jesus, isso não modifica a vida dele... Ou modifica?"
— "Não. Claro que isso não modifica a vida de Jesus. Estes registros em relação a Jesus não modificam em nada a sua história e nem pretendem modificar, pois qualquer que seja ou tenha sido seu nome, mundialmente será conhecido simplesmente como Jesus para a maioria, com direito a variações como Jesus de Nazaré, Jesus Cristo e para uns tantos será Joshua, ou Jeshua.
Veja bem, filho, eu somente abordei a questão do nome de Jesus por dois aspectos: Primeiro, porque os apelidos e os nomes na "Sociedade Secreta de Jesus" é absolutamente fundamental (Jesus é Xpto, Simão é Pedro, João irmão de Tiago é Boanerges, Batolomeu é Natanael, Levi é Mateus, Tomé é Dídimo, etc.)."
— "É mesmo?"
— "É sim !!!"
— "Segundo, porque o nome desmistifica a profecia falsificada no Novo Testamento, feita às avessas. Ou seja, inicialmente foi dito no Antigo Testamento que o messias seria o filho de uma virgem (na verdade uma "jovem") e que se chamaria Emmanuel. E posteriormente tentou-se adulterar esta história e foi colocado no Novo Testamento, 70 anos depois de Jesus ter nascido, uma nova "profecia retroativa" dizendo que o filho da "virgem" se chamaria Jesus e com isso tentando enganar as pessoas como se a "profecia" tivesse acontecido."
— "Nossa... mas tanta briga só por causa de um nome?"
— "Não existe briga. O que existe é o fato de, se você questionar e pesquisar, a verdade sempre acaba aparecendo, apesar das pessoas ficarem escondendo para tentar transformar Jesus em Deus, como se isso fosse salvar a humanidade. (Aliás, se isso, essa bobagem de Mateus, fosse fundamental, a humanidade já estaria salva e não haveria mais sofrimento)."
— "Bom... então a história parou por aí...??? Não insistiram mais no fato da profecia e nem que Jesus é Deus?"
— "Que nada. Até hoje insistem em transformar Jesus em Deus, esquecendo-se do mais elementar disso tudo: Deus é Deus e Jesus é Jesus. Isso é inquestionável.Você quer ver uma coisa? Veja como a própria igreja ensina errado para você. Por exemplo: reze a "Ave Maria".
— "Ave Maria cheia de graça, o Senhor é convosco, bendito é o fruto do Vosso ventre: Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus..."
— "Pode Parar!!! Viu só? Você mesmo repete a bobagem sem sequer notar. Santa Maria, Mãe de Deus? Desde quando Jesus é Deus? E desde quando Deus tem mãe?Essa confusão com relação à questão de Jesus ser filho de Deus ou filho do homem (José), acontece porque a própria Bíblia, para variar, confunde isso tudo, inúmeras vezes, e em passagens até não muito distantes."
— "Mas, pai, se isso é tão claro, Deus é Deus e Jesus é Jesus, conforme você diz, por que e como foi criada a confusão originalmente?"
— "Por vários motivos, mas sendo o principal deles devido à invencionice de João (Evangelista), que em 10:30 afirma que Jesus teria dito que Ele (Jesus) e o pai (Deus) eram um só ("Eu e o pai somos um"). Daí, para explicar a diferença entre a verdade e a força de expressão, são séculos de disse que disse, falou mas não disse. Falou mas não foi bem isso que quis dizer... uma complicação.
Na verdade, essa bobagem de confundir Jesus com Deus só interessa ao segmento religioso que, sentindo-se incapaz de amar a Deus sem uma forma definida, atribui a Jesus a condição de ser Deus. Mais especificamente, à imagem bonita de Jesus, cada vez mais bonita fisicamente, que começou com uma figura bizantina feia, foi aformoseando, aformoseando, sendo melhorado por pintores, até que hoje em dia já há imagens lindíssimas de Jesus com cabelos louros e de olhos azuis. Repare que ninguém quer a imagem de Jesus bizantino feio, muito menos a imagem de Jesus que foi criada por computador, retratando-o como Ele deveria ser fisicamente, segundo estudos antropológicos de como deveria ser o judeu mediano daquela época.
— "Mas, pai, não há um meio de desmentir isso? Jesus mesmo não poderia desmentir isso?"
— "Ele mesmo, Jesus, já desmentiu, filho. Os homens é que não querem ver. Jesus renegou esta condição de ser Deus inúmeras vezes. Até mesmo a sua condição de rabino judeu, sábio essênio religioso, não lhe permitia assumir a identidade de Deus, o que seria uma heresia para ele, justo Ele, um "rabi" (mestre), profundo conhecedor das leis divinas judaicas. Seria uma blasfêmia inominada. Isto, sem contar que a própria Bíblia relata os diálogos de Jesus com Deus, na cruz, onde, primeiramente, ele pede perdão a Deus pelos seus algozes, dizendo: "Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem". (Logicamente, se Jesus fosse Deus este diálogo seria impossível). E no clímax do martírio, Jesus chega mesmo a duvidar de seu relacionamento com Deus, ao questionar: "Pai, Pai, por que Me abandonaste?" (Coisa que ele não faria se fosse Deus e se tivesse conhecimento dos planos — de Deus — divinos). E rendendo-se a Deus e aos planos divinos que Ele desconhecia, conclui: "Está consumado. Seja feita a Vossa vontade" (a vontade de Deus e não a vontade de Jesus).
— "Quer dizer que Jesus duvidou de Deus?"
— "Não é bem assim... Jesus achava que sabia tudo, conhecia todos os planos de Deus, mas não conhecia. E quando viu-se frente a frente com a morte, sem entender os planos de Deus, Ele duvidou e perguntou: "Pai, por que Me abandonaste?" Mas, rapidamente, Ele lembrou-se de Suas reflexões no horto. Lembrou-se que Ele teria que tomar daquele "cálice amargo", e rendendo-se a Deus concluiu: "Seja feita a Vossa vontade".
Filho, é absolutamente desnecessário alongar a questão se Jesus é Deus ou não é Deus. Pois somente para atender interesses religiosos comerciais de determinados segmentos de igrejas é que Jesus é confundido com Deus, sob a afirmativa dúbia e tola de que "Jesus Cristo é o Senhor", como se "Senhor" (dono de escravos) fosse designativo de Deus. Só isso. Nada mais do que isso.
Entenda bem e de uma vez por todas: Jesus não é Deus. Jesus não é Senhor, pois Senhor é feitor de escravos. Jesus é Jesus. Deus é Deus e Senhor é uma herança maldita dos tratados escravagistas implantados na Bíblia e que os representantes comerciais das igrejas fazem questão de manter. Chamar Deus ou Jesus de Senhor é uma bobagem do tamanho do universo.
— "Quer dizer então que Jesus ser Deus é meramente para atender a uma questão de interesse financeiro religioso?
— "É isso aí. Só isso. Exatamente isso."Resta alguma dúvida de que Deus é Deus e Jesus é Jesus? Não? Então abordemos a questão da segunda metade da Bíblia (Novo Testamento), já que o Antigo Testamento, excluído a parte mitológica e fantasiosa da criação do mundo, Adão e Eva, arca de Noé, dilúvio e etc., sobra exatamente o mais importante e o que vale a pena ler na Bíblia, que são as belas palavras dos salmos, dos provérbios, e dos ensinamentos e sabedorias.
Diferentemente do Antigo Testamento, que messianicamente é tido como a "palavra de Deus", escrito e inspirado por Deus, o Novo Testamento (ou a principal parte dele) foi escrito por quatro apóstolos ou evangelistas, seres humanos, de carne e osso, que contaram a saga e a vida de Jesus. São eles: Mateus (que foi um coletor de impostos — Levi —, que também viveu na época de Jesus e foi Seu discípulo); Marcos (que não conheceu Jesus, registrou o evangelho por ouvir dizer. É tido por alguns como o autor do primeiro evangelho); Lucas (um médico que também não conheceu Jesus e reproduziu seus escritos por ouvir dizer, a quem atribui-se, também, o "Ato dos Apóstolos") e João (que viveu na mesma época de Jesus, foi Seu discípulo, foi evangelista, pregador do evangelho — boas novas — de Jesus, a quem atribui-se, também, o "Apocalipse", e algumas cartas ou epístolas).
Com muita boa vontade, e bota boa vontade nisso, aceita-se que os quatro evangelhos sejam de autoria de Mateus, Marcos, Lucas e João, isso porque os evangelhos não são assinados, não existe qualquer prova, qualquer referência ou comprovação histórica quanto os evangelhos terem sido de autoria destes apóstolos, e o mais grave, não existe sequer prova material da existência física desses manuscritos originais em aramaico (Os manuscritos originais não eram assinados, suas autorias são questionáveis, os textos eram folhas soltas, foram misturadas, traduzidas, refundidas pelas igrejas de acordo com os interesses e a convicção religiosa da época).
A bem da verdade, sabe-se que estas autorias foram atribuídas e impostas pela igreja de modo a conferir um certo ar de credibilidade a estes manuscritos. (Embora isto possa parecer irrelevante, é de vital importância para a aceitação dos evangelhos e a sua propagação no mundo cristão).
De uma maneira geral os quatro evangelhos ficaram divididos em três evangelhos chamados sinópticos (do grego "synoptikós", que quer dizer sinopse, ou várias coisas vistas de maneira resumida), que são os de Mateus, Marcos e Lucas, mas que na realidade são os que foram assumidamente copiados uns dos outros, como se fosse uma coisa só e refundidos (reescritos) pela igreja. E o quarto evangelho é o "não-sinótico", que é o de João, o vaidoso, o pernóstico e
carente João Evangelista, que de versículo em versículo achava sempre um jeito de se incluir no próprio texto, escrevendo sobre ele mesmo como "o discípulo a quem Jesus amava". Entretanto, esta separação entre evangelho sinótico e não sinótico é absolutamente irrelevante, haja vista que a igreja refundiu (reescreveu) os quatro evangelhos, pasteurizando-os com o mesmo interesse e atribuiu-lhes as autorias que ora são as conhecidas.
Independentemente das questionáveis autorias dos evangelhos, há que se fazer o registro que somente o evangelho de Mateus foi originalmente escrito em aramaico (língua falada na Galiléia e na Judéia), mas ainda assim, estes manuscritos foram perdidos, restando somente versões em grego. Enquanto que os outros três evangelhos, estranhamente, foram "encontrados" já escritos em grego (língua que mal se falava na região da Galiléia e na Judéia).
O que representa dizer que, de tudo que existe como registro histórico dos evangelhos, restam somente cópias em grego (e não em aramaico) e que as exatas palavras de Jesus — em aramaico — estão perdidas para sempre. E isso talvez explique a confusão de palavras trocadas, palavras não ditas e/ou conflitantes quando comparadas entre os evangelhos.
Os evangelhos seriam "perfeitos" se as autorias pudessem ser determinadas e confirmadas e se os manuscritos existissem fisicamente em original (manuscritos e em aramaico) e pudessem ser estudados. Entretanto, a igreja colocou tudo a perder, pois o que resta são cópias "refundidas" e traduções do que seriam os originais. Sem contar que a igreja primeiro selecionou quais folhas soltas ela queria e quais não queria, em seguida atribuiu suas autorias a Mateus, Marcos, Lucas e João, para finalmente excluir e banir os evangelhos que, cinicamente, a igreja chama de apócrifos (os Gnósticos, o evangelho dos hebreus, o evangelho dos essênios, o evangelho dos ebionitas, o evangelho dos egípcios, o de Tomé, o proto-evangelho de Tiago, o de André, o de Bartolomeu, o de Filipe, o de Maria Madalena, o de Nicodemos, o de Barnabé, o de Pedro, e até mesmo os Manuscritos do Mar Morto) que não interessavam e não interessam porque conflitam muito com os quatro evangelhos (também apócrifos) escolhidos pela igreja, vez que estes evangelhos banidos — considerados cinicamente como apócrifos ("cinicamente, porque todos os evangelhos são apócrifos, inclusive os quatro de Mateus, Marcos, Lucas e João, uma vez que nenhum evangelho é assinado e suas autorias são imputadas e não podem ser comprovadas) — pois os chamados raivosamente pela igreja de evangelhos apócrifos assim foram considerados pois retratavam a vida de Jesus, do nascimento aos 30 anos, que a igreja tanto queria esconder e por isso desmistificavam as interpretações mirabolantes criadas pela igreja a respeito de Deus e de Jesus.
Este banimento dos evangelhos, raivosa e vingativamente alcunhados pela igreja como "apócrifos", teve lugar durante o Concílio de Nicéia, 325 d.C., quando a igreja mandou destruir as cópias dos evangelhos que desagradavam as versões da igreja, bem como mandou condenar à morte quem possuísse cópia dos evangelhos "apócrifos", como por exemplo os cinco evangelhos de Tation que demonstram Maria e Jesus como não pertencentes à nobre descendência da casa de Davi; o evangelho egípcio demonstra a passagem adulta de Jesus no Egito e sua experiência no zoroastrismo; o evangelho essênio destaca a vida de Jesus como essênio; o evangelho dos hebreus apresenta a atuação de Tiago na condição clara de irmão de Jesus, enfocando a infância de Jesus como um simples ser humano; o evangelho de Barnabé mostra as viagens de Jesus ao extremo oriente (principalmente China e Índia) não registradas na Bíblia; os evangelhos de Tomé e Filipe relatam que os cristãos não acreditavam que Jesus havia morrido na cruz; e em atos de Tomé é demonstrado que não só Jesus viveu na Índia como Tomé foi o introdutor do cristianismo na Índia. Tomé foi proscrito principalmente por relatar em seu evangelho que Jesus não nasceu de nenhuma virgem. O evangelho de Filipe, por sua vez, não só destaca a ida de Jesus para a Índia como acrescenta como companheiros de viagem a sua mãe Maria e a consorte de Jesus, Madalena.
Logicamente, a igreja não queria e não quer nem de perto (e nem de longe) ouvir falar desses evangelhos. Mas, apesar dos esforços e ameaças da igreja os registros destes evangelhos atravessaram séculos e séculos, sobreviveram e estão aí desmentindo e desmistificando as coisas que a igreja tanto se empenhou em ocultar.
Hoje, não há mais como a igreja esbravejar, ameaçar de morte ou sustentar as mentiras contra os evangelhos que ela cinicamente chama de "apócrifos" (embora evite discutir sobre o tema) pois diante das evidências gritantes o melhor é silenciar e quem sabe daqui a mil anos pedir perdão, novamente, como teve que fazer em relação às cruzadas e os crimes praticados por ela, igreja, durante a santa inquisição.
Entretanto, apesar disso tudo, é bom que se enalteça a atual posição da igreja católica, onde já há um grande avanço, pelo fato da igreja reconhecer nas próprias explicações (bulas) das Bíblias atuais que os quatro evangelhos do Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e João) são realmente apócrifos e que foram montados ao gosto e interesse da igreja, com fins meramente de catequese. Ou seja, a igreja confessa que pegou as folhas soltas que interessavam, montou os quatro evangelhos que haviam sido escolhidos por ela, reescreveu-os a bel-prazer, de acordo com os interesses da igreja da época, visando basicamente ter algo escrito para as missões de catequese."
— "E como foi que a igreja criou esses evangelhos e atribuiu aos quatro evangelistas, pai?"
— "Começou por volta do ano 150 da nossa era. A igreja pegou aquela "papelada" toda — isso porque os evangelhos não eram livros completos, eram folhas soltas — e foi separando e atribuindo autoria: Isso é de fulano, isso é de sicrano, isso é de beltrano... e no final, depois de ter pilhas de papéis amontoadas, separou em evangelhos por autoria, reescreveu tudo, dando uma redação final a seu gosto, e criou um salseiro terrível. Pois, na tentativa de harmonizar os textos e fazer tudo coincidir (Mateus copiava Marcos, daí Marcos copiava Mateus, e Lucas copiava os dois. A tal ponto isso aconteceu, que acabou até perdendo a importância se quem escreveu primeiro foi Marcos ou não, pois tudo acabou sendo cópia de tudo e pasteurizado pela igreja), e então a própria igreja acabou deparando-se com um problema enorme. Ou seja, quando os evangelhos estavam narrando o mesmo fato, quando aparecia contradição e discrepância... a quem dar maior credibilidade?"
— "A quem? A qual evangelista?"
— "A ninguém... pois se originalmente já havia discrepância e contradição entre os textos, até mais não poder, na dúvida a igreja preferiu deixar as contradições entre os textos
a ter que dar razão a um e tirar a razão de outro."
— "Como assim, pai?"
— "Por exemplo, se um evangelista dizia que tal coisa havia acontecido numa determinada hora ou num determinado lugar, e outro evangelista dizia que havia acontecido noutra hora ou noutro lugar, a igreja preferiu deixar as duas versões, mesmo sabendo que uma das duas versões estava errada, porque ela não sabia qual das duas versões era a versão correta. E como ela, igreja, caso fizesse uma escolha, poderia estar fazendo a escolha da versão errada, foi preferível manter as duas versões mesmo sabendo que uma estava certa e a outra estava errada. Até porque, seria mais fácil colocar a culpa em quem lê do que remendar o texto."
— "Colocar a culpa em quem lê? De que maneira?"
— "Simples. Basta chamar de herege a pessoa que questiona qualquer parte do texto bíblico. Basta ameaçar de excomunhão quem duvidar do texto e amaldiçoar com a pena de penitência eterna. Basta dizer que quem duvidar da legitimidade do texto está possuído pelo demônio. É só chamar de anticristo a pessoa que contesta."
— "E tem gente que acredita nisso?"
— "Se tem? Como tem... A maioria acredita cegamente nos quatro evangelhos!!!"
— "Mas a igreja reescreveu mesmo os evangelhos?"
— "Olha... para não ficar parecendo opinião pessoal minha, vou citar a própria versão do Vaticano, a própria palavra oficial, inscrita na Bíblia Sagrada — Nova Edição Papal, feita pelos missionários capuchinhos de Lisboa, Portugal.
Pág. 973 — "Atualmente temos quatro Evangelhos canônicos: segundo Mateus, segundo Marcos, segundo Lucas e segundo João. Tais livros não nasceram desses autores de uma só assentada, como geralmente acontece com os livros modernos. Antes de verem a luz, eles passaram por um período de gestação nas primitivas comunidades cristãs. Por isso, não têm apenas a garantia dum simples autor, mas também a da igreja, em cujo seio nasceram."
"Uma primeira compilação de tais "folhas soltas" deve ter sido feita em Jerusalém, em arameu; o seu autor, segundo a tradição, foi o apóstolo Mateus. Mas este original não chegou até nós. Traduzido para o grego, e muito ampliado por volta do ano 70, é o atual Evangelho segundo Mateus. Esta refundição deve ter-se verificado provavelmente em Antióquia."
"Estas narrações, à força de serem repetidas, tendiam a tomar uma forma unitária e fixa. Pouco a pouco começaram a pôr-se por escrito para atender às necessidades catequéticas."
"A presente obra leva por título "Evangelho segundo S. Mateus". Este título, porém, não pertence ao original. Os autores não costumavam assinar os seus escritos. Mas a igreja, já por volta do ano 150, atribui esta obra a Mateus, um dos doze, identificado como Levi, o cobrador de impostos."
Dá para perceber como foi feito? Primeiro foram coletadas folhas soltas, que eram uma coletânea de citações de Jesus (Sem história, só frases soltas. As histórias foram montadas mais tarde). Depois, em suas respectivas igrejas na Antióquia / Anatólia (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, e Laodicéia) o texto foi refundido (montado uma história para harmonizar com o texto), posteriormente os evangelhos foram novamente refundidos e adaptados aos interesses da catequese. Daí surgiram Marcos como o primeiro evangelho a ser escrito e Mateus como a primeira compilação dessas folhas soltas compondo um evangelho, observando-se a seguinte cronologia:
— 60 a 70 d.C. — Evangelho atribuído a Marcos
— 70 a 85 d.C. — Evangelho atribuído a Mateus
— 85 a 95 d.C. — Evangelho atribuído a Lucas
— 95 a 110 d.C. — Evangelho atribuído a João
— 150 d.C. — Refundição dos quatro evangelhos pela igreja
Qualquer pessoa que queira aprofundar-se no estudo da vida de Jesus, e que queira chegar o mais próximo possível da verdade jamais poderá aceitar somente estes quatro evangelhos como os únicos evangelhos de Jesus, e muito menos aceitar o texto desses evangelhos como de autoria inquestionável, absolutamente corretos e inalterados, pois eles foram reescritos de acordo com os interesses das igrejas, na época. E a própria igreja católica confessa e assume ter sido feita esta "refundição" dos textos.
Infelizmente, a igreja do passado, aquela que impôs o Antigo Testamento pelo medo e pela ameaça, que praticou as barbaridades das santas cruzadas, das santas inquisições, que levou a humanidade ao seu mais negro período: o obscurantismo da idade média; fiel às suas origens reescreveu os evangelhos fabricando e montando uma "verdade" editada, que ela, igreja queria como verdade, e ao mesmo tempo impondo quais evangelhos deveriam ser lidos e quais deveriam ser banidos.
Ocultando e renegando os demais evangelhos e manuscritos, a igreja omitiu, com isso, por exemplo, uma vida inteira de Jesus, do nascimento até sua morte (?). Reescrevendo os textos dos evangelhos, fala parcialmente e de maneira equivocada do nascimento de Jesus. Omite a infância de Jesus e conta a entrada na adolescência (Bar Mitzvah) como uma precocidade de Jesus (12/13 anos) numa tal "conversa com os sábios", quando na realidade tratava-se de um conhecido ritual judaico de Bar Mitzvah (um ritual judaico que representa a saída da infância e entrada na juventude, onde o adolescente deve dizer aos adultos, amigos e parentes, porque merece deixar de ser criança e ser recebido no mundo dos adultos). Tudo isso numa competição religiosa tola, para descaracterizar a forte ligação de Jesus com sua religião de berço, o judaísmo. Como se Jesus não fosse judeu e nunca tivesse sido judeu.
E daí, a igreja omite toda a adolescência, juventude e vida de Jesus até os 30 anos, aproximadamente.
Bom, mas comparando-se o Antigo e o Novo Testamento, pelo menos nesta questão de "autoria”, tem uma coisa de bom nos quatro evangelhos também apócrifos (apesar de estarem na Bíblia) que foram escolhidos para formar o Novo Testamento, os autores são assumidamente seres humanos, de carne e osso, são conhecidos: Mateus, Marcos, Lucas, e João, criando, assim, um aspecto de maior credibilidade que o Antigo Testamento e não se impinge ao povo, como "verdade" absoluta, que o evangelho seja a "palavra de Deus". Ao contrário, os evangelhos passam a ser o relato de quatro pessoas, seres humanos, falando sobre a vida do ser humano mais fantástico e mais importante que a humanidade já produziu até hoje: Jesus."
— "Bom, então aí fica tudo certo, né pai?"
— "Não. Melhora, mas não resolve. Porque existem três grandes fatores de complicação: 1) O fato da igreja ser co-autora dos textos. 2) A falta de provas de que foram eles mesmos (os quatro evangelistas) que escreveram os textos e que estes textos em folhas soltas não foram misturados com os dos escribas saduceus e fariseus. 3) O fato do relato ser pessoal e com isso cada um interferir diretamente no texto."
— "De que maneira?"
— "Sabe-se que a história contada por cada um dos quatro evangelistas é o relato de pessoas (seres humanos) que, segundo o que viram ou o que ouviram falar, estão contando a vida de Jesus como um relato "histórico", ainda que observados pela ótica estritamente religiosa.
Embora os evangelhos sejam de autoria conhecida (pelo menos imputadas a certas pessoas) e de serem uma espécie de relatos "históricos" de uma vida, existe embutido no relato a interferência humana e pessoal de quem relata a história, a paixão de quem conta, a emoção, a vontade de fazer uma coisa tão bonita e tão perfeita que acaba incorrendo em sérios e quase irreparáveis erros, onde a cada conto é aumentado um ponto, e a soma desses pontos acrescentados acaba comprometendo o próprio relato. Sendo salvo, somente, pela grandiosidade da verdadeira vida de Jesus, que é maior do que o que os evangelistas pretenderam contar.
A bem da verdade, os relatos dos quatro evangelistas da Bíblia só não prejudicam mais a vida de Jesus porque a vida d'Ele é tão fantástica, tão fantástica, tão fantástica (mesmo tirando os erros e absurdos dos relatos), que torna-se proveitosa sob qualquer aspecto."
— "Mas, será, pai, que os evangelistas interferiram tanto assim nos textos bíblicos?"
— "O que? A melhor forma de demonstrar o quanto os quatro evangelistas interferiram pessoalmente nos relatos bíblicos é citando exemplos.
Inúmeras são as distorções dos fatos e da realidade, algumas chegam a ser tão gritantes que mal se pode supor que tais barbaridades tivessem sido ditas ou vividas por Jesus.
Assim como no Antigo Testamento, em certas oportunidades os quatro evangelistas escorregam, carregam nas tintas, e pintam um Jesus tão medíocre, arrogante e autoritário quanto o Deus do Antigo Testamento, como por exemplo quando atribuem a Jesus a frase: "Ninguém vai ao Pai senão por mim".
— "Sim... E daí?"
— "E daí? Dá para imaginar um Jesus arrogante? Dá para imaginar Jesus excluindo todas as demais religiões e dizendo que só Ele pode levar as pessoas a Deus?"
— "É... Eu não tinha pensado nisso."
— "Quem estudou a vida de Jesus sabe que Ele jamais foi arrogante. Sabe que jamais Ele diria semelhante barbaridade. Esta frase, se fosse verdadeira, supõe dizer que antes de Jesus existir ninguém ia a Deus porque Jesus nem existia... e se Ele não existia, como ir a Deus, se para ir a Deus tinha que passar por Jesus? Ou seja, antes d'Ele (Jesus) existir ninguém ia a Deus pois não passava por Jesus. E depois d'Ele (Jesus) existir somente os cristãos vão até Deus... (Uma bobagem total e completa)
Isso é fanatismo religioso, isso é excludência, isso é sectarismo, isso é fundamentalismo puro. Segundo essa bobagem evangélica, os muçulmanos estão desgraçados, os judeus estão desgraçados, os budistas estão desgraçados, os espíritas estão desgraçados, etc., toda a humanidade que não for cristã está desgraçada, pois na concepção fundamentalista cristã, "só Jesus Cristo salva" e leva as pessoas a Deus.
Quando é mais do que sabido que Jesus disse exatamente o oposto: — "Na casa de Meu Pai há muitas moradas" (João 14:2), e aí sim, nesta citação de João, Jesus mostra-se universal, ecumênico, afinado com um Deus aberto a todas as religiões."
— "É, pai... olhando assim, dessa maneira, você tem razão. Acho que Jesus não falaria aquilo de só Ele levar as pessoas a Deus."
— "Filho, esta frase fundamentalista, profundamente infeliz ("Ninguém vai ao Pai senão por mim") é de um sectarismo, de uma arrogância, de uma intolerância religiosa incompatível com a postura e o legado do próprio Jesus. Esta frase, além de ufanistamente burra é de uma intolerância inconcebível para com tudo que Jesus fez e pregou para a humanidade.
Dá para acreditar que uma bobagem dessas tivesse sido dita por Jesus? Pois é, mas, no entanto, assim como essa bobagem está na Bíblia atribuída a Ele, certamente cultivada por escribas saduceus, muitas outras foram cometidas pelos quatro evangelistas, isto porque eles (ou quem escreveu por eles e a eles atribuiu os escritos) eram frutos do meio em que viviam, e em razão disso os escritores dos evangelhos aceitavam e acreditavam nas velhas bobagens do Antigo Testamento. É só ver as passagens do Antigo e do Novo Testamento para verificar que quase nada mudou em relação a questões semelhantes a esta. Ou seja, continuavam a tratar a mulher como um ser inferior e como um ser de segunda classe; achavam natural a escravidão; a separação da sociedade por castas, e coisas do gênero (coisas que Jesus jamais pregou ou compactuou). E em razão disso, ao não atentarem corretamente para a postura pacifista de Jesus, para a postura de não-violência de Jesus, para a postura humanitária de perdão e amor ao próximo, os evangelistas inverteram a prioridade em seus relatos e passaram a valorizar coisas menores como o curandeirismo, os milagres e coisas do gênero (que qualquer pregador ou mistificador de esquina faz — "em nome de Jesus" — para auferir lucros e benefícios, contrário ao que Jesus ensinava), e deixaram em segundo plano exatamente a maior obra de Jesus, que foram os seus ensinamentos.
Jesus é o que é... não porque Ele sofreu. Porque muita gente sofre ou sofreu até mais do que Ele.Jesus é o que é... não porque Ele morreu na cruz. Porque todo mundo morre um dia e teve gente que teve morte muito pior do que a de Jesus na cruz. Inclusive, no dia desua crucificação, dois ladrões foram crucificados ao seu lado e nem por isso os ladrões merecem ser santificados.
Jesus é o que é... simplesmente porque o que Ele disse ninguém jamais disse ou havia dito antes. O que Ele passou de ensinamentos ninguém jamais passou. O que Ele deixou como legado e exemplo de vida, ninguém jamais deixou.
Super valorizar curas e curandeirismo, como "milagres", é fazer o jogo dos algozes de Jesus, os saduceus. É deixar de dar importância ao humanitarismo essênio de Jesus e valorizar o curandeirismo, os holocaustos de animais, e a venda, no templo, de produtos "bentos" e milagrosos para curas, é reeditar os fariseus vendilhões do templo que Jesus um dia expulsou do templo às chicotadas."
— "E por que você, pai, acha que alguém escreveu os evangelhos e atribuiu a autoria aos evangelistas?"
— "Eu não digo que eles, os quatro evangelistas, não tenham escrito os evangelhos. Eu digo que eles não assinaram o que escreveram (e por isso os evangelhos bíblicos são apócrifos), e que não escreveram sozinhos os evangelhos. Tem muita co-autoria nisso. Tem os escribas saduceus (que não acreditavam na imortalidade da alma e por isso valorizavam o lado material e o curandeirismo que é atribuído a Jesus), tem os fariseus que impuseram suas idéias contrárias aos essênios, tem a igreja que refundiu os escritos todos. Nunca esqueça que os manuscritos eram "folhas soltas" e que estas "folhas soltas" escritas em aramaico foram perdidas, e que as versões em grego podiam ser acrescentadas e subtraídas conforme o gosto de quem montou o evangelho. (E o detalhe mais importante: À época quase ninguém sabia ler ou escrever na Judéia. E basicamente a leitura e a escrita eram privilégios de uns poucos dos saduceus e fariseus, o que não era o caso dos discípulos de Jesus.)
— "E como a gente vai saber o que cada evangelista escreveu? Como saber o que os escribas saduceus escreveram? E o que a igreja escreveu ou "refundiu"?"
— "Não vamos saber nunca. O máximo que a gente vai conseguir é agir por eliminação."
— "Como assim?"
— "Como Michelângelo, por exemplo. Certa feita uma pessoa maravilhada com as esculturas de Michelângelo (as mais belas e mais perfeitas que o mundo já viu), perguntou a ele, como é que ele olhava para um bloco de pedra mármore e conseguia fazer sair dali uma escultura tão perfeita, sem um erro, sem um remendo, como se fosse viva. No que Michelângelo respondeu: "É simples, basta você imaginar o objeto que você vai esculpir, como um cavalo, por exemplo, e tirar do bloco de pedra tudo que não for cavalo."
Com os evangelhos deve ser feito a mesma coisa. Basta imaginar o Jesus humilde e humanitário como conhecemos, como um pregador do amor ao próximo, da fraternidade, um humilde, um pacifista, e retirar do texto tudo que for discrepante disso.
- "Falando assim, pai, até parece fácil."
— "Eu não digo que seja fácil. Mas, ao menos sei que tudo que me revoltar e parecer incompatível com o que Jesus foi como figura humanitária, tudo que for contrário ao que Ele viveu, ensinando, com humildade, as mais belas palavras de sabedoria, eu posso atribuir como obra de um escriba saduceu, fariseu ou da própria igreja. Ou seja, O Jesus ecumênico que disse que "Na casa de Meu Pai há muitas moradas", não é o mesmo radical excludente e sectarista que "disse" que ninguém ia ao Pai senão por Ele (Jesus).
Tudo que for diferente e incompatível com: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei; Se alguém bater em tua face, oferece a outra, Não deixes a tua mão esquerda saber o que faz a mão direita; ou como em Mateus (6:1-5): Quando fizeres milagres, não se exiba e não o faças em público;
Quando orares, não seja como os hipócritas que gostam de rezar de pé nas sinagogas e nas ruas para serem vistos pelos homens; Quando fizeres o bem a alguém não permitas que trombeteiem por ti. Porque todas estas lições de humildade que Jesus sempre passou são incompatíveis com as bobagens que os escribas saduceus alegam que Ele disse ou fez, como o curandeirismo super valorizado nos evangelhos, o exibicionismo, a arrogância e a soberba atribuída a Jesus. E por isso, tudo o que for diferente de humildade, humanitarismo, amor, paz, fraternidade, não-violência, é incompatível com a imagem de Jesus.
Desculpe eu insistir, filho, mas a frase atribuída a Jesus, "Ninguém vai ao Pai senão por mim", ela é emblemática e um dos exemplos mais claros do que Jesus jamais diria. Pois esta frase representa o que de pior pode exprimir em termos de sentimento cristão. É fundamentalismo cristão puro.
— "E cristão também é fundamentalista, pai?"
— "Mas é claro, filho. Qualquer religião pode ensejar o radicalismo, o fundamentalismo. Diferentemente do que supõe os cristãos, como se radicais e fundamentalistas fossem somente os outros, o fundamentalismo atinge toda e qualquer religião baseada na intolerância religiosa. Até porque Deus não é propriedade privada de qualquer seita ou religião. E, "Ninguém vai ao Pai senão por mim" é uma frase basicamente fundamentalista, pois não só os cristãos vão a Deus.
O fato de os fundamentalistas de todas as espécies, cristãos, judeus, muçulmanos (seja de que religião for) clamarem que eles e apenas eles vão para o céu e que o "seuDeus" é o único e verdadeiro Deus, joga por terra toda a base e todo o castelo de areia que fundamenta a base da religião a que os fundamentalistas professam.
Os fundamentalistas, de qualquer religião, não só agem com base na suposição de que eles são os únicos que estão certos e que só eles vão a Deus, como agem com base no terrorismo religioso, na base da ameaça, do terror, sempre apelando para o lado frágil das "vítimas", induzindo-as a acreditarem no que eles querem ameaçando-as e aterrorizando-as.
A insensibilidade dos fanáticos religiosos, fundamentalistas, cristão ou não-cristão, é revelada em sua pregação oportunista, tendo como alvo as pessoas frágeis e desesperadas, que num determinado momento de dor estejam passando por dificuldades, por privações, ou por grande necessidades. E, sob o pretexto de levar conforto espiritual e conhecimento religioso às pessoas, acabam por incutir-lhes grande e terrível ameaça (Diabo, Satã, Satanás, Inferno) aterrorizando ainda mais as pessoas frágeis e inseguras, como se quem não acreditasse em suas palavras e pregações fosse sofrer o terrível mal do castigo do sofrimento eterno."
- "Quer dizer, pai, que o terror e a ameaça de pragas que existia no Antigo Testamento persiste no evangelho?"
- "Pior, filho, muito pior. Acabaram com aquelas pragas malucas do Antigo Testamento, como ser consumido por hemorróidas, icterícia, furúnculos, sarna seca e sarna úmida ou que a esposa iria ser possuída por outro, e acabaram criando coisa muito pior. Substituíram a promessa e crença de vida eterna por uma ameaça de sofrimento eterno.
Os fundamentalistas religiosos, interessados na manutenção da "clientela", por mero interesse econômico e financeiro, trataram de difundir o medo, a ameaça, o pavor, antes mesmo do amor ao próximo. E com isso, a igreja materialista cristã criou, fundou e inaugurou um cristianismo baseado e fundamentado no medo, na ameaça da tortura perpétua, no fogo eterno. E essa injustiça perpétua — essa ameaça permanente — tornou-se a base e o coração da religião cristã. As pessoas passaram a "acreditar" e a depender da religião cristã não pela razão, não pelo desejo de amor ao próximo, não pelo sentido de melhorar e evoluir espiritualmente, mas pelo medo, pelo simples medo da tortura eterna em substituição à vida eterna."
— "Mas os evangelistas pregam isso na Bíblia?"
— "Se pregam? Chega a ser criminoso o que Lucas diz em 12:4-5, atribuindo tais palavras a Jesus: "Não temais os que matam o corpo e depois nada mais podem fazer. Vou mostrar-vos a quem deveis temer: Temei a aquele que depois de matar-vos tem o poder para lançar-vos na Geena (no inferno). Eu digo a vós, esse é a quem deveis temer."("Geena" — ficava nos arredores de Jerusalém, era uma espécie de lixeira da cidade, onde, inclusive, imolava-se pessoas pelo fogo. Razão pela qual a Bíblia refere-se à "Geena" como um inferno bem próximo, bem aterrorizante, um lugar de suplícios, martírios e sofrimentos.)
Essa é uma das piores faces do fundamentalismo cristão: A pregação do medo e do terrorismo. Estas palavras de Lucas, atribuídas a Jesus, jamais seriam proferidas pelo Jesus pacifista, da pregação do amor ao próximo.
Um enviado de Deus, pregador de palavras de sabedoria, jamais iria difundir o medo pela ameaça do sofrimento eterno. Isso, é substituir o velho Deus do Antigo Testamento por um Deus muito pior, que ao invés de amor e perdão prega o medo e a ameaça do sofrimento eterno. É a substituição da vida eterna pelo fogo eterno.
Declarações como estas, atribuídas a Lucas, que sabemos são palavras de homens materialistas, cruéis, avarentos, insensíveis, de mente pequena, são palavras de ameaça, de terror e vingança. São palavras usadas para assustar e oprimir. São palavras para dar poder ao pregador, ao pastor, ao padre, à igreja e aos gerentes de religião de uma maneira geral. São palavras para destruir a razão do ser humano e fazer da mente humana um escravo.
Com certeza, essa é uma lasca de mármore que deve ser excluída do bloco. Porque "isso", seguramente, não é uma citação que Jesus faria."
- "Mas, pai, como eu vou saber, com certeza, o que é de Jesus e o que não é de Jesus?"
- "Filho, o seu coração dirá. Basta ter a mente aberta. Basta questionar. Não tenha medo de questionar. Não aceite as coisas pacificamente só porque foram impostas como um dogma religioso. Busque a verdade, sempre, e a verdade te libertará.
Aqueles que formam sua base religiosa fundamentada no medo do sofrimento eterno do inferno, e que temem e acreditam na personificação do diabo com rabo e chifre, no inferno como um lugar indesejável onde se é jogado nele, no fogo eterno que queima as almas e quetais, tornam-se servos e escravos da religião. Nunca terão condições de questionamento e de libertação da alma. Estarão abrindo mão de um ensinamento cristão precioso, que é a busca da verdade ("Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará") e jamais saberão a verdade, pois quem abre mão de questionar, de raciocinar, de buscar a verdade, de perguntar, e passivamente aceita essa ameaça de sofrimento eterno, estará cego e escravizado pelo medo fundamentalista religioso. A idéia de inferno foi inventada para subjugar a humanidade e estabelecer uma ditadura religiosa tão terrível que aqueles que nela acreditam vivem toda sua vida sob uma tirania muito maior e muito pior do que qualquer tirania imposta por um tirano humano.
A religião deve servir como base de paz e para o consolo dos seres humanos, nos momentos de angústia, nos momentos de dor e sofrimento. Jamais ser usada para ameaçar.
Toda religião que ameaça, ao invés de consolar, está no caminho errado.
A Bíblia, em seus salmos, provérbios e ensinamentos, é um instrumento poderoso para meditação, oração, consolo e conforto nas horas de solidão, tristeza ou adversidade, mas quando usada como uma arma de terror, tortura, ameaça e propagação do medo, ela perde a sua validade, transformando algo sagrado em uma paródia bizarra.
O conceito de inferno, do fogo eterno, do castigo eterno, diabo, ou satã, ou demônio, é uma paródia bizarra sim, uma invenção religiosa que visa basicamente estabelecer o domínio pelo medo. A própria personificação de "Satã" (com chifres, rabo e pata bifurcada) é uma invenção religiosa deturpada, vez que a própria palavra "Satã" é derivada de uma palavra hebraica que significa "obstáculo".
Com isso, à partir deste "obstáculo" foi criado uma entidade "divina", personificada, com chifre, rabo e pata bifurcada, para rivalizar com um Deus, também personificado como um velho, de roupão, sentado numa nuvem, tocando harpa. Estabelecendo assim uma batalha cósmica eterna entre o bem e o mal, entre Deus e o Diabo, como se o mal, ou sua personificação: o Diabo, pudesse deixar de ser algo humano e passasse a ser uma falha ou um lapso do próprio Deus.
Sim, porque se o mal (ou sua personificação: o Diabo) ao invés de ser algo criado pelo livre arbítrio do ser humano, passa a ser personificado como uma divindade do mal, logicamente passa a ser uma divindade criada e permitida pelo próprio Deus, tão poderoso quanto Deus, lutando diretamente com Deus, por toda a eternidade.
Com isso, ao inventarem o Diabo personificado com rabo e chifre, dando a ele poderes tão grandes quanto os poderes de Deus, logicamente esse Deus, também personificado, então passa a ser um Deus falho e medianamente poderoso, vez que tem que se sujeitar a viver, conviver e lutar, permanentemente, com o Diabo, que é o mal que Ele (Deus) mesmo criou, tão poderoso quanto Deus. Ou seja, esse terrorismo de personificação de Deus e Diabo é uma bobagem total.
Assim como nas demais religiões onde o Diabo rivaliza com Deus, a obsessão dos cristãos, amedrontados com o Diabo, passou a ser tão importante, tão essencial, tão vital para a sobrevivência do cristianismo como religião quanto Deus. E passou-se a prestar muito mais atenção no mal e na sua erradicação do que na prática do bem. O Diabo virou figura de destaque e o responsável direto pela caça às bruxas, que foi, na verdade, um endurecimento e uma propagação muito maior ainda do que o que a igreja tanto tentou reprimir por quase mil e quinhentos anos. Ou seja, a maioria das religiões não só criou a figura personificada do Diabo como adversário natural de Deus (para explicar e justificar a existência da maldade, como coisa imaterial, não personificada), como criou, com isso, a pior de suas invenções: o culto ao ocultismo, o culto ao medo, o culto ao terror e à maldade. Pois, como ensina Aldous Huxley,
"Pensando primeiramente no mal nós tendemos, mesmo com excelentes intenções, a criar oportunidades para o mal se manifestar".
Com a institucionalização desse culto às avessas ao Diabo, personificado com rabo e chifre, passou-se a atribuir ao Diabo tudo que de errado acontecesse na humanidade e tudo mais que não fosse do agrado dos dirigentes religiosos.
Fundamentalistas religiosos passaram a ver as pegadas (de patas bifurcadas) do demônio em toda parte e em tudo que não se lhes agradasse. Tudo que existisse de errado passava automaticamente a ser "obra do Diabo". E é com base nesta justificativa que passaram a impor e governar as religiões (de várias denominações, cristãs e não-cristãs) com base no medo e no terror, ameaçando tudo e a todos com o estigma do Diabo.
Se você ficou doente, foi obra do Diabo. Se algum ente querido morreu, foi obra do Diabo. Se qualquer coisa deu errado na sua vida, foi obra do Diabo. Até mesmo os questionamentos bíblicos como os que agora estão sendo feitos não só passam a ser heresia, como, também, são atribuídos a obra do Diabo, que é para que as pessoas fiquem cegas religiosas, devotadamente exploradas por diretores de religião, de modo a que ninguém jamais venha a questionar os erros e as contradições religiosas ou bíblicas."
— "Então, pai, Deus existe e o Diabo não existe?"
— "Não é bem assim. Deus, o criador do universo existe, mas não é um velho barbudo sentado numa nuvem. O Diabo (a maldade) existe, mas não é um ser de rabo, chifre e pata bifurcada. O Diabo conforme equivocadamente apresentado pelas religiões é a personificação (material) da maldade (imaterial). A maldade, que é imaterial, é fruto e obra do ser humano, exclusivamente do ser humano e não tem nada a ver com Deus, o criador do universo."
- "Pai, mas como a gente consegue se livrar do terrorismo dessas pessoas (pregadores) que citam textos da Bíblia e ameaçam as pessoas, com o Diabo e com o inferno, dizendo que estão agindo "em nome de Jesus"?"
- "Combatendo fogo com a razão. Citando para o pregador os textos da própria Bíblia. Afinal, ele não é pregador? Não diz que age em nome de Jesus? Não diz que faz curas e expulsa demônios? Não prega e diz que acredita piamente que toda palavra da Bíblia é verdadeira? Então que prove do próprio veneno, nos textos da Bíblia.
(Marcos 16:17-18) "Eis os milagres que acompanharão aqueles que acreditarem: Em Meu nome expulsarão os demônios, falarão línguas novas, apanharão serpentes com as mãos e se ingerirem alguma bebida mortífera não sofrerão nenhum mal; imporão as mãos sobre os enfermos e eles recuperarão a saúde."
Agora ficou bastante simples identificar e desmascarar os charlatões religiosos que vivem ameaçando as pessoas com o Diabo, com o inferno, dizendo-se capaz de expulsar demônios e fazendo cura "em nome de Jesus". Basta mandá-los pegar — como manda a Bíblia — uma serpente venenosa com as mãos para serem picados, e ingerirem bebida mortífera (veneno). Se forem pregadores verdadeiros e crentes com fé em Jesus, não sofrerão mal algum. Não é mesmo? Eles não estão operando "em nome de Jesus"?
Então? Não há o que temer. Não é isso que está na Bíblia?
Ou será que desta vez, para este caso, os charlatões não acreditam mais na Bíblia?"
— "Mas você, pai, não pode ser acusado de estar distorcendo ou profanando a Bíblia?"
— "Depende. Acusar qualquer um pode acusar qualquer um do que quiser. Ter razão é diferente. Isso que eu fiz não é distorcer as palavras da Bíblia, porque se pregadores vigaristas aproveitam-se de incautos, dizendo que — como manda a Bíblia — expulsam demônios e operam milagres "em nome de Jesus", então que provem que estão agindo "em nome de Jesus". Que sejam picados por uma serpente venenosa e que bebam veneno e provem estar agindo "em nome de Jesus". Não te parece lógico que o texto da Bíblia seja usado neste sentido? Ou será que somente neste caso o texto da Bíblia não deverá ser lido e entendido conforme está escrito?
Isso, filho, não é heresia ou profanação, é questionamento.
Não se deve abrir mão do questionamento pelo simples e mero receio de estar sendo profano. Pois o inverso disso é a ignorância e a total submissão aos textos da Bíblia interpretados por vigaristas, ou pior, sujeitando-se a uma submissão incontestável aos textos bíblicos e rendendo-se a um ícone muito pior do que tudo que possa existir, ou seja, a bibliolatria (idolatria à Bíblia acima de todas as coisas).
Na realidade, esta bibliolatria nasceu e foi concebida juntamente com a idolatria a um absurdo Deus do Antigo Testamento, forjado inicialmente por escribas saduceus, seguido pelo culto ao terror, na personificação exacerbada do Diabo (no Novo Testamento). A bibliolatria foi inventada, por gerentes de religião, fundamentalistas cristãos, como se a Bíblia fosse um ícone, um ídolo para ser adorado, e jamais questionado suas palavras sob qualquer forma, sob pena de profunda heresia e cultuamento ao Diabo e às forças das trevas.
A bem da verdade, no sentido contrário a esta estúpida e burra bibliolatría, quem quiser saber e conhecer Jesus e o cristianismo há que questionar cada palavra da Bíblia em busca da verdade cristã ("Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará") e ter uma mente bem aberta, sem preconceito, para poder enxergar os erros, as contradições, as bobagens e os exageros contidos não só no Antigo Testamento, como os erros, as contradições, as bobagens e os exageros contidos no Novo Testamento, principalmente nos quatro evangelhos. A começar pelo fato de que os evangelhos foram manipulados e escritos nos interesses da igreja e que deliberadamente esta mesma igreja ditatorialmente excluiu outros evangelhos, proibindo-os de compor a Bíblia, por estrito interesse econômico e financeiro das religiões cristãs, acomodadas na manutenção da ignorância dos fiéis e ao mesmo tempo amparadas pelo chicote e pela ameaça do sofrimento eterno aos "hereges" que ousavam contestar as "santas e sábias palavras" da Bíblia ou que fossem contrários à bibliolatria (idolatria da Bíblia como um ícone ou um ídolo).
Antes de aceitar cegamente as palavras escritas na Bíblia como verdade absoluta, há que se questionar, questionar, questionar e questionar as contradições gritantes, as incoerências evidentes entre os próprios textos da Bíblia que se desmentem seguidamente. Há que se questionar a autenticidade de quem relata, e principalmente se os fatos narrados condizem com o que se conhece historicamente sobre o fato ou sobre tal pessoa. Há que se questionar e buscar, permanentemente, a verdade, até como forma de libertação religiosa.
— "Pai, dá para citar algum exemplo de coisas que estão na Bíblia, mas que você tem certeza de que não deveriam estar porque Jesus não falaria ou não agiria assim?"
— "Mas é claro que dá. São trocentos os exemplos. Vamos ver alguns dos exemplos principais ou os mais significativos, pois não dá para listar todos eles, uma vez que são muitos os casos de absurdos, erros, discrepancias e contradições.
Por exemplo, filho, dá para imaginar Jesus dizendo que Ele não é da paz e sim da guerra?"
- "De maneira alguma, pai."
- "Alguém em sã consciência pode imaginar que Jesus teria dito que não veio trazer a paz e sim a guerra?
Pois então é só conferir Mateus (10:34) para verificar esta bobagem saída da boca de Mateus (ou de quem quer que seja que a ele atribuiu a autoria do evangelho) afirmando que Jesus disse: "Não pensais que estou vindo para enviar paz para a terra: Eu não vim trazer a paz, mas a espada."
Na realidade esta passagem representa bem o sonho do povo hebreu (judeu), mormente os saduceus e fariseus, que queriam um messias forte, vigoroso, um guerreiro, de espada na mão, montado em um cavalo branco e que viesse libertar o povo hebreu, e que antes de tudo, que fosse nascido de um Deus e parido por uma virgem.
Jesus era justamente o oposto. Não tinha cavalo branco e sim um jumento (e emprestado, ainda por cima). Não era forte fisicamente, mas franzino. Era filho de um homem comum, um simples camponês ou carpinteiro. Não era um guerreiro, mas sim um humilde pacifista, adepto da não-violência. Sua mãe não era virgem e sim uma mulher comum e mãe como tantas outras, com vários filhos. Essa era a realidade e o grande pesadelo dos judeus (hebreus) que esperavam o messias. E por isso, para tentar alterar essa realidade, dura e cruel para quem esperava tanto, é que os evangelistas (na realidade, ajudado por escribas saduceus e fariseus), e mais a igreja católica que no ano 150 da nossa era selecionou e reescreveu os manuscritos, tentando alterar a realidade dos fatos, interferiram pessoalmente nos relatos da vida pessoal de Jesus, atribuindo a Ele fatos e situações absolutamente incompatíveis com a figura de Jesus.
E quem pensa que o relato evangélico de Mateus é só um pequeno equívoco e um caso isolado, observe-se a seqüência em Mateus (10:35), atribuído a uma pregação de Jesus: "Porque eu vim separar, o filho do seu pai, e a filha da sua mãe, e a nora da sua sogra. (36) de tal modo que os inimigos de um homem serão seus próprios familiares. (37)
Aquele que amar pai ou mãe mais que a mim não é digno de mim: E aquele que amar o filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim."
- "Meu Deus do céu, pai. Jesus disse isso mesmo?"
— "Claro que não. É aquela história que a gente havia conversado antes. É só tirar do bloco de pedra tudo que não for da escultura. E no caso do evangelho, é só tirar do evangelho tudo que não for de Jesus...
"Isso", essa coisa, essa aberração, não pode ser palavras de Jesus. É inimaginável que Jesus, humilde, como pacifista e humanitário, um pregador do amor e da não-violência, um religioso e sábio essênio (a ser visto em relatos sobre "A Sociedade Secreta de Jesus") tenha dito que não veio trazer a paz e sim que veio trazer a guerra e a espada. Isso é muito semelhante às bobagens ditas sob encomenda pelos judeus/saduceus/fariseus "autores" e "inventores" do Deus velho do Antigo Testamento. Isso parece-se muito com aquele Deus pequeno, tribal, rancoroso do Antigo Testamento. Não se parece em nada com quem realmente foi Jesus.
Alguém pode imaginar Jesus jogando filho contra pai, filha contra mãe? Só mesmo na mente tortuosa dos escribas do Antigo Testamento e dos judeus/saduceus/fariseus que "inspiraram" os trechos dos quatro evangelistas do Novo Testamento. Razão pela qual as pessoas interessadas em religião de uma forma geral, os estudiosos, os pesquisadores e os teólogos têm que questionar, questionar, questionar e questionar, e ter a mente bastante aberta, comparar e entender que no relato dos quatro evangelistas existe muita coisa de opinião pessoal e particular, e que os quatro evangelistas ao relatarem os acontecimentos da vida de Jesus acrescentaram coisas segundo a crença do templário da época e/ou segundo suas convicções pessoais. Pois, qualquer pessoa, por mais leiga que seja, sabe que Jesus não era cruel, a ponto de jogar filho contra pai e filha contra mãe, e que não era arrogante a ponto de dizer que só ele salvaria e levaria as pessoas a Deus."
— "Pai, isso não é um caso isolado?"
— "Não!"
— "Uma exceção?"
— "Não!"
— "Um caso de interpretação errada?"
— "Não! Se bem que sempre haverá um religioso tentando inventar uma versão ou interpretação mirabolante para algo tão simples, claro, cristalino. Até porque, é mais fácil inventar uma versão ou interpretação mirabolante para as barbaridades que estão escritas na Bíblia, como se tivessem sido ditas por Jesus, do que admitir que foram os próprios religiosos da igreja que manusearam, manipularam e "refundiram" os textos dos manuscritos adaptando-os aos interesses da própria igreja.
Religiosos supõem que admitir, agora, os erros bíblicos retiraria da Bíblia a aura de livro santo. Daí, insistem na manutenção do erro e da mentira, até como forma de sobrevivencia da própria igreja, pois é mais fácil converter uma pessoa à cristandade pelo símbolo da cruz do que pelo símbolo do peixe; pelo sofrimento do que pelo altruísmo; do curandeirismo do que pelos ensinamentos humanitários. E com isso os erros bíblicos são secularmente mantidos."
— "Tem outros exemplos como este?"
— "Mais exemplos? São vários. Marcos diz que Jesus mandou as pessoas cortarem suas mãos, seus pés, e arrancarem seus olhos, ante o pecado. Marcos (9:43:48): "E se tua mão te ofende, corte-a: é melhor para ti entrar na vida eterna mutilado, que tendo duas mãos, ir para o inferno, para o fogo que nunca apaga: (44) onde o bicho que rói nunca morre, e o fogo nunca apaga. (45) e se teu pé te ofende, corte-o; é melhor para ti entrar na vida eterna coxo, que tendo dois pés ser lançado no inferno, no fogo que nunca será extinto: (46) onde o bicho que rói nunca morre, e o fogo nunca apaga. (47) e se o teu olho te ofende, arranque-o fora: é melhor para ti entrar no Reino de Deus com um olho, que tendo dois olhos ser lançado no fogo de inferno: (48) onde o bicho que rói não morre, e o fogo não é extinto."
— "Meu Deus do céu, pai!!! Jesus falou isso?"
— "Estas não são palavras sensatas de um humanitário sensato como Jesus. Não são palavras do Jesus que a humanidade conhece como humilde, humanitário, manso, pacifista, adepto da não-violência. Estas são palavras de loucura, dos insanos escribas judeus/saduceus/fariseus, os mesmos que criaram as ameaças, as maldições e as pragas do Antigo Testamento. É só atentar para o tanto de terror, de ameaça, de crueldade que existe no texto para perceber, claramente, a caligrafia dos religiosos saduceus/fariseus interessados na manutenção do terrorismo religioso e do "status quo" de benesses e benefícios destinados aos donos, gerentes e senhores do templo.
Os exemplos dessas insanidades são tantos, tantos, tantos que dá para se perceber claramente a intenção da igreja em manusear os "escritos sagrados" do evangelho. São vários os casos atribuindo citações como se fossem de Jesus, mas que na realidade são pensamentos e desejos pessoais de quem redigiu os evangelhos e de quem os "revisou", como se fossem palavras de Jesus. São aberrações gritantes. São casos assustadores.
Pode alguém imaginar, por exemplo, Jesus dizendo que quem tem muito vai ter mais ainda, e que o pobre miserável que nada tem terá menos ainda?"
— "De maneira alguma, pai. Jesus jamais diria que os ricos terão mais e mais, e que os pobres terão cada vez menos. Isso é loucura."
— "Pois é exatamente esta bobagem, na realidade uma opinião pessoal de quem escreveu, que após relatar a magnífica parábola do semeador, contada por Jesus, eis que inventa a parábola dos talentos e acrescenta uma opinião pessoal, interferindo na história, como se fosse Jesus falando.
Vejamos Mateus (13:12): "Pois a aquele que tem, dar-se-lhe-á e terá em abundância; mas aquele que não tem, ser-lhe-á tirado até o pouco que tem". (Um absurdo completo)
É possível alguém acreditar que algo desse tipo tivesse sido dito por Jesus? Sim, porque das duas uma: Ou Jesus nunca disse uma barbaridade dessas e os evangelistas (ou quem escreveu por eles) estão mentindo e interferindo na história.
Ou Jesus não é nem perto e nem parecido com o que se conhece dele. E obviamente entre as duas opções é mais crível que os evangelistas (ou quem escreveu por eles) estejam mentindo (como fizeram muitas vezes em seus relatos) e que Jesus jamais teria dito uma bobagem dessas."
— "Pai, esta citação não poderia estar no lugar errado, referindo-se a outra coisa?"
— "Não!"
— "Não poderia ter uma interpretação diferente?"
— "Não! É a bobagem contada e repetida na "Parábola dos Talentos". A questão é clara, cristalina. Embora, conforme a gente já viu, sempre haverá um religioso tentando inventar uma versão ou interpretação mirabolante para algo tão simples, claro, cristalino."
— "Meu Deus, pai... realmente os casos apresentados são terríveis. Jesus jamais diria algo desse jeito. Está muito claro que as pessoas que escreveram os evangelhos interferiram demais no relato."
— "É, filho, mas Jesus foi profético e via longe, veja o que ele disse sobre os escribas pregadores.
— "Tomai cuidado com os escribas pregadores que gostam de se exibir de vestes sóbrias, de pregar e ser reconhecido nas praças e de ocupar os primeiros lugares no templo; eles devoram as casas dos pobres e das viúvas a pretexto de orações. Estes receberão um castigo mais severo."(Marcos 12:38-40)
Os escribas pregadores, os saduceus e os fariseus que interferiram e co-escreveram os evangelhos, assim como a igreja que "refundiu" os textos atribuindo a autoria a quatro evangelistas, erraram muito, principalmente ao invés de valorizarem os ensinamentos de Jesus e a Sua pregação de fé, passaram a apresentar Jesus como um simples curandeiro, um farsante que fazia milagres a torto e a direito, em geral exibindo-se em público, contrário ao que Jesus mesmo pregava. Este Jesus incongruente, apresentado pelos evangelistas como curandeiro, exibicionista, arrogante, não é nem perto e nem parecido com o Jesus que se tem conhecimento.
Eles, os escribas, abriram mão de valorizar as pregações e ensinamentos de Jesus, para valorizar, prioritariamente as curas e o curandeirismo. Os escribas saduceus e fariseus, co-autores dos evangelhos como se fossem os citados evangelistas, supervalorizam o curandeirismo, sem explicar, por exemplo, por que ressuscitar alguns mortos? (ocupando o mesmo corpo material) Por que ressuscitar uns e não outros? Por que não ressuscitar todos os justos? Jesus não acreditava numa vida eterna? Jesus não acreditava na imortalidade da alma? Por que Jesus ressuscitou Lázaro? Só porque Jesus chegou atrasado a um encontro com Lázaro e porque era íntimo de uma de suas irmãs? Por que Jesus ressuscitou Lázaro e não José, Seu próprio pai? (Pois quando José morreu, e Jesus tinha cerca de 30 anos, Jesus entrou em pânico, desespero e profundo sofrimento) Por que curar alguns doentes e não outros? Acaso todos os justos não merecem cura?
Com essa história de curandeirismo bíblico, Jesus acabou sendo pintado pelos escribas como um vulgar curandeiro, arrogante, presunçoso e exibicionista, bem diferente do Jesus conhecido como humilde e pacifista, avesso a exibição e arrogância. E com isso, os escribas acabaram criando uma nódoa, uma mancha quase que irreparável na biografia de Jesus. E pior, passaram a incentivar o curandeirismo e a vigarice religiosa das curas imediatas "em nome de Jesus".
Senão vejamos:
Ao invés de mostrar Jesus procedendo com humildade, sem vaidade, sem soberba e sem arrogância, não deixando a mão esquerda saber o que a mão direita fazia (como ele mesmo ensinou); fazendo o bem sem dar publicidade do fato, ou conforme citado em Lucas 8:57, em que — numa das poucas vezes de humildade e sensatez — recomenda aos beneficiários da cura para que não contassem o "milagre" da cura para ninguém, os escribas saduceus e fariseus, misturados aos evangelistas "pintam" um Jesus como um curandeiro, presunçoso, vaidoso, arrogante e exibicionista, praticando todos os seus atos de curandeirismo em público, exibindo-se, e mais, mandando que todos tomassem conhecimento do fato, para a glória d'Ele mesmo."
— "Puxa vida, pai... é muita maldade apresentar Jesus desta maneira, como arrogante e curandeiro."
— "Mas foi bem isso que os escribas fizeram, filho. No interesse de valorizar o curandeirismo ao invés dos ensinamentos humanitários e pacifistas de Jesus, os escribas pregadores, visando o lucro dos templos com a venda de curas milagrosas "em nome de Jesus", em proveito próprio, para que pregadores curandeiros de toda espécie saíssem por aí praticando curandeirismo "em nome de Jesus", eles pintaram Jesus como um presunçoso e arrogante curandeiro.
Nas "Bodas de Caná", por exemplo, por pura exibição, sem qualquer fundamento religioso, os escribas pintam Jesus exibindo-se e transformando água em vinho, na frente de muitos, simplesmente para que houvesse vinho numa festa em que ele estava presente. (Em outras passagens exibe-se como um curandeiro, fazendo curas públicas milagrosas)
Qual o sentido bíblico desse "milagre" de transformar água em vinho? Qual a necessidade disso? Que lição tirar desse "milagre"? (Se bem que sempre haverá um religioso — exegeta de bicicleta — tentando inventar uma versão ou interpretação mirabolante para algo tão simples, tão claro, tão cristalino).
Numa outra oportunidade, Jesus é apresentado pelos escribas exibindo-se na frente de todos fazendo o "milagre" da multiplicação de pães e peixes, no seu estrito interesse pessoal, para alimentar pessoas interessadas em vê-Lo e ouvi-Lo fazer um sermão.
De início, é de se deixar bem claro que o "milagre" da multiplicação de pães e peixes, conforme contado na Bíblia, é exatamente o oposto de como é relatado. Isto porque, não existe a multiplicação de pães e peixes. O que existe é a divisão de pães e peixes, o que é bem diferente. Ou seja, ao invés de um "milagre" de mágica de multiplicação de pães e peixes, que não encerra ensinamento religioso algum, é só um mero ato público de magia, existe, sim, o milagre — verdadeiro — da divisão de pães e peixes, que encerra um magnífico ensinamento cristão de dividir o que se tem com os irmãos mais necessitados.
E, de mais a mais, Jesus jamais faria um milagre ou qualquer coisa que O beneficiasse pessoalmente, como no caso da alimentação a seu público ouvinte com pães e peixes, como uma forma de "pagamento" às pessoas que vieram para escutá-Lo e segui-Lo em pregações. Ele mesmo disse isso de maneira bem clara e inconteste: (João 5:30) "Eu nada posso fazer por mim mesmo".
Estas "mágicas" em público, estas curas em público, estes "milagres" em público, toda esta exibição pública, é totalmente incompatível com o recatado Jesus, humilde, que conhecemos, despido de qualquer vaidade (Mateus 6:2) "Não permitais que toquem trombetas por ti"; "Guardai-vos de fazer as vossas obras diante dos homens para vos tornardes notados por eles. (Mateus 6:1). Pois, até para dar esmola Jesus recomenda que se dê em segredo; que até para orar Jesus recomenda que se faça recluso e não nas ruas e praças para ser visto pelos homens.
Como pode este exemplo e símbolo de humildade ser pintado por escribas saduceus e fariseus como um curandeiro, um mágico, um exibicionista, um arrogante, exibindo-se em público? Como pode isto estar na Bíblia e as pessoas aceitarem pacificamente e não questionarem este contra-senso?
É só questionar e as intenções pessoais dos escribas aparecem por inteiro: Qual o sentido bíblico de Jesus fazer esta mágica em público ou este milagre de alimentar, ora 4.000, ora 5.000 pessoas, fora mulheres e crianças? À troco de que? Mostrar poder? Exibir-se em público? Isso contraria tudo que Jesus sempre pregou sobre anonimato, segredo, silêncio e humildade. E, se era para alimentar os famintos... por que alimentar somente a sua platéia, seu público ouvinte e os seus "amigos" e não os necessitados? Se era para curar alguns... por que não os justos e somente alguns? Se era para ressuscitar alguém, por que ressuscitar Lázaro e não seu pai, José? E por que não ressuscitar todos os justos e todos que necessitassem?
Esse curandeiro exibicionista não é Jesus. Jesus jamais agiria conforme o relatado pelos escribas.
Qual o sentido de ressuscitar Lázaro? Para que? Trazer de volta à vida uma pessoa que estava fedendo, cheirando a carniça depois de quatro dias de morto? Só porque Jesus chegou atrasado na casa de Lázaro e não pôde curá-lo quando estava doente?
Isso é uma bobagem atroz.
Não existe um único motivo para Jesus ressuscitar Lázaro que não seja exibicionismo. Até porque, se Jesus fosse ressuscitar alguém que merecesse, teria ressuscitado seu pai, José, que foi uma perda enorme para Ele, que apesar de sofrer, chorar e pedir a Deus por seu pai, Jesus foi incapaz de ressuscitar a quem ele mais amava na vida, que foi seu pai, José. Assim como transformar água em vinho nas bodas de Caná (de seu primo Benjamim) não passa de mero relato atribuindo publicamente poderes mágicos a Jesus.
A ressurreição de Lázaro é uma das piores invenções da Bíblia, pois não só joga por terra o conceito de renascimento e vida eterna (valorizando sobremaneira a vida material) como retira da morte o caminho natural de Deus. Isto porque, a única coisa certa na vida é a morte e a morte da matéria é a maior de todas as justiças de Deus. A morte nivela igualmente a todos: ricos, pobres, cultos, incultos, religiosos, ateus. Todos são inapelavelmente igualados pela morte. E o que a ressurreição de Lázaro faz é desdizer todos os conceitos de espiritualidade. E pelo motivo mais fútil do mundo... algo como: "...desculpe-me por ter chegado atrasado, e como compensação vou ressuscitar Lázaro para me desculpar pelo atraso..." (Inimaginável na mente de uma pessoa normal, mas bastante compreensível para quem escreveu as pragas e as historinhas fantasiosas do Antigo Testamento).
Na realidade, os fatos aconteceram de maneira bem diferente do narrado pelos escribas. Claro que aconteceram.
E nesse caso, é bom atentar para o que Jesus realmente disse dos escribas e alertou sobre eles:
"Tomai cuidado com os escribas pregadores..." (Marcos 12:38)
"Se a vossa virtude não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus." (Mateus 5:20)
"Vós, portanto, acautelai-vos, pois de tudo vos preveni." (Marcos 13:23)
(Nota: Num sentido bíblico, escribas e pregadores têm o mesmo significado, (Marcos 1:22, 2:6, e 2:16), uma vez que os escribas também exerciam o sacerdócio e eram pregadores)
Atentem! Tomem tento! Jesus está claramente alertando:
"Cuidado com os escribas pregadores, não se deixem enganar pelas palavras. Usem a inteligência. Pensem. Questionem. Quem souber ler, leia. Quem tiver ouvidos, ouça."
O "milagre" dos pães, por exemplo, é tão absurdo quanto controverso, e choca-se frontalmente quando Jesus foi instado a fazer milagre semelhante, diante da tentação do Diabo, no deserto. Posto que Ele mostrou-se incapaz de transformar pedra em pão, pois os milagres de Jesus não são para serem exibidos em público, não são para serem usados em proveito próprio. Não são para fazer Deus exibir Seu poder e Sua força. Portanto, os escribas erraram, e muito, em apresentar Jesus como um exibicionista público. Esse curandeiro exibicionista não é Jesus.
Não sabendo como lidar com determinados fatos, por falta de conhecimento da doutrina cristã que principiava nascer, e não sabendo dimensionar a importância do que Jesus fazia (achando que mágica e milagre são mais importantes que as lições de vida e os ensinamentos deixados por Jesus), os escribas confundem o fato de Jesus não querer fazer com não conseguir fazer. E assim é o caso relatado como não tendo conseguido fazer "milagres" de cura em sua própria terra, jogando a culpa nos "homens de pouca fé", alegando que ninguém faz milagre em sua própria terra.
A bem da verdade, por ignorância dos escribas, este é só mais um triste e pobre retrato, dentre tantos casos, de um messias curandeiro, arrogante e exibicionista, pintado pelos escribas que a igreja selecionou como o ideal para retratar a vida de Jesus. Vejamos mais alguns casos incompatíveis com Jesus:
— (Mateus 17:17) — Após curar um louco, Jesus vocifera — "Geração descrente e perversa, disse Jesus, até quando estarei convosco? Até quando vos hei de suportar?"
Será esse o Jesus humilde, manso, pregador da paz, da fraternidade, do amor, que por simples e humana intolerância diz claramente estar de saco cheio dos homens e da humanidade? É esse o retrato de Jesus que a igreja e os escribas querem passar? "Até quando vos hei de suportar?"
— (Marcos 2:1-12) — Jesus exibe-se curando um paralítico na frente de todos, "para que todos soubesse do poder do Filho do Homem" (Ele) e Ele fosse glorificado".
É esse o significado da "obra de Jesus" retratado pelos escribas? Um curandeiro vaidoso e exibicionista que realiza uma cura de um paralítico somente para dar uma demonstração de força e poder do "Filho do Homem"?
— (João 9:13) — Jesus cura um cego cuspindo na terra e fazendo uma pasta de lodo para colocar nos olhos do cego.
Curandeirismo? Se isso — cuspir na terra e fazer lama para colocar no olho do paciente — não é curandeirismo, então o significado de curandeirismo mudou muito.
Esse relato dos escribas saduceus/fariseus só interessa mesmo aos dirigentes vigaristas curandeiros do templo, os quais Jesus expulsou como vendilhões.
Que outra mensagem os escribas pretenderam passar com esse relato que não fosse o do curandeirismo, do qual eles eram devotos, praticantes e beneficiários?
— (Marcos 7:33-34) — Jesus cura um surdo-gago enfiando o dedo no ouvido do surdo e cuspindo na boca do gago.
Curandeirismo? Mais curandeirismo? É essa a mensagem que a Bíblia quer passar reiteradamente com o evangelho de Jesus?
— (Marcos 5:19-20) —Após curar um "endemoniado", Jesus recomenda que seja dado grande publicidade de seus milagres: "Vai para a tua casa, para junto dos teus, e conta-lhes tudo que o Senhor fez por ti”. Ele retirou-se e começou a apregoar na Decápole o que Jesus fizera por ele, e todos ficavam admirados.
Esse retrato de curandeiro exibicionista, muito mais do que um retrato imperfeito de Jesus, é todo o pretexto e mau exemplo que pregadores vigaristas e curandeiros, que exploram o povo "em nome de Jesus", precisam para saírem vendendo curas, remédios, amuletos e "objetos santos" ou de sorte. Pois, se o próprio Jesus está sendo apresentado na Bíblia pelos evangelistas como um curandeiro que exorciza, retira demônios em público e ainda se exibe com ampla publicidade do feito, nada mais natural que atualmente hordas de pregadores curandeiros ajam da mesma maneira, "em nome de Jesus", vendendo, pelas praças e pelas esquinas: curas, "milagres", amuletos e objetos tidos como sagrados para cura imediata de "fiéis".
Felizmente Jesus vê mais longe, é sábio o suficiente para saber que os escribas distorcerão suas palavras, curandeiros vigaristas irão sair pelo mundo prometendo e fazendo falsos milagres "em nome de Jesus", e que muita mentira será dita em seu nome. Daí, Jesus, por ser especial, diferente de tudo que existiu na Terra, deixou-nos um legado que simplesmente explica tudo.
Jesus alerta contra os pregadores, escribas e profetas.
— "Tomai cuidado com os pregadores escribas que gostam de se exibir de vestes sóbrias, de pregar e ser reconhecido nas praças e de ocupar os primeiros lugares no templo; eles devoram as casas dos pobres e das viúvas a pretexto de orações, listes receberão um castigo mais severo." (Marcos 12:38-40)
— "Muitos Me dirão: Senhor, Senhor, não foi em Teu nome que profetizamos? Em Teu nome que expulsamos os demônios? Em teu nome que fizemos muitos milagres? E então dir-lhes-ei: "Nunca vos conheci, afastai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade." (Mateus 7:22-23)
— "Surgirão muitos falando em meu nome. E seduzirão muitos". (Marcos 13:6)
— "Acautelai-vos para que ninguém vos iluda". (Marcos 13:5)
— "Acautelai-vos dos falsos pregadores e falsos profetas que se vos apresentam disfarçados de ovelhas, mas que por dentro são lobos vorazes." (Mateus 7:15)
— "... pois surgirão falsos pregadores e falsos profetas que farão sinais e prodígios a fim de enganarem."(Marcos 13:22) "Se a vossa virtude não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus." (Mateus 5:20)
— "Vós, portanto, acautelai-vos, pois de tudo vos preveni." (Marcos 13:23)
Simplesmente perfeito. Profético. Irretocável.
Filho, a maldade que foi feita com Jesus, pelos escribas, após a sua "morte", assemelha-se com toda a maldade que os saduceus e fariseus fizeram com Ele em vida, levando-O à crucificação. Se em certos momentos não for pior.
Veja, por exemplo, que existiam dois grandes homens, pertencentes à Sociedade Secreta dos Essênios, que (inclusive nasceram com diferença de seis meses entre um e outro) vieram para mudar o mundo, e que eram muito amigos e quase irmãos: Jesus e João Batista. Inclusive, havia uma grande dúvida, na época, até mesmo dentro da Sociedade Secreta dos Essênios, se o messias era Jesus ou se o messias era João Batista.
E, no entanto, o que fizeram os escribas saduceus e fariseus para se vingar, ao mesmo tempo, desses dois amigos, quase irmãos, para toda a posteridade? Simplesmente jogam um contra o outro e apresentam um Jesus pequeno, vaidoso, mesquinho, preocupado com a rivalidade mesquinha e pequena com João Batista. Veja:
— (Marcos 7:22-23) — "(Jesus) Tomando a palavra disse aos enviados: ‘lde contar a João o que vistes e ouvistes: Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, a boa nova é anunciada dos pobres, e feliz de quem não tiver em Mim ocasião de queda’".
É esse o messias-curandeiro cuja "grande obra" são somente curas? É esse o messias esperado, pintado pelos escribas como um curandeiro? É esse o messias que em Sua enorme
vaidade disputa e rivaliza com João Batista a preferência em ser o primeiro ou "o maior"? É uma maldade terrível dos escribas atribuírem tamanha pequenez e vaidade a Jesus.
Mas, as vinganças contra João Batista e contra Jesus não param por aí. Vejamos (Marcos 11:12). Jesus procura uma figueira para comer uns figos e não acha os frutos. Irritado com a falta de frutos na árvore Ele amaldiçoa a figueira. No dia seguinte — (Marcos 11:20) — a figueira secou e morreu.
É esse o "Jesus superstar", irritadiço, temperamental e vaidoso messias que o mundo tanto esperou? Um sujeito que fica irritadinho porque a árvore não tem frutos para alimentá-lo e com isso amaldiçoa-a secando-lhe até a morte?
Que exemplo de vida é esse? Esse não é Jesus... Essa é mais uma lasca de pedra a ser retirada do bloco, pois esse não é Jesus.
(João 2:18:20) — Exibindo-se para os religiosos que o questionavam por haver expulso os vendilhões do templo, Jesus garante que se quiser poderá destruir o templo dos judeus e que mesmo sem ajuda poderá reerguer, sozinho, em apenas três dias, o templo que levou 46 anos para ser construído.
É esse fanfarrão e exibido o messias que esperavam? Que destrói e constrói quando quiser? É essa a imagem que esperam poder passar?
É esse o messias que sai por aí fanfarronando e dizendo que é o tal, é o maior, e que se quiser destrói e constrói quando quiser, como fez com a pobre figueira...???
Esse não é o Jesus dos sonhos de ninguém!
Esse é um retrato mal acabado de um messias pintado pelos escribas saduceus e fariseus, que por não ser o messias que eles esperavam, vingativamente, pelos escritos que deixaram, agora querem enterrá-Lo, mesmo depois de "morto" e "ressuscitado".
Mas, o mais lamentável nesta história toda de textos irreais e inadmissíveis é que embora um grupo de religiosos cristãos, ao invés de enxergar fatos como estes como sendo erro dos escribas, prefere inventar e criar interpretações mirabolantes e fantasiosas, levando o sentido do texto para longe, muito longe, do sentido do que realmente está escrito.
Este segmento de igreja, por falta de coragem em apontar os erros dos escribas saduceus e fariseus, e incapaz de reconhecer seus próprios erros na montagem da "salada de frutas" das folhas soltas que viriam a compor os evangelhos, prefere inventar interpretações fantasiosas e mirabolantes através de exegetas (pessoas que fazem exegese = interpretação de palavras ou textos) para montar explicações sobre o inexplicável. Ou seja, ao invés de reconhecerem o erro dos saduceus, fariseus e da própria igreja, no que está escrito, como está escrito, a igreja inventa e cria uma história tão fantasiosa que às vezes até acaba dizendo coisa muito pior do que o que está escrito, quando não troca seis por meia dúzia e diz a mesma coisa com uma interpretação diferente. São os exegetas de bicicleta."
— "Exegeta de bicicleta? O que é isso, pai?"
— "O exegeta de bicicleta é aquele que interpreta qualquer texto, não importando o que esteja escrito, levando o sentido das palavras sempre para o mesmo local ou conclusão, no interesse do que ele quer como resultado.
Por exemplo, se alguém diz: "Deus mata as pessoas".
Qualquer pessoa interpreta que Deus mata as pessoas. Pura e simplesmente. Mas se for colocado na Bíblia a mesma expressão: "Deus mata as pessoas", o exegeta de bicicleta dirá que a frase é igual bicicleta, mas só que completamente diferente. Ou seja, é isso que está escrito, mas não é isso que se quer dizer. Que nem bicicleta, só que completamente diferente.
Para o exegeta de bicicleta, tudo que ele não sabe explicar fica sendo igual a bicicleta, só que completamente diferente. Por exemplo: Um carro é que nem bicicleta (tem roda, direção, se movimenta, mas...), só que completamente diferente. Ou seja, interpreta, explica, mas não quer dizer absolutamente nada.
Pergunte ao exegeta de bicicleta sobre o que é o amor. Ele dirá que o amor é que nem bicicleta (dá prazer, mas...), só que completamente diferente.
Pergunte ao exegeta de bicicleta sobre o que é o ódio. Ele dirá que o ódio é que nem bicicleta (às vezes machuca, mas...), só que completamente diferente.
Pois é, religiosos "exegetas de bicicleta" criaram uma "versão" fantasiosa e mirabolante para este caso da destruição do templo e reconstrução em três dias, dizendo que o que Jesus quis dizer é que Ele, Jesus, se quisesse, poderia destruir o templo dos judeus (não fisicamente, mas pela comoção pela sua morte), e que com a sua ressurreição, após três dias, ele reconstruiria o templo (ou construiria outro).
Pura exegese de bicicleta. É que nem bicicleta (a gente desmonta e monta, mas...), só que completamente diferente.
Primeiro: Em que, isso muda a história? Jesus continua sendo apresentado como o mesmo arrogante e prepotente, conforme descrito no versículo, dizendo que é o tal, o poderoso, que destrói e constrói quando quiser. (Isso não muda nada a história).
Segundo: Jesus colocava as suas pregações de duas maneiras bem distintas: 1) Quando Ele queria que as pessoas pensassem sobre o que Ele estava falando, ele falava por parábolas para que as pessoas pensassem, raciocinassem, interpretassem, e chegassem a uma conclusão. 2) Quando Jesus não queria que distorcessem o que Ele estava dizendo, Jesus falava diretamente, (para evitar os exegetas de bicicleta) como é o caso das bem-aventuranças; amai-vos uns aos outros; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará; buscai primeiramente o reino de Deus e sua justiça e todas as coisas materiais vos serão acrescentadas; sereis medidos com a medida que empregardes para medir, etc. E, no caso da citação do templo e dos três dias, mesmo que fosse parábola, ainda assim, a explicação é tão ruim quanto a citação do texto original.
É mais fácil, simples e honesto, reconhecer que os versículos do caso são obra da "criatividade" dos escribas saduceus e fariseus, e da "refundição" dos textos pela igreja que não foi bem isso que Jesus disse, do que tentar inventar uma história de exegese de bicicleta para melhorar a infelicidade que foi colocada como um texto evangélico de Jesus.
Mas, continuemos com os exemplos... — (João 10:9) "Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim salvar-se-á."
Mesmo interpretando-se o texto como sendo um indicativo de que Jesus é o caminho, a verdade e a vida, aqui Jesus aparece como um messias auto-proclamado. Ou seja, um messias vaidoso proclamado por Ele mesmo (e não por terceiros) como a salvação do mundo. "Eu sou. Eu posso. Eu faço... Eu, eu, eu... irritante "Eu". Essa falta de humildade não é de Jesus.
— (João 10:11) "Eu sou o bom pastor"
Aqui, novamente, Jesus aparece como um messias auto-proclamado, tipo: "Eu... Eu... Eu... Eu sou o bom. Eu sou o máximo. Eu sou o bom pastor. Eu, eu, eu... irritante Eu".
Essa falta de humildade não é de Jesus.
— (João 10:18) "Ninguém me tira a vida. Sou eu que a dou a Mim mesmo". Tenho o poder para dá-la e tornar a tomá-la."
Eu, eu, eu... irritante "Eu". E Deus? Onde Deus fica nisso?
Deus é mero coadjuvante? Isso é um absurdo total e completo. Como Jesus poderia ter dito isso dessa forma arrogante, presunçoso, pretensioso? Justo Ele que sabia de Sua sina e que até havia prevenido os discípulos em relação ao cálice amargo (sacrifício e morte) que Ele iria ter que tomar, segundo os planos de Deus. É inconcebível esta descrição feita pelos escribas, da arrogância de Jesus, supondo-se Ele como o todo poderoso. Jesus, jamais falaria isso.
Inclusive, este texto choca-se total e violentamente com a Sua confissão aos discípulos de que Ele nada podia fazer por Ele mesmo, conforme (João 5:30) "Eu nada posso Jazer por mim mesmo".
Resta a você, filho, retirar do bloco de pedra tudo que não é escultura, retirar dos textos evangélicos tudo que não for de Jesus, pois como ele mesmo ensinou: "Se a vossa virtude não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus." (Mateus 5:20). Ou seja, não seja refém dos escribas.
Não adianta nada ler o texto do evangelho, se você não puder perceber com o coração o que Jesus realmente disse e fez, e o que os escribas escreveram distorcendo a Sua vida, sua obra e suas palavras."
— "Mas pai, Jesus não poderia estar dizendo uma coisa querendo dizer outra?"
— "De maneira alguma. Jesus sabia exatamente o valor de cada palavra. Tanto que quando Ele dizia uma frase ou um pensamento, Ele sabia exatamente o sentido e o significado de cada palavra e do que Ele estava dizendo. Jesus era essênio, sabia a força e o poder das palavras e as usava como um mantra, como uma reza, como uma oração. As palavras eram para ser entendidas exatamente como Ele as havia dito, sem interpretações mirabolantes e fantasiosas. Pois quando Ele queria que o que Ele estivesse dizendo fosse fruto de reflexão, de meditação, de interpretação Ele falava por parábolas. (E por isso ele deixou um número enorme de parábolas para serem interpretadas, meditadas, refletidas).
A frase: "Ninguém me tira a vida. Sou eu que a dou a Mim mesmo" não tem nada de parábola, é uma frase, somente uma frase, medíocre, ufanista, arrogante, prepotente. E que jamais teria sido dita por Jesus que sabia da Sua morte e da Sua submissão a Deus. Quer dizer, uma frase como esta jamais seria dita pelo Jesus que nós conhecemos.
Bom, mas voltemos aos exemplos das barbaridades bíblicas dos textos dos escribas saduceus e fariseus:
— (João 15:5) "... porque sem mim nada podeis fazer."
Aqui, Jesus é retratado como um arrogante e fundamentalista. Sempre focado no próprio umbigo do Eu, eu, eu... irritante "Eu".
— (João 8:12) "... já não vos chamo servos."
Quer dizer que já não chama mais os discípulos de servos, mas antes chamava? Só interessava ter discípulos se fossem servos? De maneira alguma isso é verdade. Jesus era um humilde sábio essênio, chamava os discípulos de discípulos e os discípulos chamavam-no de rabi (mestre). Jamais um humilde-humanitário como Jesus pregaria a escravidão, a servidão.
— (João 15:6) "Se alguém não estiver em Mim, será lançado fora como uma vara e secará; lança-lo-ão ao fogo e arderá."
Aqui dá para perceber, claramente, o terrorismo e fundamentalismo que nortearam a maior parte do Antigo Testamento escrito pelos escribas saduceus e fariseus. Aqui está, por inteiro, a caligrafia dos saduceus e dos fariseus.
Algo do tipo: "Eu faço e aconteço, e quem não estiver comigo vai arder no inferno". Terrorismo puro.
— (João 15:14) "Vós sereis Meus amigos se fizerdes o que eu vos mando."
O mínimo que se pode dizer desta infeliz frase medíocre dos escribas saduceus, atribuída a Jesus, é que trata-se de uma chantagem. Pretendem apresentar Jesus como um chantagista? Querem os escribas que ele condicione a amizade à obediência?
— (João 8:12) "Eu sou a luz do mundo"
Eu, eu, eu... irritante "Eu". Vejam a mediocridade dos escribas saduceus. Aqui pretendem apresentar Jesus como um presunçoso, arrogante. Mas, no entanto, em outra passagem colocam a coisa da maneira correta. Ou seja, ao dizer que: "Vós sois a luz do mundo... vós sois o sal da terra..." (Esse sim, é Jesus. Esse é o Jesus que humildemente reconhece o valor do ser humano e que vê além do próprio umbigo, não o que se acha o máximo, o tal, o poderoso, e que se titula como a luz do mundo e o sal da terra).
Portanto, é preciso ter discernimento, a mente bastante livre e aberta, para separar a lasca de pedra da estátua. Separar o texto que é de Jesus do texto saduceu, fariseu ou "refundido" pela igreja imperial do segundo e terceiro séculos.
Ao se ler o Novo Testamento tem-se que ter o cuidado permanente, permanente, permanente, de que TODOS os textos foram escritos em folhas soltas, e por isso mesmo, muitas outras folhas soltas foram acrescentadas por escribas saduceus e fariseus, misturadas e incorporadas às dos verdadeiros evangelistas e depois "refundidos" pela igreja.
Portanto, as autorias dos textos pelos quatro evangelistas são presumidas e não necessariamente verdadeiras, geradas pela co-autoria, pela pasteurização e uniformização dos textos pela igreja.
— (João 14:6) "Ninguém vai ao Pai senão por mim"
Arrogante, presunçoso e fundamentalista. Nada é mais arrogante, presunçoso e fundamentalista do que esta frase. Pois encerra como ensinamento que na humanidade inteira, antes de Jesus, ninguém ia a Deus e depois de Jesus somente quem fosse cristão iria a Deus. (Esta frase é de uma imbecilidade fundamentalista a toda prova)Jesus, por ser um humilde pacifista humanitário, um manso ao extremo, pertencente à Sociedade Secreta dos Essênios (o que irritava profundamente aos saduceus e aos fariseus), e sendo Ele um profundo conhecedor das escrituras, um rabi, um mestre, jamais seria portador de tamanha arrogância e vaidade pintada pelos escribas saduceus e fariseus.
Exatamente porque Jesus era essênio e conhecia muito bem as escrituras e os ensinamentos essênios, jamais se enredaria na arrogância e na vaidade, pois um dos primeiros ensinamentos dos essênios era a humildade. E o contrário da humildade, é a vaidade, que está claramente condenada no ensinamento essênio, retratada inclusive em Eclesiastes, ao qual Jesus jamais desobedeceria.
(Eclesiates 1:2 "Vaidade das vaidades, dizia o pregador, vaidade das vaidades, tudo é vaidade" ("Vanitas vanitatum, eclesiastes dixit, vanitas vanitam, omnia vanitas")
Para melhor compreender a luta surda que existia entre os diversos grupos de hebreus (saduceus, fariseus, essênios, zelotes), simplificadamente chamados de judeus, vejamos algumas das principais características de cada grupo:
— Saduceus — Eram a elite religiosa, sacerdotal e aristocrática de Jerusalém. Dominavam tudo. Eram ricos, em geral sabiam ler e escrever (o que era raro na época); tinham o poder, juntamente com os romanos, que dominavam os povos daquela região. Eram conservadores. Só admitiam o Pentateuco (os cinco livros de Moisés), não aceitavam nem mesmos os outros livros de sabedoria, salmos e ensinamentos. Não aceitavam a ressurreição. Não acreditavam em vida após a morte. Não acreditavam na imortalidade da alma. Só existia um Deus: o Deus tribal de Israel. Os saduceus foram os responsáveis diretos pela crucificação de Jesus.
— Fariseus — Fariseu quer dizer "o que está separado". Eram parecidos com os saduceus, também pertenciam a uma elite (mas não tão importante ou com tanto poder quanto os saduceus). Eram extremamente racistas e radicais. Não aceitavam os Gentios (os não judeus). Diferenciavam-se dos saduceus por acreditarem na ressurreição (No caso a ressurreição final, só no fim dos tempos).
— Essênios — Sociedade secreta a que Jesus e João Batista pertenciam. Os essênios eram parcialmente vegetarianos (Não comiam carne "vermelha", mas comiam peixe e gafanhotos). Viviam separados dos demais judeus. Eram doutos e sábios. Tinham sólidos conhecimentos religiosos e doutrinários. Eram essencialmente espiritualistas, acreditavam na imortalidade da alma, na ressurreição, na reencarnação e na vida eterna. Pregavam o batismo como o renascimento para uma nova vida ainda nesta vida terrena. Adotavam a liturgia da ceia de pão e vinho como a celebração de irmandade e união. A direção da seita era composta por 12 "homens da santidade". Eram adeptos da humildade como norma de vida. Pregavam a não-violência. Praticavam a imposição de mãos. Faziam curas gratuitas aos doentes através da emanação de energia corporal. Eram odiados por saduceus, fariseus e zelotes. Os essênios adoravam mais a Jesus e a João Batista do que a Moisés. E por isso eram odiados pelos demais judeus, e por este motivo, principalmente os essênios, foram dizimados pelos outros grupos de judeus na diáspora de 70.
— Zelotes — Grupo radical, ultranacionalista. Odiavam os romanos dominadores. Promoviam protestos e constantes rebeliões, embora quase nunca tivessem muito sucesso nestes atos de insubordinação, pois os zelotes eram minoria, um grupo, embora barulhento, era muito pequeno. Os zelotes achavam que Jesus era um pacifista traidor, que não tinha coragem de enfrentar Roma. (Jesus bar Abas - Jesus filho de Abas — mais conhecido como Barrabás, foi o zelote mais conhecido, citado pelos textos bíblicos) — Gentios — Os não-judeus.
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Atualizado em 22/07/2011
Um comentário:
Um exemplo da ignorância daqueles que seguem as mentiras do livro da morte e da destruição chamado bíblia é o completo desconhecimento de que uma das mais repulsivas práticas ocultas dos bárbaros Gregos pagãos da época, era o assassinato de crianças e jovens virgens em cerimônias secretas. O sangue desses “cordeiros” sacrificados eram recolhidos em grandes potes “sagrados” de argila. Este sangue posteriormente era esfregado sobre os corpos dos participantes desse ritual imundo. Aquele que recebia as marcas ensangüentadas desta abjeta e hedionda “unção” em seu rosto e pele era chamado de “O UNGIDO”, ou seja, “CHRISTUS” em Grego, traduzido para Cristo em português. A maioria desses sacrifícios e oferendas votivas consistiam de tributos humanos que eram oferecidos a alguns “deuses” sedentos por sangue e que exigiam sacrifícios. Somente muito tempo depois é que esses assassinatos humanos foram lentamente sendo substituídos por óleos e unções aromáticos. Ao invés de seres humanos, as pessoas cada vez mais utilizavam animais, frutas, e vegetais.
Tanto o hinduísmo, o islamismo, o judaísmo, o budismo, o cristianismo, o esoterismo, o ocultismo, o sectarismo, as religiões enfim, dividem as pessoas, LIBERTEM-SE destas MENTIRAS E ILUSÕES!!!
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